Na época em que somente o nada existia e o VJ! ainda não havia sido criado, o jovem Tchulanguero aos poucos voltava ao mundo dos jogos, acompanhando avidamente todas as novidades daquela geração tão fascinante. E apesar de desde então já estar inclinado para o lado Wiimote da força, havia um jogo dos gêmeos HD que sempre o empolgou: Bayonetta, criação de Hideki Kamiya, mesmo cara de Resident Evil 2, Devil May Cry, Wonderful 101, Okami, Viewtful Joe... esses joguinhos aí. Ah, e que fique claro, empolgado no sentido videogamístico da coisa.
Pois bem, vários anos se passaram, o site foi criado, mudou, cresceu, eu também mudei bastante, passei a ter uma coleção de videogames, mas nada de um PS360 para jogar essa belezinha. Mas quando eu já achava que tudo estava perdido e a vida não fazia mais sentido, a Nintendo foi lá e resolveu jogar uma grana no colo da Platinum Games, que não só produziu um segundo título exclusivo para o Wii U, como portou o primeiro jogo também, como um bônus para os compradores. Foi a minha chance!
E depois de tanto tempo, digo que jogar Bayonetta ainda é uma experiência sensacional. Claro, como grande fã do gênero hack ’n’ slash, principalmente os orientais (foi mal Kratos), já havia uma pré-disposição da minha parte em gostar desse jogo. Mas vai por mim, ele é muito bom mesmo.
A história é bem simples: Bayonetta é uma antiga bruxa desmemoriada, que desde que foi encontrada no fundo de um lago a poucos anos, virou uma espécie de mercenária, prestando alguns serviços para o misterioso Rodin. Em meio a um desses trabalhos, algumas coisas estranhas começam a acontecer, forçando Bayonetta a entrar em uma jornada pessoal, investigando o seu próprio passado perdido. Sim, é clichê, é bobo, é simples, mas funciona, vai te deixar curioso o suficiente para querer ver o que rola até o final.
E claro, a maior motivação desse jogo é a própria Bayonetta. Mas se vocês, seus monte de pervertidas e pervertidos, já estão levando para o lado da putaria, esqueçam, porque ao contrário do que muitos pensam, Bayonetta não é puramente uma personagem sensual e/ou apelativa que utiliza pistolas nos saltos, muito pelo contrário, ela é praticamente uma sátira a todo esse sexismo existente nos jogos. As insinuações, o rebolado, o fato dela ficar seminua o tempo todo, é sempre feito de modo tão exagerado, sarcástico e caricato, que você tem que estar muito a perigo para sentir qualquer outra coisa a não ser vontade de rir ou admirar a personalidade forte da personagem. E aliás, não é exagero o comentário que se houve por aí de que ela de certo modo parece uma travesti, porque todo esses jeitos e trejeitos, além do porte físico, realmente remetem a uma, ainda que indiretamente. E eu adoro pensar no quão irônico isso é e na negação que isso gera na cabeça de muito "hadécorezinho".
Uma curiosidade: por padrão o jogo não permite planos de câmera muito fechados na bruxa, mas se você for persistente e criativo, tudo é possível.
Mas ainda sim, não só a própria Bayonetta, que ao mesmo tempo consegue se mostrar uma personagem fodona o jogo inteiro e ainda sim ter suas fraquezas e incertezas expostas, os demais personagens de um modo geral são bem carismáticos, o que ajuda bastante a instigar o jogador a seguir em frente.
Para mim, uma das coisas mais interessantes do universo de Bayonetta é a brincadeira que é feita entre essa coisa de bem e mal. Assim como Devil May Cry, existe toda uma influência dessa visão ocidental de céu e inferno, anjos e demônios, porém sob o ponto de vista oriental, que está completamente livre de grilhões religiosos e que trata isto como uma outra mitologia qualquer. Então o que temos é uma completa inversão de valores, com os anjos sendo colocados como antagonistas, e que por mais que tenham preservado suas tradicionais cores claras e auréolas na cabeça, são absurdamente assustadores! Esqueçam aquela coisa tradicional que vocês tem como imagem, os designers de inimigos desse jogo estão de parabéns, porque eles abandonaram qualquer noção de anatomia e partiram para as coisas mais perturbadoras visualmente que eles conseguiram imaginar.
Pulando para o lado técnico, vamos falar dos gráficos escuros de Bayonetta. Sim, esse jogo no geral tem um tom meio morto, o que eu acho destoar um pouco demais do clima "espalhafatoso" desse jogo, mas ok, preferência pessoal apenas. E por ser um jogo lá do começo da geração passada não esperem nada excepcional, ainda que eu ache ele bem bonito, pelo menos no Wii U.
Agora, a trilha sonora desse jogo é sacanagem. Olha, eu adorava os rocks que rolavam nos Devil May Cry clássicos, mas você tem que tirar o chapéu para um jogo que usa uma música como Fly Me To The Moon, ainda que remixada, como tema em boa parte do jogo. O que dizer então do relaxante piano que toca no bar "The Gates Of Hell"? Não importa o quão brega ou deslocadas as músicas possam parecer, elas sempre completam a situação de uma forma inusitada e perfeita.
Mas de que adiantaria tudo isso, se nós não tivéssemos o principal de um hack ’n’ slash bem feito... e não se preocupem, porque a jogabilidade de Bayonetta é excepcional. Não apenas na precisão dos botões, mas a variedade de golpes, combos e armas são algo de se tirar o chapéu. Não importa se você gosta apenas de ficar esmagando botões, ou se prefere fazer os combos mais longos e estilosos possíveis, o jogo consegue se adaptar ao jogador. Fora que todo o lance da esquiva e o Witch Time, que é uma câmera lenta ativada ao desviar do golpe adversário no último instante, faz com que ainda sim seja necessário um mínimo de estratégia nas batalhas.
Achei um pouco cruel o sistema de quick time events porém, a lógica as vezes é um pouco confusa e existem momentos em que você espera que vai aparecer um botão, mas outro aparece e você acaba perdendo uma vida, porque aquela era uma cena decisiva. E embora as vidas sejam infinitas, você não vai querer perdê-las, pois isso afeta o seu ranking... e nada é mais frustrante do que pegar uma estátua de pedra, que infelizmente é uma constante nesse jogo, difícil pra kct diga-se de passagem. Então se você tirar uma "platina pura", pode se gabar de ser o bonzão... até o jogo te mandar outro "pedra".
As versões em si, não tem muita diferença. Talvez a maior delas esteja no PS3, que dizem ser meio bugada e que corre a 30 qps, ao invés dos 60 das versões do Xbox 360 e Wii U, o que eu acho meio exagerado da parte de quem diz que isto torna o jogo intragável no console da Sony. A versão do Wii U também conta o diferencial de vir com quatro roupas extras já habilitadas desde o começo do jogo: Peach, Daisy, Samus e Link, que apesar de serem legais e alterem algumas coisas no jogo, como os braços e pés do Bowser aparecendo dos portais durante as lutas, ou as argolas do Sonic sendo substituídas por rúpias, no final das contas não passam de aditivos cosméticos. Mas independente da versão, há também outras roupas que você pode habilitar após finalizar o jogo pela primeira vez, e não achem estranho se vocês sentirem vontade de zerar ele várias vezes em outras dificuldades, até por não ser um jogo extremamente longo e rolar o lance de querer juntar grana para comprar novas habilidades e armas.
No final das contas Bayonetta não é um jogo perfeito, as vezes ele exagera um pouco no número de cenas de história, interrompendo por demais a jogatina, mas ainda sim é um jogo excelente e independente da plataforma, eu acho que é obrigatório para qualquer amante desse gênero. Fora que para os amantes da SEGA, que publicou o jogo originalmente, há inúmeras referências aos seus jogos clássicos. E ele trás toda a loucura visual que só os orientais conseguem nos proporcionar, com personagens carismáticos e jogabilidade apurada, o que mais vocês precisam? Então peguem as suas Scarborough Fair, atravessem a película e Vão Jogar!
Bayonetta é um dos melhores hack ’n’ slash da geração passada, com ritmo frenético, jogabilidade apurada e muita originalidade em seu design. A protagonista se destaca pela personalidade forte e por satirizar os famosos fanservices na maior parte do tempo. O jogo só peca um pouco pelo excesso de história, quick time events injustos e punições constantes no ranking devido a alta dificuldade. Avaliado noWii U (entenda o nosso sistema de notas)
Que isso, a bruxa é gente boa, vai por mim E o primeiro jogo é bem fechado, pode jogar de boa sem medo.
@leandro (leon belmont) the devil summoner
Hwa hwa hwa, as poses dela são estranhas, mas pelo menos o corpo dela é proporcional, rzs.
Pois é, já fiquei sabendo que atualmente é meio complicado arrumar esse jogo, mas se tiver a chance vá fundo!
E eu estou dando um tempo antes de encarar o segundo, mas pode deixar que escreverei sobre sim.
@João Roberto
Pode ir na versão de X360 mesmo, é como eu te falei, a versão do Wii U apesar de ser a "definitiva", não tem nada de tão excepcional assim em relação as outras.
Excelente escrito! Mesmo assim vc ganhou um Stone Award, pq é assim que a coisa funciona... kkkkkkkkkkkkkkkkk
Foi bom ter lido este texto, reflete bem o que eu penso sobre o jogo (foi mal também, Kratos) e dá vontade de encaminhar pra todos aqueles que chamam o jogo de Devim May Cry pornô... ou o povo já encara o jogo achando que não vai gostar ou é inocente demais pra enxergar a piada, não é possível! Ou sofrem de falta de humor. Deixam de jogar um dos melhores jogos do gênero por bobeira. Stone Award pra eles também, mas eles por merecerem!
E eu ainda vou quebrar o gamepad no 2... é sério... tá foda... meu dedão dói!
Pois é, sempre que eu falo desse jogo costuma vir alguém fazer um comentário sem noção e eu penso: será que essa pessoa jogou Bayonetta ao menos uma vez na vida?
Ah cara, depois de zerar esse jogo, eu quase perdi o medo de deixar o GamePad cair no chão, hwa hwa hwa.
Eu tô com essa sensação também quanto ao Gamepad, só tenho receio é de errar o botão e destruir a tela. Conheço quem tenha conseguido quebrar (ou pelo menos ouvi história da namorada do rapaz, creio que seja verdade).
Já vi que não é só comigo o "semnoçãozismo" da galera quanto ao jogo... nunca entenderemos a visão das pessoas. Paciência... melhor falar pra jogarem Sonic Boom mesmo... argh!
Primeiramente parabéns pelo texto @Tchula, ótimo escrito!
Pois bem... Eu já tinha uma enorme vontade de jogar Bayonetta e depois da tua indicação eu finalmente comecei a jogar (apesar de já ter adquirido o jogo bem antes disso). E já q falou de Kratos já adianto logo q, numa visão geral de combates, Bayonetta tá à muitos passos à frente de God of War. Mas isso é assunto pra outro momento... beleza?
O que mais me incomoda até agora em Bayonetta é a câmera. Apesar de ser possível movimentá-la livremente (diferente do God of War) ela é muito "dura" e não possui controle de sensibilidade. A sorte é q durante os combates ela consegue se ajustar bem, mas quando é preciso girar parece q vc na verdade tá tentando mover o cenário inteiro q pesa toneladas!
Fora isso não tenho do q reclamar tecnicamente falando, a não ser pelo fato de q eu gostaria muito de jogar esse jogo a 60 fps, mas nada q esteja estragando a minha experiência.
Quanto à bruxa em si eu confesso q, honestamente, não tô nem reparando tanto nessa questão física dela. Os combates são tão divertidos q eu reparo mais nos combos do q na bunda e peitos dela! Haha! Mas é fato q existem coisas muito bacanas de se assistir... ~
Ela tem um rosto lindo, muito lindo mesmo (ao meu ver) e a única coisa q eu realmente acho muito exagerado é essa postura dela. É algo muito estranho e sem nenhum pouco de feminilidade (também ao meu ver).
Enfim.. não posso falar muito pq não finalizei, mas o q eu posso dizer com certeza é q o jogo é muito divertido, muito mesmo!
Quebrar com o dedão? Curuzes, tem que ser muito ogro, hwa hwa hwa.
Daqui a pouco vou ler o de todo mundo também
@Paulo Aquino
Essa música ficou muito famosa na voz do Frank Sinatra quando ele gravou-a para o programa espacial Apollo, por isso a associação a coisas do espaço, sci-fi, etc ser normal. Aliás, o nome original dela é "In Other Words"
@Rafael Alencar
Aew Xará, valeu!
Pois é, a câmera as vezes atrapalha um pouco mesmo, mas não chegou a ser nenhum grande problema, não me lembro de ter morrido nenhuma vez por conta dela.
Sei que não repara nos atributos dela, sei, sei...
Eu já acho diferente, acho que a postura dela tem uma feminilidade extramente exagerada. Mas a história aborda outros aspectos dela mais interessantes nesse sentido, você vai ver... ou já viu.
Passando aqui tempos depois. A Versão do PS3 já foi consertada há tempos pela SEGA. O Tempo de portar o jogo foi pouco (A SEGA teve que converter o jogo, daí imaginamos o tempo de desenvolvimento dele x o tempo de lançamento), daí ele apareceu com alguns problemas. Quanto a taxa de frames, ela não me incomoda particularmente. Sim, seria legal jogar a 60FPS, mas não se pode ter tudo na vida.
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