Análise de Um Jammer Lammy - Antes da febre dos jogos musicais envolvendo guitarras, Um Jammer Lammy já entortava dedos nos controles do primeiro PlayStation.
Embora a série PaRappa The Rapper nos dias de hoje seja considerada um clássico do primeiro PlayStation, não são muitos os que tiveram a oportunidade de jogar o jogo do cachorro rapper. Não é de se estranhar então, que menos pessoas ainda tenham jogado o seu spin-off, Um Jammer Lammy.
Se passando após PaRappa The Rapper, o jogo narra a aventura da tímida guitarrista Lammy para chegar a tempo no show de estreia de sua banda, MilkCan, um power trio formado pela própria Lammy, a já conhecida da série Katy Kat no baixo e Ma-san na bateria. Enfrentando os mais inusitados, estranhos e engraçados obstáculos em seu caminho, passando por prédios em chamas até centenas de coelhos bebês chorando, Lammy também precisa superar a sua timidez, mentalizando sempre a sua guitarra, que é como ela se sente mais confortável. Essa linha do bizarro cômico japonês obviamente dá um toque de originalidade ao jogo, sem apelar ao esteriótipo do "rock do mal".
Apesar de não ser centrado em PaRappa, é até complicado chamar Um Jammer Lammy de um spin-off, visto que mecanicamente ele é idêntico ao título anterior, com a diferença que ao invés das rimas, nós temos as notas da guitarra de Lammy completando as músicas. Para quem nunca jogou nada da série, é um jogo musical bem simples, onde um verso é cantado por um instrutor e você precisa fazer o verso seguinte no mesmo ritmo, apertando a mesma sequência de botões conforme os mesmos vão sendo indicados na tela. De acordo com os seus erros e acertos, um indicador de performance vai sendo atualizado e é preciso mantê-lo alto para conseguir passar de fase. E aqui nós temos as mesmas qualidades e defeitos do jogo principal. A sensação de estar realmente tocando a música quando se acerta as notas continua sendo o grande mérito e destaque, há músicas e sequencias com as quais é impossível não se empolgar e realmente se sentir tocando um instrumento. No entanto, as indicações na tela continuam não muito confiáveis, sendo em vários momentos melhor confiar nos ouvidos para acertar o ritmo. Porém desta vez, o status "Cool", que permite entrar no modo freestyle, onde você toca a guitarra livremente sem nenhuma indicação na tela, pode ser acessado desde o princípio, apesar de ainda ser bem difícil de alcançar, necessitando várias sequencias perfeitas. Um Jammer Lammy também contém canções bem mais difíceis que as de PaRappa The Rapper no geral, muito mais rápidas e complexas.
E não somente as mecânicas foram herdadas de PaRappa The Rapper, mas também o visual, com personagens chapados parecendo papel, mas muito bem feitos e bonitos até hoje. O estúdio NanaOn-Sha, ainda sob comando do músico Masaya Matsuura, mais uma vez também acertou muito nas músicas, que são essenciais para compor a sensação quase única que a série proporciona, passando por diferentes estilos de rock, com uma trilha sonora excelente, daquelas que dá para ouvir tranquilamente quando não se está jogando. Garanto que se vocês colocarem "Got to move!" para tocar em algum lugar que ninguém entende de jogos, ninguém nem vai desconfiar de que se trata de uma música de jogo.
Mas enquanto PaRappa The Rapper não oferecia muito depois de finalizado, Um Jammer Lammy tem algumas opções interessantes para um ou dois jogadores, seja em modos cooperativos ou competitivos. E não somente isso, também é possível jogar novamente as fases, com exceção da primeira, com o PaRapa, com uma versão alternativa da história e todas as músicas alteradas para rap. É basicamente um PaRappa The Rapper 1.5! Eu confesso que tive um pouco de dificuldades ao jogar com o rapper, as músicas dele são bem mais cadenciadas do que as de Lammy, então leva um tempo para se acostumar. Inclusive existe um modo competitivo que mistura os dois personagens, onde um verso é cantado/tocado como rock e o seguinte como rap, podendo causar uma bela confusão mental.
Mas Um Jammer Lammy também é cercado de uma certa polêmica, mais especificamente em sua versão americana. Não sei se faz diferença para alguém, mas lá vai um spoiler da história, ok? Nas versões japonesa e europeia, na introdução da sexta fase, Lammy morre e vai parar no inferno, onde deve tocar junto a uma banda famosa do submundo em troca de ter a sua vida de volta. No ocidente o trecho foi alterado, assim como alguns versos da música, e Lammy vai bizarramente parar em uma distante ilha. Apesar disso, mecanicamente o jogo não sofre maiores alterações e a música é praticamente a mesma. Não preciso nem dizer que isso faz as plaquinhas do "censuraram o meu jogo" erroneamente se erguerem quase que imediatamente.
Felizmente, para quem procura o disco original para a coleção, a versão japonesa costuma ser bem mais barata do que a ocidental, e assim como em PaRappa The Rapper, é possível deixar as legendas todas em inglês, facilitando bastante. O único porém é que assim como muitos jogos da época, os PlayStations não rodam as versões japonesas normalmente, sendo necessário que o seu console possua um chip de desbloqueio ou que seja utilizado um código de Game Shark.
No Japão também foi lançada uma versão para fliperamas desenvolvida pela Namco, que é idêntica a versão para consoles, mas possuí um controle em forma de guitarra. Há alguns anos, o jogo ganhou versões para PlayStation 3 e PSP através do PSOne Classics, na PSN.
Assim como o título do qual se originou, Um Jammer Lammy possui as suas falhas mecânicas, mas é de longe um dos melhores títulos do PlayStation original, assim como dentre outros jogos musicais. Aquela sensação de euforia ao acertar as notas ao fazer uma sequencia com muitos botões é conseguida de uma forma que poucos jogos do gênero conseguem, e isso tudo sem tentar em momento algum ser um simulador de guitarra, como é tão comum em jogos mais recentes.
Então não percam mais tempo, peguem o seu controle, mentalizem as suas guitarras e Vão Tocar!
Um Jammer Lammy segue os passos de seu predecessor, sendo um ótimo jogo de música e ritmo, onde a sensação ao acertar uma sequencia e se sentir realmente tocando uma guitarra é o grande destaque. Desta vez o jogo oferece um conteúdo um pouco mais extenso, mas o problema em conseguir identificar o momento correto de apertar os botões seguindo as indicações na tela ainda persiste. Avaliado noPlayStation (entenda o nosso sistema de notas)
Compartilhe