A humanidade se distanciando cada vez mais do mar e se aproximando perigosamente do sol.
Todo mundo já deve ter visto aquelas pesquisas de próteses de alta tecnologia, que se movimentam através da contração dos músculos ou até mesmo das ondas cerebrais da pessoa, certo? Bom, se não viram ainda, deem uma olhada:
Foda, não é mesmo? Nem preciso dizer o quanto isso é bacana para que pessoas que não tem algum dos membros possam ter uma vida mais independente. Ok, ok, "o que isso tem a ver com jogos?" é a pergunta que você está me fazendo no momento. Calma, já chegamos lá.
Imagine que em um futuro bem próximo, ano de 2027 para ser mais exato, essa tecnologia avançou absurdamente e agora essas próteses reproduzem de forma perfeita o movimento humano e são literalmente implantadas em seus corpos. E mais, não estamos falando apenas de substituição de membros, mas de uma infinidade de outras melhorias de habilidades físicas, sociais e mentais de um ser humano. Pois é, essa é a base do mundo de Deus Ex: Human Revolution.
Mas nem tudo são flores. A tecnologia não é barata, o que faz com que somente os mais abastados tenham fácil acesso a ela, e a rejeição aos implantes obriga as pessoas a serem dependentes de uma droga específica. Então mesmo aqueles que conseguem tais melhorias através de meios "alternativos", tem grandes dificuldades em se manter nesse estado. Além do mais, as grandes corporações que desenvolvem tal tecnologia, não estão interessadas somente em ajudar pessoas, muitos implantes são desenvolvidos exclusivamente para fins militares. Por fim, existe uma grande discussão na sociedade a respeito dos limites do que é ser um ser humano e até onde as pessoas podem, ou melhor, devem modificar os seus corpos.
Em meio a todo esse caos entramos no papel de Adam Jensen, um ex-policial, hoje chefe de segurança de uma das grandes corporações de biotecnologia, a Sarif Industries, na cidade de Detroit. Logo no começo a sede da empresa é atacada por um grupo de mercenários e Adam é gravemente ferido, recebendo assim muitos, eu disse MUITOS implantes para que sobreviva. Sim, é total Robocop mesmo, mas sem a parte da perda de memória e etc.
Para quem não conhece a série, Deus Ex é um RPG criado nos anos 2000 para PC pela Ion Storm e distribuído pela Eidos. Human Revolution é o terceiro jogo da série e um prelúdio do original, desenvolvido pela Eidos Montreal, hoje pertencente a SquareEnix.
A jogabilidade é um misto de RPG com jogo de tiro em primeira pessoa simplificado, incluindo muitos elementos de stealth. Aliás, é impossível não associar este jogo a Metal Gear Solid, muitas mecânicas tem forte inspiração na série criada por Kojima, mas executadas a sua própria maneira. Não é por menos que muitos dizem que ele é o "Metal Gear ocidental". Os controles são até um pouco estranhos no começo, mas depois que você acostuma, vai estar dando headshots, hackeando portas e atravessando paredes para surpreender os inimigos em uma facilidade incrível.
Porém não pense que irá sair por aí feito um super-herói fazendo esse monte de coisas ao mesmo tempo. Normalmente as habilidades gastam baterias, que funcionam como os "magic points" do jogo, e apesar de você poder recuperar até duas delas simplesmente ficando parado por um tempo, muitas vezes este tempo de espera te obriga a bolar diversas estratégias para fugir dos inimigos. Mesma coisa vale para a barra de energia, que pode ser recuperada totalmente apenas ficando parado, algo simples, mas meio complicado no meio de um tiroteio, por exemplo.
Mas o melhor de Human Revolution, é a liberdade que ele te dá para controlar o seu personagem. Embora o jogo te recompense com muito mais experiência se você resolver tudo de forma não letal, nada lhe impede de resolver tudo no braço... quer dizer, quase, pois levar uns dois tiros e morrer nesse jogo é bem comum. Aliás, como diz um amigo meu, evite também cair de "alturas altas".
Para que tudo isso funcione bem, não só as missões permitem que você resolva tudo das formas mais variadas possíveis, como o próprio sistema de habilidades, os aumentos, te deixam escolher o que você quer evoluir. Quer melhorar suas habilidades sociais e passar o xaveco em todo mundo? Você pode. Quer ser "O" hacker e nunca mais ter que se preocupar com portas? Você também pode. Quer ser o mestre ninja, entrar e sair de lugares sem ser visto? Sim, vai fundo campeão! Quer ser o Rambo e resolver tudo na base do tiro? Kct, você vai ganhar menos experiência, mas... quem se importa?! E esse talvez seja o grande charme de Human Revolution, essa liberdade que o jogo te dá. Confesso que na maior parte do tempo eu tentava resolver as coisas na surdina, mas quando tudo descambava de vez eu nem estressava, sacava minha pistola cheia de upgrades e sentava o dedo na galera. Ops, isso saiu meio estranho... mas enfim.
Mas esse jogo tem um grande defeito com relação a essa liberdade, que são os chefes. Você pode jogar tudo sem dar um único tiro e sem ser visto, mas chegou nos chefes não tem jeito, vai ter que resolver na porrada. Então se você ignorou completamente os aumentos relacionados a resistência, pontaria e afins, sinto lhe dizer, mas vai passar muito aperto nessas partes. Hoje sabe-se que isto foi um problema no desenvolvimento do jogo, a Eidos Montreal terceirizou a parte das lutas contra os chefes para outro estúdio... está vendo, agora você entende porque tem uma galera protestando contra essas leis de terceirização.
Agora, seria muito injusto eu falar desse jogo sem elogiar toda a sua ambientação. Desde os seus tons predominantemente sépias, passando pelas referências feitas ao mito de Dédalo e Ícaro e a Frankenstein de Mary Shelley, até as vestimentas renascentistas usadas pelas pessoas que apoiam os implantes, tudo é muito bem pensado e construído. Até mesmo a questão de ser um futuro relativamente próximo é fácil de ser aceita, nada é exageradamente fantástico, toda tecnologia, ainda que bem avançada, é totalmente crível. O esforço nesse sentido foi tão grande, que até explicações de porque você enxergar objetos em destaque ou já ter todas as habilidades a mostra no menu de distribuição de experiência, são dadas de forma que fazem total sentido naquele universo.
Aliás, além do próprio Adam, há vários outros personagens muito interessantes, não só os das missões principais, como os das missões secundárias também, que aliás, são importantíssimas para o melhor entendimento de como aquele mundo funciona. A única coisa que eu achei um pouco problemática é a animação dos NPCs, que sempre gesticulam de forma exagerada e estranha, quebrando um pouco da imersão durante os diálogos.
Graficamente também o jogo é muito bonito e eu não entendi o motivo de terem usado CGs para algumas cenas de história. O pior é que elas nem são de uma qualidade muito boa, o que dá uma destoada incomoda em alguns trechos.
Só para constar, a versão que eu joguei foi a Director’s Cut no Wii U. Para quem não sabe, essa é uma versão que inicialmente seria exclusiva do console da Nintendo e posteriormente se tornou multiplataforma. As diferenças são algumas pequenas alterações na jogabilidade, uma amenizada na obrigação de confrontar os chefes no tiro e a integração total da única DLC do jogo à história, de modo que eu passei o trecho sem perceber e só fui ficar sabendo desse fato depois.
A versão do Wii U foi feita pela Straight Right Games, a mesma que fez o port de Mass Effect 3 para o console e no geral a qualidade ficou ok, apesar da taxa de quadros meio inconstante e os loadings muito demorados. É sério, a pior punição de morrer era ter que encarar aquela maldita tela de loading.
Mas apesar disso, é inegável o quão bem eles trabalharam com o GamePad. Não que eles tenham utilizado nenhum grande recurso, o sensor de movimento mesmo praticamente não é utilizado, mas a tela de toque tornou a utilização dos menus tão prática, que eu fico imaginando o quão estranho deve ser ter que fazer tudo no controle tradicional. Nem vou comentar do mini game de hackeamento, que sério, aquilo nasceu para ser feito na tela do GamePad. Além do mais, poder deixar o HUD do jogo um pouco mais limpo é sempre bem vindo.
Não é por menos que apesar de ter lá seus defeitos, Human Revolution é considerado um dos melhores jogos da geração passada. Ele tem uma boa jogabilidade, uma trilha sonora pontual, mas muito bem feita e uma trama muito bem elaborada e contada, apesar da área final ter sido desnecessariamente longa e chata, abordando diversos assuntos e questionamentos muito pertinentes a nossa sociedade atual, uma temática verdadeiramente adulta que passa muito longe de se apoiar em tiroteios desenfreados e sangue para todo lado, apesar de ter esses elementos em certos momentos. Aliás, os múltiplos finais desse jogo tem uma alta carga filosófica.
Então independente da plataforma que você escolha, pode ter certeza que jogar Deus Ex: Human Revolution, será uma das experiências mais gratificantes que você vai ter. Inclusive, uma sequência direta chamada Mankind Divided já foi anunciada para a nova geração, apesar de infelizmente o Wii U ter ficado de fora desta vez. Então o que estão esperando? Ativem os seus óculos retráteis implantados (sim, a ideia mais maneira que já tiveram para implantes cibernéticos), entrem no duto de ventilação mais próximo e Vão Jogar!!
Human Revolution é um ótimo jogo, com boas mecânicas e uma história consistente, com questionamentos muito pertinentes a sociedade atual. Destaque para a liberdade dada ao jogador em como se portar diante dos obstáculos, seja através de tiroteios ou na surdina. Seus únicos pontos falhos são as batalhas contra chefes, que destoam do restante de jogo, e a parte final, que acaba sendo mais longa que o necessário. Avaliado noWii U (entenda o nosso sistema de notas)
Pra falar a verdade acho q nunca joguei jogos nesses estilos de RPG.. eu não tenho muita paciência sabe.. meu perfil de jogo é mais ação mesmo, gameplay com a coisa dinâmica.. "pêi bufo" (@Angela deve conhecer essa)..
POr outro lado isso me faz pensar q se eu tivesse um PC "gamer" talvez eu tivesse mais experiências com esses jogos.. um PC me faz ficar mais "relaxado" (mais paciente) do q jogar no console..
Enfim.. (ótima) análise absorvida e jogo "anotado"! Valeu @Xará!
Olha, o vovô vai ser nosso Jensen! Sempre que paro pra pensar em como é essa tecnologia em Deus Ex e como ela é implantada, eu sempre lembro daquela missão onde o cafetão obrigava as prostitutas de seu estabelecimento a colocar implantes, porque os clientes gostavam e pagavam mais. Pqp, eu achei isso tenso demais. Uma coisa é você querer colocar e ter que apelar pro mercado negro. Outra é você querer ficar livre de implantes e alguém te sequestrar e te colocar os troços à força.
Quanto aos controles: eu morri pra caralho no começo do jogo por conta dessa "estranheza". mas depois que você pega o jeito, é só alegria! A possibilidade de saídas pra determinada situação é algo lindo de se ver! Eu também tentava ser o mais stealth possível. Ah, as variações de finalizações stealth também são bem bacanas! Os menus não foram um problema, mas eu confesso que aqueles hacks me encheram o saco. Chegou uma hora que tudo que eu mais queria era ter um estoque infinito daquele aparelhinho lá que hackeia por você.
Faridah é vida! E eu joguei o Director’s Cut no PS3
"Cair de alturas altas", huahuahua!
E eu não me conformo com Final Fantasy XXVII!
@Rafael Alencar
Não conheço esse "pêi bufo" aí, não, moço!
Ignore o que o Tchula falou sobre MGS, isso pode te fazer ficar com o pé atrás cm o jogo. Deus Ex é foda e eu recomendo bastante (e você sabe a minha opinião sobre MGS).
é um grande jogo realmente, nesse Deus Ex dá a impressão do Jensen ser um Ninja Cyborg. (no meu caso que quis ser mais stealth) gostei muito das melhorias das habilidades do personagem, onde digamos é mais fácil destrancar uma porta ou hackear um computador se comparado aos jogos anteriores (sim, joguei o Deus Ex original e é quase injogável se não tiver paciência) e que bom saber da versão do Wii tem mais função graças ao gamepad.
e sim, vou ter a continuação do Deus Ex que será lançado. já comprei o segundo jogo da franquia (Invisible War) e não vou me arriscar na versão de celular (The Fall) que dizem ser muito ruim.
Cara, acho que você encara no PS3 de boa. RPGs ocidentais tem mais foco em ação mesmo, e como eu disse, o jogo te deixa escolher mais o seu estilo. No começo você vai sofrer mais um pouco pela fragilidade do personagem, mas com o tempo dá pra bolar altas estratégias mais focadas no confronto direto. Eu acho que você vai gostar bastante se jogar.
@sucodelarangela
Eu nunca gosto de entrar demais nos pormenores do jogo para não dar spoiler, mas sim, tem umas paradas bem tensas nas histórias desse jogo.
Meu problema na verdade com stealth, é que eu sempre queria passar do lugar deixando todo mundo desacordado. Os dutos de ventilação do meu save sempre estão lotados, rzs. Mas nessa brincadeira eu as vezes era pego, então acabava partindo pro tiroteio mesmo.
Pois é, o hack no Wii U ficou bem mais intuitivo, imagino que no PS3 tenha ficado mais chato mesmo.
E não fala pro Xará ignorar a referência a MGS, eu acho que é justamente o contrário, porque provavelmente Deus Ex é o que MGS deveria ser para quem não gosta de MGS do jeito que ele é.
@leandro (leon belmont) the devil summoner
De certa forma é isso mesmo, sempre é possível entrar nos lugares, fazer o que tiver que fazer e sair sem ser visto. Dá um puta trampo, mas é bem recompensador.
Vi que o original tem para PS2, talvez um dia eu anime arrumar um e jogar. Mas bem lembrado esse de celular, vou ver se roda no meu e ver de kolé.
@Rafael @Angela De qualquer forma percebo uma ótima recomendação de ambos e isso é bom. Um possível título a ser adquirido, até mesmo pra ter uma experiência com um gênero de jogos q não tenho tanto costume de jogar.
Engraçado como todos os lugares que vou,as opiniões desse jogos são sempre bem parecidas. muito elogios e sempre a critica ao combate travado, mas sempre falam que no final isso é superado rsrs E é exatamente essa a minha posição sobre o jogo. Junto com vários jogos velhos, esse tava na lista de ser jogado e finalmente a fila andou e ele rodou. Uma grata surpresa. Já tinha lido falarem bem, mas o jogo se mostrou bem melhor do que eu esperava. Foi um gameplay totalmente no stealth, sem matar ninguém e sem disparar nenhum alarme, então já sabe né? Incontáveis save/loads, e se tem uma coisa que não achei, foi lento. Tem um jogo (Styx) que desisti por ser lento, e se esse aqui fosse lento pode ter certeza que também teria desistido (joguei no 360). Gostei muito da história. As side-quests não são nada mind-blowing, mas funcionam como peças de um quebra-cabeças pra montar o cenário do ano 2027. Gostei também. Imagino que a maioria daqui já zerou (eu que cheguei atrasdo nessa belezura), mas fica o conselho: VÃO JOGAR! Pois esse jogo merece ser zerado mais de uma vez.
Eu não acho o combate necessariamente travado, só no começo que eu apanhei um pouco mesmo para acostumar, mas depois foi de boa.
Então, eu não sei as outras versões, mas os loadings do Wii U são particularmente lentos, então nem tive paciência pra tentar ficar fazendo tudo na surdina.
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