Beyond Good & Evil é um jogo da Ubisoft feito para um putilhão de plataformas da geração passada, que também atende pelo nome de quinta. Eu sempre ouvi falar dele, de como ele era bom apesar de ter vendido pouco e então resolvi dar uma cubada nele... entenderam... cubada... GameCube... ah, deixa.

Aqui conhecemos a história da jovem Jade, uma fotógrafa que vive em um planeta bizarro onde praticamente todos os animais evoluíram da mesma forma que os seres humanos, ou algo do tipo. O planeta vive sofrendo ataque de uma raça alienígena mui esquisita que o povo chama de Domz, mas para salvar a pátria tem uma tropa militar de nome Alpha que protege a galera e serve como governo também. Jade vive em orfanato ao lado de seu "tio" Pey’J, um Porco Sapiens e várias crianças órfãs vítimas da guerra contra os Domz, assim como ela própria. Como essa molecada precisa comer, Jade faz uns bicos como fotógrafa freelancer nos jornais locais. Pra completar, existe um grupo rebelde na cidade que por algum motivo é contra os Alpha. É nesse clima todo de alienígenas, militares e rebeldes que a trama se desenrola, e apesar de simples e sem grandes reviravoltas, é bem agradável e suficiente pra prender a atenção e fazer com que você queira avançar para saber o que vai acontecer em seguida.

Normalmente a galera fala que é um jogo de ação, mas esqueça as pancadarias e tiroteios, o lance aqui é mais ficar resolvendo alguns quebra-cabeças e fazer altas espionagens, no melhor estilo Metal Gear. Aliás, assim como na série de Solid Snake, aqui também é muito melhor ir escondido pelos lugares do que sair no braço... quer dizer no bastão, que é a arma que Jade carrega. Eu diria que a jogabilidade de BGE é uma versão simplificada do jogo da Konami. Apesar disso, não conte com muitos itens para colecionar, a verdade é que eles são poucos e o lance é ficar fritando pra descobrir como passar pelos guardas mesmo, mas se morrer não se desespere, você sempre volta no começo da último pedaço da fase e pode tentar quantas vezes quiser, isso faz com que o jogo não seja muito difícil.

Um outro ponto muito bacana é como eles exploraram o uso da câmera, sendo utilizada para fotografar evidências nas suas investigações jornalísticas ou então catalogar animais raros para uma cientista, coisa que além de ser bem viciante de ficar procurando é o que rende uma grana extra, e não vai ser difícil você saindo do rumo só pra procurar um bicho raro marcado no mapa. Como se não bastasse, ela também serve como mira pra um dos itens do jogo que é um lançador de pequenos projéteis em forma de disco.

Em BGE para andar de um lugar para outro você tem dois veículos, um hovercraft no começo e mais tarde com uma nave espacial que eu esqueci o nome e tô com preguiça de olhar. Além do fato de dirigir eles ser suficientemente divertido, sendo possível até mesmo disputar corridas no caso do hovercraft, os dois contam com a sua própria barra de energia e armas, chegando ao ponto de rolar alguns combates épicos.

O som é uma das coisas mais fodas do jogo, principalmente por causa das músicas. Ao invés de ir lá e fazer umas musiquinhas genéricas só pra fechar com o lugar, os caras colocaram músicas que parecem ter saído de uma rádio qualquer por aí e nos estilos mais variados possíveis, sendo que tiveram a manha de fazer uma música com "a cara" de cada lugar. Algumas são tão bacanas, que eu passei a usar uma no celular como despertador sem incomodar a casa inteira.

A arte também é ótima, com um estilo mais cartunesco do que real e mesmo assim muito bonito. Eu não vi ainda a versão HD que saiu recentemente, mas sinceramente é algo que não vejo a necessidade que alardeavam que o jogo merecia, os gráficos bem simples combinaram muito com o estilo. Há vários efeitos de iluminação de cair o queixo em diversas partes, mas infelizmente mesmo o GameCube sendo um console parrudo pra kct, sempre que rolam esses efeitos um slowdown costuma acompanhar o momento, não é nada gritante, mas incomoda um pouco. Outra coisa legal é que ao invés de entupirem a parada com cenas intermináveis que você acaba dormindo e babando no sofá esperando a hora de jogar, preferiram a interação entre os personagens mesmo com o jogo rolando, incluindo uma cena de perseguição que quem está vendo de fora jura que é uma seqüencia gravada do jogo, quando na verdade é você jogando, tudo graças a uma jogada de câmeras muito inteligente.

No final das contas apesar de ser um jogo excelente, eu acho que BGE é um pouco hypado demais e apesar de ótimo não chega a ser insubstituível. Os próprios produtores já disseram que foram muito limitados pelo hardware da época e que tinham em mente algo bem maior, como por exemplo, ao invés de ir de cidade em cidade com um hovercraft você iria de planeta em planeta com a nave, mas no final fizeram um trabalho muito competente, e mesmo com baixas vendas acabou caindo nas graças da galera depois. É um jogo que vale a pena, seja a versão antiga ou o relançamento em HD para os novos consoles, e que merece uma continuação a altura, para quem sabe se tornar um épico que os produtores um dia sonharam em produzir.

Então o que estão esperando? Peguem suas manetes sua máquina fotográfica e Vão Jogar!

* Revisado em 12/06/2017 às 18:47:26