Vão Jogar!
Todo mundo sabe que eu amo Super Metroid, colocando-o a frente de clássicos como Chrono Trigger ou Final Fantasy VI. Claro que eu poderia recorrer a um zilhão de parâmetros técnicos para justificar isso, e provavelmente a maioria deles estariam certos, porque Super Metroid é de fato um dos melhores jogos já feitos, mas a real é que o que define isso é pura e simplesmente gosto. E uma das coisas que me faz mais gostar desse jogo é a sua trilha sonora.
Se você nunca jogou Super Metroid e pegar para escutar agora suas músicas, provavelmente nem vai acha-las lá grandes coisas, vão ser sempre músicas de ambientação que dificilmente você vá animar escutar no seu dia a dia. Eu mesmo raramente a escuto. Mas quando você está ali jogando, no controle de uma mulher sozinha em um planeta extremamente hostil, aquela trilha sonora tranquila, de momentos quase silenciosos, faz com que você se sinta exatamente como Samus deve estar se sentindo: solitária. Não importa se são sprites bidimensionais nada realistas, existem horas em que você vai se sentir muito apreensivo, praticamente com medo.
Eu acho incrível jogos que conseguem fazer isso.
E como amante de trilhas sonoras, é claro que é comum eu escutá-las no meu cotidiano. Pode parecer um fanatismo exacerbado, mas é uma forma que eu encontrei de experienciar um jogo além da jogabilidade e em momentos em que eu não tenho como jogar, como no trabalho por exemplo. Escutar "Opened Way" me trás praticamente os mesmos sentimentos que tenho ao utilizar um DualShok 2 para escalar um colosso, e não é por menos que eu sempre a recomendo como música motivacional para esses pequenos gigantes que temos que ir matando ao longo do dia.
Por essa ligação de experiências, também não é incomum eu recorrer a uma trilha sonora quando estou com vontade de jogar um jogo, mas não o tenho e nem acho para comprar. Muitas vezes são músicas que nem fazem o meu estilo e que eu não ouviria normalmente, mas que remetem a determinado título de tal forma, que essa "saudade" consegue ser suprida em parte. Por exemplo, eu adoro o jogo REZ (Dreamcast / PS2 / PS3), mas não o tenho e nem curto música eletrônica, porém várias vezes escuto suas músicas, principalmente a da "Area 5", só para relembrar aquelas fases psicodélicas. Recentemente também peguei para escutar a trilha de Bust A Move (Bust A Groove desse lado do mundo), um jogo de dança e ritmo do PSOne, só porque fiquei com vontade de jogá-lo mas não o encontro para comprar. Foi legal notar o quanto certas músicas realmente são bem feitas, além de perceber detalhes que na época me passaram completamente desapercebidos, como as guitarras sem distorção na fase do personagem Heat, ou o berimbau sendo tocado de fundo nas viagens intergaláticas de Capoeira.
Não é por menos que eu, assim como várias outras pessoas com certeza, fico extremamente empolgado quando fico sabendo que alguma orquestra resolveu tocar grandes clássicos dos jogos. Por exemplo, mesmo não gostando de Final Fantasy, não vou negar que bateu aquela vontade de escutar as músicas tocadas recentemente pela Orquestra Sinfônica de Londres, no álbum Final Symphony. E nem preciso dizer o quanto eu gostaria de ir a uma apresentação da Symphony Of The Goddesses, só para escutar ao vivo aquelas músicas sensacionais que vem no disco musical que acompanha Skyward Sword. Também já passei horas escutando o trabalho magnífico do pessoal do Zelda Reorchestred, principalmente as versões de músicas dos jogos mais antigos da série.
É uma pena, que embora muitas pessoas digam apreciar boas trilhas sonoras, poucas realmente se importem com isso. Eu troco facilmente toda a tecnologia gráfica e de realidade virtual, por sistemas absurdos de som implementados em jogos, que me façam sentir ainda mais dentro daqueles ambientes em que gastamos tantas horas de nossos dias. E que músicos sejam tão valorizados pelos jogadores, tanto quanto programadores e modeladores de personagens são, e assim possam criar mais e mais composições quem abarquem as nossas vidas além dos joysticks.
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