Não sei se é fato, ou simplesmente falta de informação minha, mas Belo Horizonte não é um lugar que recebe lá muitos eventos exclusivamente relacionados a jogos. Se eu estiver errado por favor me corrijam, porque eu realmente prefiro estar errado a respeito disso. Mas enfim, alguns dias atrás lá na Alvanista, fiquei sabendo que iria rolar o Minas Games Festival, que não fazia ideia da existência, mas hey, essas oportunidades não dá para perder, não é mesmo? O evento rolou entre os dias 18 e 21, lá no Oi Futuro, no alto da Afonso Pena, bairro Mangabeiras, e contou com diversas atrações como workshops, oficinas, game jam, exposições, apresentações musicais e exibição de filmes. Tudo de graça!
Como eu não moro em BH e o evento coincidiu justamente com a semana de E3, que para mim foi uma correria danada, acabei indo apenas no domingo, então entendam, o que falarei aqui só diz respeito a esse dia.
Primeira coisa a dizer: em se tratando de dimensões e público, foi um evento pequeno. Eu não tenho noção de quantas pessoas transitaram por ali, mas obviamente não chega nem perto de eventos maiores como a BGS. Mas isso não foi sinônimo de coisa ruim. Apesar do espaço pequeno as vezes ter ficado um pouco apertado pela quantidade de pessoas, e por vezes um pouco abafado também (felizmente estava um dia mais fresco), no geral eu achei tudo bem organizado, e não presenciei nenhum tumulto ou qualquer tipo de confusão.
Logo na entrada, haviam quatro Xbox, que a princípio eu havia pensado serem todos One, mas pelos jogos deviam ter 360 também. Então quem quisesse dar uma paradinha e jogar, podia experimentar Kinect Sports, Mortal Kombat, PES 2014 e Just Dance (Kinect, não sei qual versão). Obviamente, alguns jogos atraiam mais crianças enquanto outros os marmanjos, e como sempre, o mais engraçado era Just Dance.
Andando mais um pouco, uma cena que a muitos anos eu não presenciava: um monte de gente em volta de fliperamas! Pois é, colocaram dois por lá, e claro, só tinha gente velha jogando. Eram duas máquinas dessas multijogos, provavelmente rodando um Mame da vida (o que eu achei meio zoado para um evento assim, mas enfim), mas só se via The King Of Fighters e alguma Street Fighter antiga rodando.
Próximo, havia um pequeno estande dedicado a desenvolvedores indies locais, mas falo sobre eles depois. Uma grande linha do tempo ocupava o fundo do salão, com direito a exposição de vários consoles, dos mais antigos aos mais atuais, todos muito bem conservados. E no fundo, uma área reservada para crianças, onde elas podiam se divertir desenhando, colorindo, rabiscando... essas coisas que nós fazíamos quando pequenos nas paredes de nossos pais.
As apresentações de filmes estavam acontecendo no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, que faz parte do lugar, mas acabei não entrando para ver, cheguei após a distribuição de ingressos e inicio das sessões. E por fim, é claro, um bocado de gente fazendo cosplay dos mais variados personagens, posando para fotos o tempo todo.
Mas o que eu achei mais legal foi o espaço dedicado aos desenvolvedores indies, que eu citei lá em cima. Devido ao espaço reduzido, ao invés de ter vários estandes, cada equipe tinha um tempo determinado para apresentar o seu jogo. Eu pude conferir dois deles.
O primeiro foi Zon, um jogo de ação com foco em sobrevivência, com um visual bem bacana e original, ambientado em um sertão futurista e distópico, baseado na obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos... yeah! A três meses em desenvolvido por quatro estudantes da PUC Minas, para um projeto do curso de Graduação Tecnológica em Jogos Digitais e utilizando a engine Unity, já era possível experimentar uma demo em estágios bem iniciais, então não deu para avaliar muito da jogabilidade. Mas pude testar um pouco das mecânicas básicas, como alguns movimentos especiais para acertar os inimigos, o que gasta uma barra energia e te obriga a ir atrás de água e comida, além de andar pelo cenário, que tem boa parte gerada aleatoriamente, fazendo com que cada pessoa tenha uma experiência diferente. A previsão é que fique pronto em outubro desse ano.
O outro que pude conferir foi Wells, um jogo de tiro com progressão lateral, bem ao estilo do saudoso Sunset Riders, só que com visual steampunk. Apesar da minha pífia desenvoltura com mouse e teclado (havia um problema com o joystick disponível), o jogo está bem divertido, com destaque para as balas que ricocheteiam nas paredes e objetos, dando um toque mais estratégico em alguns momentos. A variedade de armas e ação, incluindo perseguições de moto, fazem com que o jogo não se torne muito repetitivo. Feito pela Tower Up Studios a um ano e meio, com uma equipe de cinco pessoas, o projeto que começou como um TCC e também está sendo desenvolvido em Unity, ganhou o primeiro lugar por voto popular no Festival de Jogos do SBGames 2014, além de ter sido um dos finalistas nacionais na Microsoft Imagine Cup 2015. A previsão de lançamento é para o segundo semestre do ano que vem, a princípio para PC, mas segundo o Diogo e Jadson, que foram os desenvolvedores com quem conversei, a equipe vai tentar levar o jogo para outras plataformas.
Foi bacana ter um evento desses mais próximo de casa, sem ter que pegar um avião para outro estado. Ainda que pequeno, o lugar esteve bem movimentando, o que prova que há público suficiente para este tipo de iniciativa por esses lados, falta só interesse de mais organizadores. Vamos torcer para que aconteça mais vezes.
* Revisado em 11/09/2016 às 01:41:14
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