Um jogo de plataforma com a simplicidade e primor dos tempos áureos da quarta geração.
Jogos de plataforma já foram o ápice da indústria de jogos, infestando os nossos velhos consoles com toda sorte de títulos, alguns excelentes, outros nem tanto. Porém os tempos mudaram, outros gêneros começaram a tomar conta do mercado, a fórmula começou a ficar desgastada e os estúdios tiveram que inovar, para nossa felicidade, claro. Títulos como Braid e Super Meat Boy nos mostraram que simplesmente pular na cabeça de adversários e chegar ao final da fase já não era mais suficiente, era preciso de uma mecânica mais desenvolvida. Mas se tem uma empresa que não largou a velha fórmula ao longo dos anos e conseguiu muitas vezes ser bem sucedida, essa empresa é a Nintendo.
Principalmente após New Super Mario Bros. (DS), ela tem apostado ativamente em resgatar alguns clássicos do gênero, como foi o caso de Donkey Kong em Country Returns (Wii / 3DS) e Tropical Freeze (Wii U). E no Wii U ela resolveu trazer de volta mais um destes títulos, transformando o clássico Yoshi’s Island no fofo Yoshi’s Woolly World.
Eu sei que houveram vários títulos da série ao longo do tempo, mas eu particularmente só joguei o primeiro para o Super Nintendo, o que eu acredito ser a realidade de muitos por aqui. Yoshi’s Island foi de longe um dos melhores jogos de plataforma que já joguei, ter a chance de reviver aquela experiência sem dúvida foi um grande atrativo na compra do novo jogo.
E é impressionante o quanto os controles são extremamente parecidos, parece que você simplesmente pulou de uma fase para outra, ao invés de consoles e gerações. Só não afirmo com certeza absoluta por eu não ter o cartucho de Yoshi’s Island para comparar, sabem como memória é algo traiçoeiro né. Aliás, é aquele típico jogo onde os controles são tão bem feitos, que não dá para culpá-los quando se morre em uma fase, o que aliás, não faz mais com que você perca uma vida porque não há mais sistema de vidas. Apesar de termos basicamente os mesmos movimentos, como pular com direito a dar aquela "corridinha" no ar e engolir os inimigos que após serem cagados, literalmente, em forma de ovos novelos de lã, são utilizados como munição, existe uma grande diferença: não há o Mario bêbe, com aquele choro infernal que tanto nos atormentou no passado.
Outra coisa que também lembra bastante o título do Super Nintendo é a parte de exploração. Para quem não se lembra, apesar da base dos jogos de plataforma estar ali, existiam alguns itens que podiam ser coletados pelo cenário, como um objetivo secundário, que apesar de algumas adaptações, continuou com uma pegada bem parecida.
O primeiro deles é simples, você deve chegar ao final da fase com a energia cheia. Começando com dez e podendo chegar até vinte, ao invés de morrer simplesmente ao ser tocado, um círculo de corações em torno de Yoshi é o que dita se você continua ou não a fase. Apesar do número, a maioria dos ataques acabam levando pelo menos uns cinco corações, então não se animem muito.
O segundo, são as vinte pedras preciosas com carimbos. Ao invés de moedas, várias dessas pedras podem ser coletadas e utilizadas como o dinheiro no jogo, mas algumas delas escondem carimbos, que quando acumulados em uma determinada quantidade, liberam mais imagens para serem utilizadas em posts do Miiverse.
O terceiro são os cinco novelos de lã especiais. Eu não contei sobre a história do jogo né? Os Yoshis estavam lá de boa no canto deles, quando Kamek, aquele mesmo mago que seqüestra os irmãos Mario no primeiro jogo, aparece e transforma quase todos eles em novelos de lã, que são distribuídos pelas fases. Então ao coletar os cinco presentes em cada uma, você libera um novo Yoshi para jogar. Em termos práticos não tem diferença nenhuma, é puramente estético, mas...
Por fim, assim como no Super Nintendo, temos também cinco margaridas para coletar. Se você juntar todas de um mundo, habilita uma fase especial, normalmente bem difícil (mesmo), sem checkpoints e também com seus itens colecionáveis. Elas também aparecem na "linha de chegada" da fase, se você passar alguma exatamente quando o marcador estiver em cima, vai para uma fase de bônus, que eu achei meio sem sal e só serve para conseguir algumas pedras preciosas extras.
Ah, esses itens não precisam ser coletados todos juntos e tirando o objetivo de terminar a fase com a energia cheia, você também não precisa coletar todos em uma única rodada, o que é uma mão na roda.
Outra coisa que foi resgatada foram as transformações do Yoshi, mas de uma forma um pouco diferente. Antes você tinha uma bolha de transformação, em que Yoshi virava algum tipo de veículo, como escavadeira ou helicóptero, por um tempo limitado. Agora essas transformações ficaram restritas a alguns trechos bônus, que podem ser acessados através de portas especiais, normalmente guardando alguns colecionáveis, mas não são obrigatórios para o término da fase. Apesar de eu preferir do modo que era antes, não deixou de ficar legal, as novas transformações são bem inusitadas e divertidas.
A dificuldade é uma incrível montanha-russa, você vai do céu ao inferno em vários mundos. Tudo bem que boa parte da dificuldade está associada a explorar as fases para conseguir todos os colecionáveis e isso pode ser ignorado, embora eu não recomende, mas nos últimos mundos assusta um pouco. Não chega algo em um nível absurdo, mas confesso que eu tive alguns "rage quits" nos dois últimos.
Porém ser por um acaso você sentir que a coisa está muito feia, não tem problema, o jogo te oferece alguns facilitadores. O primeiro deles, disponível a qualquer momento é o Mellow Mode. Enquanto no modo normal Yoshi pode dar a sua famosa "corridinha no ar", que lhe permite flutuar por alguns segundos e alcançar lugares distantes, no outro modo Yoshi ganha asas e pode flutuar indefinidamente.
Como moleza pouca é bobagem, também há o sistema de badges. Antes de iniciar cada fase, você pode usar as pedras preciosas já coletadas para comprar um desses itens, que lhe fornecem vantagens variadas durante as fases uma vez por compra, como por exemplo, ser salvo toda vez que cair em um buraco, dar maior resistência a danos ou indicar itens escondidos no cenário. Com o Mellow Mode ativado é até mesmo possível passar de uma fase simplesmente comprando um desses itens. Embora alguns possam parecer estragar completamente o jogo por retirar o desafio, eles são completamente opcionais e utilizá-los ou não fica a critério de cada um. Eu confesso que utilizei alguns, em especial o de achar coisas escondidas nas fases em que eu já estava perdido demais com isso.
A divisão de fases ainda segue a linha antiga, com a diferença que agora você tem um hub tridimensional, semelhante ao que ocorre em Super Mario 3D World, mas ainda no velho esquema de oito fases, com dois castelos por mundo. Claro que no final de cada um há uma batalha contra um chefe, que eu particularmente achei bem simples e até mesmo fáceis, porém bem divertidas, incluindo a batalha final. Aliás, o último castelo é um grande puzzle que me deu uma pequena surra. No hub também você encontra algumas tendas onde e possível ver Yoshis resgatados, músicas das fases, inimigos vistos, etc.
No geral level design é excelente. Primeiro pela questão dos itens escondidos, tudo é feito de forma que sempre tenha um detalhe ou outro que chame a sua atenção, e ao vasculhar corretamente, encontrar uma pequena área secreta. Eu quis fazer 100% do jogo, então as vezes foi preciso vasculhar algumas fases várias vezes, mesmo com a badge de itens escondidos ativa, para conseguir isso. Mas os desafios mecânicos as vezes também me surpreenderam positivamente. Embora boa parte das fases, em especial as primeiras, sejam compostas de desafios bem tradicionais de jogos de plataforma, várias outras receberam incrementos diversos e abusaram da temática de objetos de lã, de formas extremamente criativas. De certa forma, é como se várias na verdade fossem grandes puzzles, que necessitam ser resolvidos para que você possa seguir em frente. Eu só achei uma pena que a ideia de atravessar portas e ir para o outro lado da fase, que eu cheguei a mostrar em vídeo um tempo atrás, tenha sido tão pouco utilizada. Eu particularmente gostei muito das fases das cortinas e a de sombras, quem jogou vai saber do que eu estou falando, deixemos assim para não estragar a surpresa. Ah, e claro, as fases onde o bom e velho cãozinho Poochy está presente são sempre ótimas.
E claro, tudo isso fica melhor ainda quando embrulhado com um lindo papel de presente... ou melhor, com muita lã. A direção de arte desse jogo é espetacular, apesar de já termos visto algo parecido antes em Kirby Epic Yarn, mas aqui não só o contorno dos personagens é feito de lá, como também todo o preenchimento deles. Para compor o restante, também são utilizados muitos outros itens relacionados a bordado e costura, como botões, agulhas de crochê, almofadas de agulha e afins, fora outros elementos dos mundos, como fogo, gelo, etc. E é tudo extremamente detalhado, cada canto de fase tem uma coisinha para ser observada.
Assim como a grande maioria dos jogos atuais da empresa, claro que Yoshi’s Woolly World também tem suporte aos amiibos. Ao utilizar os bonecos você libera novos tipos de Yoshi além dos que você resgata nas fases, como Mario Yoshi e Samus Yoshi, por exemplo. Aliás, quem aqui não lembra do amiibo de lã gigante que foi feito especialmente para o jogo?
A trilha sonora é outro ponto alto, sendo composta majoritariamente por músicas bem relaxantes de violão, salvo algumas bem vindas exceções. A variedade é imensa, e embora haja alguma repetição de melodias, grande parte das fases tem a sua própria música. Apenas uma que eu achei um pouco estranha, não pela qualidade dela, até porque era muito bem feita, mas porque achei que não combinava com o clima da fase. Mas com certeza é uma trilha sonora excelente para se ouvir mesmo fora do jogo.
E claro que tudo isso leva ao maior efeito conseguido por Yoshi’s Woolly World: a sua capacidade de derreter até o mais duro dos corações. Não importa se a pessoa gosta ou não de videogames, se ela prefere Call Of Duty a qualquer outra coisa, é bater o olho e abrir um sorriso de orelha a orelha. Eu vi na minha frente casais começarem a falar que queriam ter filhos só de ver o jogo... é sério! Mas para uma mostra um pouco menos exagerada, basta ler os comentários da Angela a respeito ou escutá-la falando sobre ele no nosso podcast de melhores de 2015. Aliás, até os comentários na comunidade do Miiverse são carregados dessa fofice, várias declarações de amor foram postadas, tanto entre casais como de pais para filhos. Olha, eu não sei o que a Nintendo fez para conseguir isso, mas o dia que conseguirem jogar essa parada em um console, é adeus para Sony e Microsoft.
Yoshi’s Woolly World é com certeza um excelente título para o Wii U, embora tenha passado desapercebido por muita gente e sites especializados. Ele não trás nada de inovador ao gênero, nem tenta fazer nenhum uso do GamePad, mas sua jogabilidade excelente aliada a um também excelente level design com elementos de exploração, além de toda a competência da parte técnica, faz com que com certeza ele seja um título que merece ser jogado, até pela vibe "we are the world" que ele trás. Além de tudo ele ainda permite que até duas pessoas joguem juntas ao mesmo tempo, o que por experiência própria eu digo que é sempre motivo para muitas risadas.
Então todos passando por campos floridos mortais porque eu sou alérgico a pólen, correr até o Wii U mais próximo e Vão Tricotar!
o que posso dizer... um jogo do Yoshi no maximo da sua fofolice. por videos e pelo post, vi que o game tem o espirito do Yoshi 64 (que é um jogo injustiçado) queria ter um WiiU para jogar esse game.
Eu acho que de todos os jogos da série que eu não joguei, Yoshi Story é o que eu mais tenho curiosidade, eu sinto que ele é aquele tipo de jogo meio injustiçado pela galera.
quando se fala em yoshi me recordo de super mario world e dos bons jogos de antigamente!!! ainda bem que a nintendo ainda gosta da velha fórmula!!! valeu
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