Eu já devo ter escrito umas duas vezes nos últimos meses análises sobre a situação do mercado atual de jogos, e sempre no final eu acabo dizendo que quem molda o mercado são os jogadores e não as empresas. E é justamente por isso que eu fico escrevendo sobre esse assunto, vai que eu consigo fazer uns dez caboclo parar pra pensar um pouquinho, mesmo que não concordem comigo? E então esses dez fazem mais dez pensar mesmo não concordando também e assim por diante, quem sabe? E não concordar apesar do que muita gente pensa pode ser algo bom, porque ae se discutem idéias e as mesmas evoluem.
- Porra Tchulanguero, você escreveu um parágrafo inteiro de enrolação e até agora não disse sobre o que é este texto!
Então, dessa vez eu resolvi falar sobre a repetição do mercado atual. Quando me refiro a repetição, quero dizer sobre as dezenas de jogos que não passam de meras cópias uns dos outros apenas com uma roupagem diferente, apesar disto não ser uma exclusividade dos tempos atuais.
Lembremos de Mario Bros. por exemplo, que foi o jogo que fez explodir a onda de "jogos de plataforma" na época. O mercado foi invadido por centenas de cópias genéricas do encanador italiano, sendo que a maioria não valia muita coisa. Sonic também foi um jogo que pegou carona nessa onda, tendo inclusive tendo como objetivo principal ser melhor que o concorrente, o que de certa forma foi alcançado. Então qual a diferença entre Sonic e as centenas de outros jogos do mesmo gênero? A resposta é simples, enquanto a maioria dos outros queria simplesmente ser uma cópia genérica do jogo da Nintendo, a Sega queria pegar a mesma idéia e melhorá-la, isto fez com que o pessoal tivesse que colocar a cabeça pra funcionar e encontrar meios criativos de fazer isso. Muita gente atribui o sucesso apenas a velocidade do jogo, mas o fato é que isso tava mais pra uma chamada marketeira, todo mundo que já jogou Sonic sabe que se faz muito mais do que simplesmente correr desenfreadamente.
Olhando por este aspecto vamos perceber que as coisas não mudaram muito, o que dá uma impressão de agravamento é que hoje temos mais consoles de peso comercialmente e mais produtoras, além do acesso mais fácil a informação, mas existe algo que torna as coisas realmente piores que é a repetição do próprio produto, e na geração atual não há exemplo melhor para exemplificar isto do que a série Guitar Hero.
A famosa série da EA fez muito sucesso em cima da vontade daqueles que sonhavam em ser rock stars mas que não tinham disposição nem para aprender a segurar uma guitarra de verdade, e acredite, muita gente pira nessa batatinha. Na ganância para vender mais a série se afogou em meio a tantas versões que na verdade não passavam de meras atualizações disfraçadas de novos jogos e o resultado disso todo mundo já sabe, Guitar Hero teve sua continuidade congelada por tempo indeterminado. As vezes os produtores se esquecem que as pessoas jogam para se divertir e não por conta de algumas músicas diferentes em cima de uma jogabilidade praticamente igual ao da versão anterior. Mesmo franquias já consagradas como Zelda por exemplo precisam se reinventar o tempo todo para se manterem, basta pegar como exemplo Twilight Princess que apesar de ótimo mostrou que a velha fórmula já estava gasta, tanto que este foi um dos pontos alegadamente trabalhados em Skyward Sword.
Já que saímos das guitarras e fomos falar de fantasias medievais, outra série que se perdeu em meio a tantas repetições foi Final Fantasy, o que chega a ser irônico de uma série que surgiu com uma proposta nova, aonde suas continuações não possuiam muitas ligações a não ser a base da jogabilidade, alguns easter eggs e o nome. Principalmente após a era PlayStation (o primeiro mesmo) a Square passou a se apoiar muito nos gráficos e cgs com seqüências cinematográficas e na geração seguinte finalmente cedeu as continuações. Esta estagnação de criatividade na jogabilidade em prol dos gráficos criou um desgaste que hoje tem a sua credibilidade um pouco abalada, mas é claro que neste caso basta sair um novo Final Fantasy suficientemente criativo e fica tudo resolvido, então está longe de ser um caso praticamente perdido como foi com Guitar Hero.
Outro caso que não poderia ficar de fora dessa não se trata de um jogo e sim de um gênero inteiro: os jogos de tiro em primeira pessoa. Não importa o console, portátil ou celular, em todos há dezenas deles, todos idênticos mas usando uma máscara diferente, e mesmo os que se destacam já cairam no rotina de lançar uma nova versão de tempos em tempos quase que como uma obrigação. Outro dia tive que encarar a fila da lotérica no Minas Shopping (coisas que só a CAIXA faz por você) e em frente tinha uma loja exibindo um desses FPS famosos que eu nunca decoro o nome. A seqüência de abertura era muito bonita e cinematográfica e tenho que admitir que mesmo sabendo que não é aquilo que faz um jogo fiquei bastante impressionado, mas foi só começar a mostrar o tiroteio de verdade e eu pensei "poxa, se não fosse os gráficos parrudos não ia ter muita diferença de um outro qualquer até mesmo da geração passada". Outro agravante para o gênero é que com a popularização do multiplayer online, muitos estão abrindo mão de um modo solo mais elaborado o que aproxima ainda mais um dos outros tornando-os mais genéricos e repetitivos, cansei de ver a galera reclamando de modos solo bem curtos e exaltando o multiplayer.
No final das contas eu volto naquilo que sempre falo, se as empresas estão investindo nesse modelo de negócio é porque estão vendendo, e se estão vendendo é porque tem gente comprando, leia-se nós jogadores. Isso só me leva a crer que de duas uma, ou a galera está muito satisfeita com isso, o que me faz parte de uma minoria e ae não tem jeito, é me contentar e me virar com o que tenho disponível ou então as pessoas são acomodadas demais, reclamando eternamente mas não fazendo nada, apenas alimentando o bolso das produtoras. E vocês, o que acham de tudo isso?
* Revisado em 08/01/2013 às 00:14:18
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