Capítulo "avançado" da série Call of Duty traz até Frank Underwood para a guerra.
Talvez os games de tiro em primeira pessoa, ou FPS, sejam hoje os jogos mais populares entre os jogadores. Nos anos 1990 as revistas costumavam chamar o gênero de "jogo de corredor", justamente por sua arquitetura claustrofóbica, sempre ambientado em locais apertados e perigosos quando inimigos são encontrados. Gênero antes caracterizado como "jogo de PC", com a combinação infalível e agradável mouse + teclado, imortalizou-se com títulos como Doom, Quake e Duke Nukem. Mas chegou o dia em que Goldeneye 007 aportou no Nintendo 64 e os games de tiro acabaram "ficando" nos consoles. Claro que haviam jogos de tiro para os aparelhos anteriores ao console de 64 bits da Nintendo, como Final Doom para Super Nintendo, mas o jogo do agente secreto com licença para matar levou o gênero para consoles à outro nível.
Medalha de Honra
No primeiro Playstation surgiu uma série que trouxe a ambientação de guerras "reais" para os shooters. Em meio à Segunda Guerra Mundial, com a chancela de ninguém menos do que Steven Spielberg, nome famoso no cinema, Medal of Honor tinha linguagem cinematográfica e ação sem igual. E isso influenciou o surgimento de outras séries baseadas em guerras reais e o principal nome foi Call of Duty, que pegava emprestado tudo o que a Medal of Honor tinha de bom e acrescentou maior dinamismo. E a série cresceu ao ponto de superar a primeira. Anos depois veio a sub-série Modern Warfare, sucesso absoluto que ajudou Medal of Honor a perder seu brilho e cair no esquecimento. Depois de vários jogos, eis que Call of Duty sai da guerra moderna e chega à guerra avançada.
Brincando de pula-pula
Durante anos a fio, Call of Duty manteve sua fórmula básica de "Estados Unidos salvadores do mundo", e neste capítulo isso se repete, mas traz também um equipamento novo que muda significativamente a jogabilidade: o exoesqueleto. Esse apetrecho permite ao jogador maior mobilidade no campo de batalha, pois ele pode se mover mais rápido, além de poder dar saltos de 5 metros de altura, além de saltos duplos, estilo os bons jogos de aventura. Claro que isso é feito com impulsos, tipo "foguetes", mas permite também aos bonecos diminuírem a velocidade em uma queda de um prédio, por exemplo, pousando suavemente. Confesso que imaginava que o jogo seria infestado de soldados pulando para todos os lados, mas pelo menos no modo história isso não acontece e quando isso ocorre é muito bem explicado. Outra habilidade do exoesqueleto é a de poder escalar paredes e objetos metálicos por meio de magnetismo.
Você sobe igual ao Homem-Aranha, além de poder se pendurar em veículos em alta velocidade. Muito legal isso.
Mas se isso é o futuro... como são as armas?
O jogo se passa em 2055, com um avanço de tempo nesse período e, como tal, traz consigo sua visão de futuro. Nesse futuro os principais governos do mundo entregaram sua segurança para empresas privadas que, com seus exércitos particulares, têm muita força bélica e política. Nessa toada, temos a Atlas Corporation, que age como os Mariners, em ações que seriam próprias do exército, ou Marinha.
O jogo inicia com uma ação de soldados americanos na Coréia do Norte, com destaque para os soldados Mitchell, controlado por nós, e Will Irons, seu amigo. Depois que algo acontece e transforma profundamente a vida de Mitchell, nosso personagem, este é impedido de continuar sendo um soldado, mas eis que surge o presidente da Atlas, Jonathan Irons, que também é pai de Will Irons, e oferece uma segunda chance para o nosso boneco. Com isso, Mitchell passa a fazer parte do exército da Atlas e é incrível como isso é legal.
Nesse momento somos apresentados ao inimigo, a organização KVA, um grupo terrorista, uma versão ultra-tecnológica do Estado Islâmico e afins. É aquela velha necessidade de termos alguém em quem atirar. Falando nisso, os soldados americanos têm um arsenal incrível e futurista à disposição, mas é a serviço da Atlas que temos contato com bugigangas bem hi-tech, a começar pelas granadas, que não são de um único tipo (explosiva, gás, flash bang), mas sim, alternadas de acordo com a necessidade. Cada granada tem um botão e um pequeno display que, com um apertar de botão, alterna entre os variados tipos, com destaque para a Intel, inteligente mesmo, que têm propulsão e buscam os inimigos como um míssil teleguiado e ajudam muito durante um embate mais furioso. Outra granada marca os adversários e os localiza até mesmo atrás de paredes, como uma visão térmica, para atacarmos através das já citadas paredes. Já as armas padrão têm mudanças tecnológicas como baterias e miras especiais. Armas laser eu vi só uma, mas todas elas se comportam como qualquer armamento já conhecido da série. E em determinados momentos também utilizamos armaduras estilo mechas.
Além das armas, granadas e exoesqueleto, ainda podemos controlar drones, que conferem momentos muito interessantes durante a jogatina.
House of Cards
Apesar da adição de armas e ambientação futurista, o que merece destaque no jogo é o personagem JonathanIrons, interpretado pelo ator Kevin Spacey, de filmes como Seven - Os sete crimes Capitais (meu filme favorito ever), Beleza Americana (meu segundo filme favorito ever) e da série House of Cards (atualmente minha série favorita. Hum, estou vendo um padrão...). Aliás, na série House of Cards, Spacey interpreta Frank Underwood, um político capaz de tudo para concluir seus objetivos e, em Advanced Warfare, ele empresta um pouco de Underwood para Irons. Destaque também para a captura de movimentos que conferem ao presidente da AtlasCorporation toda a veracidade e sutileza de Kevin Spacey. Outro destaque do título é que o jogo está dublado em português e tem a voz de Júlio Chaves, o dublador do ator em House of Cards.
A empresa de Irons não atua somente como uma força paramilitar, mas também na área de saúde, criando vacinas para doenças, no combate à fome e, inclusive, reconstrução de cidades, como a Nova Bagdá, versão futurista e muito bonita da cidade iraquiana. E por falar em saúde, a empresa também cria pernas e braços mecânicos que funcionam de maneira muito interessante e têm um destaque importante durante o jogo. Outro destaque vai para o treinamento em realidade virtual, bem ao estilo sala de perigo do X-Men. Com tudo isso, a Atlas é a empresa mais poderosa do planeta, o que influencia, e muito, no decorrer da história.
Vale dizer que, como fã dos filmes do ator, até mesmo o sofrível Superman Returns, quando interpretou o vilão Lex Luthor, eu fiquei muito interessado em ver como ficou sua atuação no game e o resultado é, no mínimo, ótimo.
Mas e o jogo? Como é?
Bem, é um jogo de tiro em primeira pessoa. É um jogo da franquia Call of Duty. Bem, se você já jogou qualquer jogo pós Call of Duty 4, já sabe bem como é, pois a série pouco mudou desde então no quesito jogabilidade e habilidades do personagem. Tem cenas cinematográficas e explosivas? Tem. Os Estados Unidos salvam o mundo? Sim. O jogo continua no esquema "saia do ponto A e vá ao ponto B atirando em tudo em seu caminho"? Sim. Você tem um parceiro que funciona como guia nas fases caso você se perca e não saiba para onde ir? Sim. Continua o velho esquema de, se você levar uma saraivada de tiros, é só se esconder, esperar e sua energia volta ao normal? É claro que sim! Mas o jogo apresenta tudo de um modo melhor explorado, vigoroso e agradável e, mesmo que tenha mudado muito pouco, ainda é bom de ser jogado, principalmente se você pulou os últimos jogos lançados da franquia. Ah, lembrei! A parte final do game continua com os famigerados Quick Time Events, ou QTEs.
"Puxa, João Roberto! Eu sou seu parceiro e você nem sequer falou de mim?" E a parte gráfica também está muito bem feita, até mesmo no Xbox 360, a versão que eu joguei. Tudo é bem detalhado e as cenas de corte têm um cuidado primoroso, marca da série. Além disso, a cada fase que passa, você destrava vídeos e faixas de áudio, todas com o personagem de Kevin Spacey, que não aparecem durante a campanha principal, o que enriquece a história com maiores detalhes. O último vídeo é o melhor de todos.
O game traz uma história interessante, um ótimo personagem, JonathanIrons, que sozinho justifica a compra do jogo, um vilão carismático e uma reviravolta característica da franquia. Ou seja, ainda é um Call of Duty, mas muito bom!
E o que você achou, João Roberto?
Bem, é um FPS, que hoje é o gênero que eu mais gosto, e Call of Duty está entre meus favoritos, ao lado das séries Battlefield e Halo, e eu gostei demais, ao ponto de recomeçar a jogá-lo. Pena que eu não jogo o multiplayer online, principalmente por problemas de conexão, então joguei muito pouco e não posso dizer mais sobre isso, mas com certeza é um bom título e vale muito a pena ser jogado, principalmente se você gosta de jogos de tiro.
Portanto, mesmo que você não tenha um exoesqueleto ou granadas inteligentes, ligue seu console, pegue seu Advanced Warfare e Vão Jogar!
Advanced Warfare pega tudo o que já havia na série e entrega a ação de sempre, mas a adição dos exoesqueletos dá novo dinamismo aos combates, além de situações nunca vistas na série. Some a isso a ótima atuação de Kevin Spacey, o que já garante a jogatina. Avaliado noXbox 360 (entenda o nosso sistema de notas)
Tá louco, não sabia que o Diego Hipólito tinha entrado nessas de Call of Duty, e ainda por cima pra fazer le parkour por aí!
Por que será que eu tô convencido de que muito ocidental casual só conhece Call of Duty, PES e Angry Birds?
Sobre House of Cards... Não sabia que tinham feito game sobre os bastidores da política brasileira. Que louco, véio!...
Só pra não dizer que eu só fiquei no off-topic, eu trucidei muito cruz-credo saído do Tártaro (o equivalente ao inferno na mitologia grega) jogando Doom na minha adolescência.
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