Alguns anos atrás, como eu já contei aqui algumas vezes, eu peguei um PlayStation 2 emprestado durante um final de semana. Era a primeira vez que eu colocava as mãos no dito cujo e fiquei maluco para testar alguns dos títulos que vieram junto, dentre eles um singelo jogo de um cara que parecia estar com muita raiva de alguma coisa e espancava quem aparecia pela frente: esse jogo era God of War II, que inclusive rendeu um escrito por aqui. Agora, devidamente munido com o meu PlayStation 2, eu finalmente pude degustar os dois primeiros jogos da franquia com toda a calma do mundo. E bem, eu devo dizer que...
God of War
A história básica de God Of War todo mundo já sabe: Kratos, o guerreiro fodão de Esparta, na época em que os deuses do Olimpo ainda mandavam em tudo, após vender a sua alma ao capeta para Ares, o Deus da Guerra, sai pilhando e matando tudo que vê pela frente, até que um dia, em um de seus surtos de sanguinolência, ele acaba matando a sua esposa e filha. É nessa hora que uma pessoa normal veria a merda que fez, iria para um buteco afogar as mágoas e depois tocaria a vida. Só que como parecia não rolar butecos em Esparta, Kratos ao invés de ver a mancada que fez, resolve colocar a culpa no Deus Da Guerra, que realmente havia mexido uns pauzinhos, pega toda a sua incapacidade de falar abaixo de trocentos decibéis, e parte em uma jornada de vingança, violência e sangue. Por favor, vamos falar de clichê.
Em qualquer outro jogo, essa história rasa seria um problema, mas não em GoW, que é um jogo feito sob medida para aliviar o estresse. Aqui, o bom e velho hack ’n’ slash é muito bem representando em um mar de sangue, onde tudo o que você vai ter que fazer é cerrar os punhos, seguir em frente e descer o cacete em quem aparecer. Aliás, a violência em GoW é tão absurda e caricata, que é aquele típico caso de que o violento se torna divertido. Só para vocês terem noção, não contente em sair furando o buxo dos inimigos com as "Blades Of Chaos", a arma principal do jogo, que basicamente consiste de duas adagas presas em correntes, Kratos literalmente dobra alguns inimigos ao meio até que eles quebrem. Yeaaaaaaaaaaaaaaaaah!
Falando em Kratos, ele é um personagem excelente em alguns aspectos e péssimo em outros. Quando ele é simplesmente o guerreiro cheio de testosterona cortando pessoas e monstros ao meio, gritando e indo atrás de uma vingança cega e sem noção, é algo ridiculamente sensacional. Até mesmo as partes com aquele apelo sexual para adolescentes funcionam muito bem, como uma grande piada, claro, apesar que vale ressaltar uma certa obsessão dos desenvolvedores por peitos, sejam humanos ou não. Por outro lado, quando ele dá uma de "marido que matou a mulher e filha e agora está arrependido", falha miseravelmente. Tirando um pequeno trecho na batalha final, em nenhum outro momento do jogo eu consegui simpatizar com o drama do personagem. Foi uma tentativa de dar profundidade a algo que não precisava de profundidade nenhuma. Kct, eu quero é sangue!
Mas falando da jogatina mesmo, não há muito o que reclamar em GoW. Os gráficos são fodas, com um foco maior nos personagens, que são bem grandes e detalhados. Os cenários, apesar de estáticos, também são muito bonitos e coloridos. A trilha sonora é sacanagem, perfeita para você se empolgar no dia que precisar sair de casa para enfrentar criaturas mitológicas no maior estilo Conan do Schwarzenegger.
A jogabilidade é bem simples, e consegue ser um esmaga botão muito divertido, apesar de ter um ritmo bem mais cadenciado do que os hack ’n’ slash japoneses, por exemplo. Você ganha algumas magias que te ajudam um pouco, mas no final das contas você vai resolver tudo no famoso "quadrado, quadrado, triângulo". E não se deixem levar pelas depreciações alheias quando alguém fala isso, é uma parada muito bacana. O que eu achei que quebrou um pouco essa jogabilidade foram os infames QTE, ou Quick Time Events, que apesar de serem legais em alguns momentos, como quando você vai finalizar um inimigo que já apanhou demais, em outros eles acaba sendo meio brochante. Tipo, você está lá enfrentando aqueles chefões fodas e algumas vezes imensos, e na hora de dar o golpe decisivo, o jogo troca tudo para um "aperte o botão na hora certa e veja uma animação"... Poxa, me deixa arrancar os membros do bicho no combo, por favor? Outro pequeno defeito, que só me incomodou em um trecho específico da parte final, foi o sistema de colisão meio falho... Digamos que as vezes eu fui derrubado por lâminas antes delas encostarem em mim. Rolam também alguns pequenos puzzles durante o caminho, mas são todos bem simples e não vão exigir muito para serem solucionados.
No final das contas, God Of War é um hack ’n’ slash muito divertido, com um nível de dificuldade razoável, uma temática interessante e que apela muito mais para o público ocidental. O ritmo do jogo é perfeito, e ele acaba exatamente quando deveria acabar, sem ficar chato e repetitivo. Não foi atoa que se tornou um dos carros chefe da Sony e um dos jogos mais aclamados do PlayStation 2, tanto que chegou a ganhar uma sequência para o console, mesmo com a nova geração na porta, que claro, que eu também joguei...
God of War II
Aqui você já começa controlando um Kratosfodão, que em um momento de tédio, deixa as suas concubinas de lado e resolve dar uma mãozinha para os soldados espartanos que estavam brigando, só para variar. Depois de batalhar um bocado e ser jogado de um lado para o outro por um colosso de pedra, além de um bocado de QTE, rola uma trairagem por parte de Zeus e Kratos volta para a estaca zero, indo parar no inferno, mas voltando a ativa com uma ajudinha da Titã Gaia. E essa é basicamente a trama de GoW II, Kratos puto com mais um deus e indo atrás de vingança. E justamente por ser mais simples ainda é que a trama de GoW II funciona melhor, porque é simplesmente um brutamontes zangado com alguém que lhe encheu de porrada... sanguenozói!
A primeira impressão que tive, foi que eu ainda estava jogando o primeiro GoW. Tirando os gráficos um pouco melhores e alguns trechos que saem do hack ’n’ slash, tudo continua exatamente como antes, o que é bom por um lado e ruim por outro. A trilha sonora ainda continua épica, a jogabilidade divertida, me dando a chance de matar exageradamente mais e mais soldados e monstros, mas depois de um tempo eu me senti fazendo a mesma coisa por tempo demais, considerando o primeiro jogo. Claro que o fato de eu ter jogado o segundo jogo pouco tempo após o primeiro tenha agravado isso, mas ainda sim é um defeito. Não joguei ainda os posteriores, mas espero mesmo que tenham dado umas boas incrementadas, se não vai ser complicado.
Até rolam algumas tentativas de dar uma variedade maior na jogabilidade, já que além das magias, que são basicamente as mesmas do primeiro jogo, agora Kratos também possuí armas secundárias, além das "Blades Of Athena", que são iguais às "Blades Of Chaos" do primeiro jogo. O problema das armas secundárias, é que elas são inúteis. Sim, usar uma marreta gigante arranca muito mais dano dos inimigos, mas além de ser muito lenta, eu consigo basicamente o mesmo resultado ao melhorar a minha arma principal. Não há qualquer vantagem prática nas armas secundárias, e incluir elas na sua jogatina não vai passar de um capricho pessoal.
Para falar a verdade, eu fiquei bem desanimado com GoW II por um tempo, já que o ritmo dele não ficou tão legal quanto o do anterior, e alguns trechos ficaram meio maçantes, mas tudo mudou quando lá pela metade eu peguei uma habilidade que mudou tudo: a de rebater magias. Sério, pode parecer uma coisa boba, mas para mim deu outra cara para o jogo, deixou de ser um simples esmaga botão, já enjoativo a essa altura, e passou a rolar um elemento mais estratégico, eu tive que passar a prestar mais atenção no que os inimigos estavam fazendo, para que pudesse acionar a minha defesa no momento exato. Aliás, é bom aprender essa técnica, porque na batalha final vocês vão precisar.
No final das contas, eu acabei me divertindo bastante com GoW II também, apesar do ritmo quebrado e o controle que joguei não ter segundo analógico... sim, eu zerei sem esquiva, o que acreditem, torna o jogo bem mais difícil do que ele realmente é. A história ainda continua sendo qualquer coisa para mim, mas confesso que aqui eu acabei me simpatizando mais pelo personagem. Não pelos dramas de vida dele, mas tem umas partes em que o camarada apanha feio e faz umas caras de sofrimento que eu pensava "isso realmente deve estar doendo pra kct!". O final do jogo é até interessante, deixando várias pontas soltas para serem resolvidas no terceiro, mas na minha cabeça a expectativa ficou mais na sugestão de uma pancadaria épica na sequência. Infelizmente, é provável que eu demore um bocado pra eu jogar o terceiro.
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Tendo jogado apenas os dois primeiros títulos, fica difícil dar um veredito sobre a franquia como um todo, talvez quem tenha jogado os outros possa dar uma visão melhor de como a coisa andou... aguardem as tagarelices, tem alguém que com certeza vai escrever um testamento sobre isso... Mas eu recomendo bastante a série, porque quando o jogo assume que ele se trata simplesmente de um cara ignorante descendo o braço em todos os monstros mitológicos e deuses que estão na sua frente, ele é muito divertido, e felizmente isso rola na maior parte do tempo. Fora que ele tem chefes gigantescos, e vocês sabem que todo jogo que tem inimigos gigantescos merece atenção. Foi uma grata surpresa surgida no PlayStation 2 e que dificilmente a Sony deixará morrer nesta geração. Então não percam mais tempo, equipem-se com as suas "Lâminas de Qualquer Coisa" e...
God of War é um ótimo hack ’n’ slash, com toda a violência que se espera de seu protagonista cheio de testosterona. Ainda que Kratos não seja lá o melhor personagem do mundo, ele combina perfeitamente com a ideia do jogo. Avaliado noPlayStation 2 (entenda o nosso sistema de notas)
God of War II segue com a ideia de seu antecessor, com Kratos assumindo de vez o seu lado brutamontes e sem sentido, com um começo grandioso, mas perde pontos ao cair na mesmice. Algumas adições, como as armas secundárias, acabam por ser apenas boas ideias desperdiçadas, ainda que outras, como o contra-ataque mágico, dê um bom respiro na jogabilidade. Avaliado noPlayStation 2 (entenda o nosso sistema de notas)
Tchula, o terceiro jogo é foda! Se você quer pancadaria, Kratos conseguiu ser ainda mais violento no terceiro, vá com fé!
Quanto aos de PSP (Chains of Olympus e Ghost of Sparta), também são bem divertidos. Talvez nem tanto o CoO, mas o GoS é foda demais por mostrar um pouco mais de outros membros da família dele em vez de apenas vingança, vingança, vingança. Mas como vcê não se importa tanto com o drama dele, talvez não curta.
O Ascension já é bem fraco, até porque o GoW3 já fecha a história como um todo, e o Ascension é a prequel de toda a saga, então não espere grande coisa...
"É nessa hora que uma pessoa normal veria a merda que fez, iria para um buteco afogar as mágoas e depois tocaria a vida... Kratos ao invés de ver a mancada que fez, resolve colocar a culpa no Deus Da Guerra..."
De todas as vezes q conversamos tu falou q Kratos tem uma motivação "fútil" e eu não entendia bem o q tu tava querendo dizer, apesar de não concordar completamente eu agora acho q entendo o motivo de tu falar isso. Haha!
Mas tenha em mente uma coisa e isso q tu disse tem um motivo real: Kratos gosta (mesmo) de assassinar. Ele se diverte com isso. Na história do jogo não mostra de forma direta, mas é um fato. Por isso q ele "escolheu" a segunda opção nessa tua afirmação. ^^
GOW em resumo é divertido, tanto que somente jogo no HARD para cima...morro um bilhão de vezes. mas acho válido.
mas as partes....ahhh...indecentes do jogo.....olha, eu não aprovo. tanto que pulo essas partes. e espero que não tenha um GOW 4, sério, pelo bem da série. melhor deixar quieto
Eu parei nos dois primeiros também e nunca joguei no PS3. E sempre achei muito divertido e até merece o titulo de "MUST HAVE". Gosto muito do Kratos e ficava feliz em ver os mano jogando com patch de legenda no ps2, entendendo a historia (por mais futil que seja) .. "Good of War é um bom titulo.
Tem uma coletânea com todos, incluindo os de PSP para ele né?
@Rafael Alencar
Então, eu também acho que o lance dele é sangue, tripas, sangue, tripas e depois mais sangue e tripas, e é justamente por isso que eu acho que quando tentam colocar um drama na parada fica meio chato. Mas isso é só na história mesmo, na pancadaria não tem frescura
@leandro (leon belmont) the devil summoner
Ah, não cheguei a jogar em outras dificuldades não, deve ser tenso
Os mini-games de sexo só são bobos, mas não vi nada demais. Alias, só tem aquele do começo do primeiro, não?
Ah, duvido que a Sony vai largar essa teta.
@Cyber Woo
Iaê brow, quanto tempo
DMC eu acho que tem uma variedade maior na jogabilidade, mas como nunca zerei nenhum, só fui até o final do terceiro antes de dar uma zica no meu controle de PC na época, não posso dizer muito.
@Sekto
Ah, te falar que nem senti muita falta de legenda. Mesmo com meu inglês precário, o enredo é muito simples, as imagens falam por si só, rzs.
Pô, a história foi uma das coisas que mais gostei no jogo. Toda a reviravolta, muitas e muitas referências mitológicas (pra quem gosta de mitologia como eu é um prato cheio), tudo isso regado a ignorância do espartano, trilha sonora imersiva e gráficos potentes no PS2. Gosto demais... mas admito que ao jogar o 2 tb achei repetitivo. Jogo pra ser jogado no Hard ou além, no médio e no easy é só um passeio no parque.
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