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DegustaçãoThe Legend of Zelda: A Link to the Past

Análise de The Legend of Zelda: A Link to the Past - O meu retorno para este grande clássico do Super Nintendo, que me fez relembrar o que compõe um bom jogo da série Zelda.

autor Rafael "Tchulanguero" Paes
datahora 27/01/2017 às 16:18:45   tagarelices 7

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O meu retorno para este grande clássico do Super Nintendo, que me fez relembrar o que compõe um bom jogo da série Zelda.


Sempre existe aquele jogo que você experiencia pela primeira vez quando mais novo, que não somente se torna seu título favorito, como também define o seu perfil como jogador. No meu caso, um jogo que se encaixa nesta categoria é The Legend of Zelda: A Link to the Past, que joguei pela primeira vez lá no meu primeiro Super Nintendo. O problema é que já havia muito tempo que eu não o jogava, ao ponto de só ter ele em minha memória como um jogo excelente, mas sem conseguir me recordar com exatidão dos motivos: já era hora de revisitá-lo.

Capa de Zelda: A Link to The Past

Para quem esteve hibernando nos últimos vinte e tantos anos, A Link to the Past é o terceiro jogo da série The Legend of Zelda, um RPG de ação com visão aérea e com uma duração relativamente curta para os padrões atuais. Munido de espada e escudo, você controla o personagem Link em sua aventura ao longo do Reino de Hyrule, após ser despertado por uma voz desconhecida solicitando ajuda, contando para isso com o auxílio de uma vasta gama de itens com finalidades diversas.

A coisa que mais me marcou ao rejogar A Link to the Past foi o quão direto ao ponto ele é. A história aqui é tão simples quanto a de qualquer outro título da série, que pode ser resumida em "herói que parte para salvar o reino de uma força maligna". Não existem diálogos muito longos, e eles estão diluídos o suficiente para que você em momento algum sinta alguma "preguiça de ler", valendo muito mais as suas ações através da jogabilidade. De fato, a maior parte dos grandes momentos do jogo estão ligados a mecânica e não a narrativa, sendo um chefe particularmente difícil ou algum item mais escondido em uma masmorra que você teve o prazer de descobrir após muito explorar. Talvez a única exceção seja quando Link obtém a Master Sword, a espada lendária com o poder de banir o mal e item recorrente da série, um dos momentos mais marcantes para mim em jogos até hoje. Pessoalmente eu também gosto muito da abertura do jogo, com Link saindo durante uma forte chuva a procura da dona da voz que o despertou.

Link obtém a Master Sword
Chega a dar um arrepio aqui só de lembrar desta cena. O final do jogo inclusive faz uma referência a este momento que também é muito lindo. ♥

Essa objetividade não se dá somente na história e nos diálogos, mas também em suas mecânicas. Nesta época Link ainda não possuía companheiras como Navi, Fi ou Midna, então em nenhum momento você tem alguma figura lhe indicando o que fazer, e isso faz uma diferença gigantesca na exploração. E se engana se acha que isso o torna mais difícil do que os títulos atuais da série, porque toda a informação que você precisa está contida dentro do jogo, através de indicações claras no mapa e dicas dadas por outros personagens espalhados pelo reino. Assim como ocorreu comigo em Majora’s Mask, o "ficar perdido" que acontecia com frequência quando eu era mais novo não aconteceu novamente por eu simplesmente agora saber ler os textos em inglês, e não por ter o jogo decorado em minha mente.

Falando em mapa, apesar do Reino de Hyrule de A Link to the Past possuir diversas localidades e parecer bastante extenso, a verdade é que você nunca irá demorar muito tempo para atravessá-lo de uma ponta a outra, não tornando enfadonha a exploração. Quando ocorre alguma demora, é por você ter que resolver algum problema para atravessar o caminho, ou achar o local correto para contornar algum obstáculo maior. Algo que influí bastante nisso também é o fato do mapa possuir duas variações, Light World e Dark World, que podem ser encaradas como duas dimensões de Hyrule e que influenciam uma a outra diretamente, sendo necessário as vezes alternar entre ambas para conseguir alcançar o seu objetivo, sempre de uma maneira bem clara e lógica.

As masmorras, ou dungeons se preferir, também possuem um design de níveis muito mais direto, o que faz com que mesmo as maiores e com mais andares possam ser concluídas rapidamente. Os puzzles pouco se apoiam na necessidade de obter o item principal daquele nível, chegando à alguns casos em que é possível passá-lo sem ter que visitar todas as salas e até mesmo sem abrir o baú principal, que vale lembrar nesse jogo, necessita da chave mestra do nível para ser aberto. Ainda sim, a maioria dos itens são necessários para se terminar o jogo, o que apenas os coloca em uma abordagem diferente do que passamos a ver após Ocarina of Time, em que todo item principal da masmorra era peça fundamental para a derrota do chefe e o término da mesma.

Zelda - Moldorm
Moldorm não é um chefe particularmente difícil, mas com certeza
já deu muita dor de cabeça aos jogadores.

Como grande parte dos jogos da época, A Link to the Past possuí uma dificuldade bem elevada, obrigando o jogador a utilizar muitas poções de cura, fadas ou encarar diversas telas de Game Over. O jogo inclusive faz questão de ter informar quantas vezes você morreu ao finalizá-lo. Os motivos de tudo isso são vários: os chefes, normalmente seres grandiosos para os padrões da época de lançamento do jogo, exigem que você entenda bem o seus padrões de ataque e saiba o momento correto de atacá-los, o que pode consumir alguns corações até que você entenda; a resistência de Link é mínima no princípio da aventura, melhorando um pouco mais para o final, o que acaba sendo bom, pois te dá a sensação de estar preparado para o combate derradeiro justamente quando ele está prestes a acontecer, ainda que não seja a batalha mais difícil do jogo; e o fato dos inimigos serem "cruelmente" ligeiros, o que faz com que seja necessário se empenhar em sair do alcance da arma deles antes de preparar o contra-ataque. Aliás, este Zelda utiliza muito bem o fato de Link ser canhoto em suas mecânicas, uma vez que é importante saber se posicionar diante de um inimigo de modo a sua espada atingir a parte desprotegida do mesmo durante o ataque, ao invés de seu escudo ou espada.

Um aspecto também memorável diz respeito aos sons e trilha sonora. Embora boa parte das coisas já estivessem presentes desde o primeiro The Legend of Zelda no NES, é impossível não admirar o trabalho marcante de Koji Kondo, com músicas que sobreviveram ao longo dos tempos e são replicadas das mais diversas formas até os dias atuais. Destaque para o tema do Dark World, que é tocado pela primeira vez no jogo em um momento importante da trama, minha música preferida de toda a série.

Versão orquestrada do tema do Dark World, contida no The Legend of Zelda 25th Anniversary Special Orchestra CD, distribuído originalmente pela Nintendo na edição especial de Skyward Sword e que eu orgulhosamente possuo. :P

Dito tudo isto, fica óbvio que The Legend of Zelda: A Link to the Past não somente é um jogo excelente, fazendo jus ao seu título de grande clássico, como também abriga todas as características que compõe um grande jogo da série Zelda. Não que os títulos mais recentes sejam ruins, muito pelo contrário, eu os adoro, mas eles parecem não conseguir reunir todas estas características da mesma forma. Eu não sou favorável ao termo "envelheceu bem", pois penso que um bom jogo não está limitado a tecnologia na qual foi concebido, sabendo aproveitá-la ao seu favor, e A Link to the Past é exatamente isso, continuando a ser uma das melhores experiências em videogames de todos os tempos.

Então agora levantem da cama, peguem seu escudo e espada e Vão Jogar!!

* Revisado em 11/12/2018 às 19:13:11

The Legend of Zelda: A Link to the Past
The Legend of Zelda: A Link to the Past

* * * * *  A Link to the Past é uma das melhores experiências em videogames que um jogador pode ter. Ele é um jogo simples e objetivo, com puzzles inteligentes, um nível de desafio elevado, mas que te oferece todas as ferramentas necessárias para ser bem sucedido. Some a isso o grande esmero a Nintendo em seus jogos, nos proporcionando uma excelente direção de arte e trilha sonora memorável, e está justificado o fato de ele ser considerado um dos maiores clássicos dos videogames.
Avaliado no Wii
(entenda o nosso sistema de notas)


Série: The Legend of Zelda
Estúdio: 
Plataformas: Game Boy Advance, Super Nintendo, Wii e Wii U
5

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  • avatar de helisonbsb
    helisonbsb
    27/01/2017 às 17:04:25
    bons tempos!!!!tenho boas lembranças desse jogo...uma delas é a sua jogabilidade...bons gráficos, músicas de primeira e simplicidade com sofisticação em sua limitação gráfica decorrente da época 16 bits...essa limitação tecnologica do snes nos trouxeram grandes clássicos: super metroid, zelda, super mario world...limitação que teve sua época e que essa época ainda reinda em nossa atualidade...eu particularmente gosto muito desse jogo em relação aos atuais...simplicidade ainda me atrai...bons tempos mesmo!!!!

    • avatar de Rafael "Tchulanguero" Paes
      Rafael "Tchulanguero" Paes
      27/01/2017 às 17:13:58   localizacao Vespasiano - MG
      Eu não cheguei a jogar "A Link Between Worlds", mas ele parece seguir bem a pegada do "A Link to the Past", então nem é uma questão de simplicidade técnica. Espero que "Breath of the Wild" capte bem essa essência de ser um jogo mais direto, ainda que com um escopo infinitamente maior.

    Responda!
  • avatar de D00d!
    D00d!
    28/01/2017 às 19:00:38
    Bela análise: eu tenho esse jogo no SNES, recomprei ele em 2015. Aliás tenho 2 fitas, uma cópia infelizmente não funciona e tentei de tudo para ressuscitá-la.

    • avatar de Rafael "Tchulanguero" Paes
      Rafael "Tchulanguero" Paes
      30/01/2017 às 14:08:27   localizacao Vespasiano - MG
      Eu já vi isso acontecer com um cartucho de Super Mario World, funcionava em alguns Super Nintendos e em outros não.

    Responda!
  • avatar de uck
    uck
    29/01/2017 às 10:29:27
    Este foi o melhor Zelda, um divisor de águas.

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  • avatar de Gamer Caduco
    Gamer Caduco
    09/02/2017 às 00:03:12   localizacao SP
    De todos os jogos do Zelda gnomo loiro (foi mal, não resisti), este é o que mais me chama a atenção. De longe. Saber que ele é mais mecânica do que história me deixa ainda mais animado. Saber que ele esfrega na sua cara quantas vezes vc morreu também! hahahaha
    Ainda jogá-lo-ei!

    • avatar de Rafael "Tchulanguero" Paes
      Rafael "Tchulanguero" Paes
      09/02/2017 às 16:16:34   localizacao Vespasiano - MG
      Na verdade nesse ele tem o cabelo rosa, apesar de realmente ser loiro nas artworks. :P

      Mas Caduco, nesse você pode ir fundo, certeza que você vai gostar. Aliás, se você não gostar desse Zelda, desiste de vez da série, hwa hwa hwa.

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