Os caminhos da espada e a balada dos campeões: a Hyrule expandida de Breath of the Wild
Análise de The Legend of Zelda: Breath of the Wild - The Master Trials (DLC) e The Legend of Zelda: Breath of the Wild - The Champions’ Ballad (DLC) - As aventuras de Link para provar-se o "Herói de Hyrule".
The Legend of Zelda: Breath of the Wild é por si só um jogo excelente em vários aspectos, sendo uma experiência completa na medida em que o jogador queira explorar o seu mundo. Por mais que cada um possa ter a sua ideia do que poderia estar incluso em Hyrule, dificilmente alguém irá reclamar de um conteúdo escasso. Ainda assim, a Nintendo planejou duas DLCs para o jogo, algo até então inédito em toda a série principal.
Em linhas gerais as atualizações trouxeram várias pequenas adições, mas com alguns itens bem úteis, como a excelente sela que permite seu cavalo teletransportar-se até você, ou o modo que permite saber por quais cantos do mapa você já andou, além de uma grande quantidade de novas armaduras. Tudo acessível através de missões secundárias bem simples.
Porém um tropeço que as atualizações dão é justamente com relação às armaduras. Embora elas tenham efeitos diversos e úteis, além de fazerem referência a outros personagens da série, o que por si só já é bem legal, elas simplesmente não podem ser melhoradas nas fadas, o que acaba restringindo o seu uso ao inicio do jogo. No meu caso foi meio triste pegá-las, usar um pouco e depois voltar para as que eu estava utilizando anteriormente, por serem muito mais resistentes. Talvez quando eu animar jogar no modo difícil, outra adição das atualizações, elas façam um pouco mais de sentido.
Os caminhos da espada
A atualização The Master Trials tem como ponto principal um desafio proposto pela Grande Árvore Deku, com a finalidade de fortalecer a Master Sword. Nele você é teletransportado para o Santuário da Espada, um local com diversas salas repletas de inimigos, que devem ser transpostas sem nenhuma de suas armas, escudos, arcos, armaduras, itens ou comidas.
O desafio, dividido em três partes, me fez ter que colocar em prática tudo aquilo o que eu aprendi de técnicas de combate ao longo do jogo, explorando muito bem os inimigos e criaturas. As primeiras salas foram bem tranquilas, mas conforme fui avançando, as coisas ficara muito, mas muito tensas! O pior de tudo é que não é possível salvar enquanto se está no desafio, o que no terceiro nível, em que eu devo ter gasto cerca de duas horas para finalizar, acabou sendo bem chato e até mesmo desnecessário.
Apesar de ser curto, o desafio funciona bem como um modo do jogo focado em combate pesado, além de não precisar pisar no freio no quesito dificuldade. Não foram poucos os momentos em que eu pensei que perderia a rodada ao me ver com pouquíssimos corações restantes, e muito mais do que ter habilidade, pensar estrategicamente e ter paciência me foi crucial.
No final de tudo, a recompensa de vencer os três níveis do desafio é bem útil, e é legal ver uma abordagem do jogo completamente diferente do que é visto na campanha. Há também a presença daquele velho sentimento conhecido dos jogadores, a grande satisfação e alívio ao superar um trecho altamente desafiador.
A balada dos Campeões
Esta atualização prometia contar mais sobre os quatro campeões de Hyrule, acrescentando novos trechos de história, desafios e uma Besta Divina extra. Mas embora tecnicamente isso tudo tenha sido cumprido, no quesito de história as coisas foram bem mais diferentes do que eu esperava.
Nos é colocado um novo desafio para que possamos jogar com Link, que consiste em cumprir uma série de pequenas missões junto as quatro raças principais de Hyrule, que irão nos levar a novos santuários, e no final das contas, à algumas memórias extras que contam como Zelda recrutou cada um dos campeões. E basicamente é isso que é aplicado de história, o que é um pouco decepcionante para quem quer conhecer mais dos campeões, ou até mesmo ter a chance de controlá-los.
Existem alguns aspectos que até são bem explorados, como por exemplo, o motivo de Urbosa ter tanto carinho por Zelda, mas outros acabam sendo levados de forma rasa e clichê, como a relação entre Link e Mipha, desperdiçando a chance de explorar um aspecto do personagem nunca visto antes, ao menos não de uma forma realmente madura. Além das memórias, também são acrescentados os diários dos campeões, que ficam disponíveis em suas respectivas terras natais, mas que exploram muito pouco além das cenas exibidas, servindo mais como um complemento.
Infelizmente ainda ficamos na vontade de entendermos mais sobre os personagens, ou vermos melhor como eles eram em meio ao seu povo. A vontade da maioria com certeza seria a de poder jogar com cada um deles em pequenas aventuras, mas tivemos que nos contentar com Link refazendo os seus passos, ainda que isso tenha nos levados a momentos belíssimos.
Por outro lado, a parte final do desafio me surpreendeu muito e me colocou um sorriso de orelha a orelha. Ao passar pela Besta Divina extra, que apesar de ser bem diferente das outras, tem uma estrutura interna bem similar, eu me senti agraciado com a melhor batalha de chefe do jogo, um dos poucos pontos fracos da campanha principal. Não que ele seja surpreendente (ok, talvez um pouco) ou revolucionário, mas a batalha conseguiu resgatar a essência do que acontecia nos títulos anteriores, se utilizando bem do novo sistema de batalha e as diversas bugigangas que Link possuí em sua Sheikah Slate.
Além de receber a divertidíssima moto no final, A Balada dos Campeões, ainda que de forma torta e inusitada, conseguiu me entregar mais um excelente experiência em um dos melhores jogos que já joguei.
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É claro o foco da Nintendo em mecânicas sobre história ou ambientação nessas atualizações, o que é até compreensível quando em retrospecto vemos o longo tempo de desenvolvimento do título, mas segue a expectativa de que essa Hyrule, tão bem construída e rica em detalhes, possa voltar a ser explorada no futuro, seja em um novo jogo ou em outras mídias.
The Campions’ Ballad não entrega a história que gostaríamos de ver, mas consegue acertar muito em outros aspectos, ao ponto desse detalhe não incomodar tanto. A atualização também nos agracia com a mais divertida e criativa batalha de chefe do jogo, remetendo aos clássicos da série. Avaliado noWii U (entenda o nosso sistema de notas)
The Master Trials traz um bom conteúdo, com um excelente desafio para aqueles que querem explorar melhor as suas habilidades de combate, em um jogo que não se concentra muito nesse aspecto. A obrigação de passar cada um dos três níveis de uma única vez sem a possibilidade de salvar pode ser um pouco incômoda, mas não estraga a experiência como um todo. Avaliado noWii U (entenda o nosso sistema de notas)
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