Primeiramente gostaria de esclarecer que eu andei sumido devido a uns compromissos pessoais (trabalhos finais de curso e etc). Felizmente, agora estou livre para poder jogar joguinhos e falar besteiras por aí de novo.
Foi um período bem pé-no-saco pra mim, principalmente por conta do estresse e da viagem diária que eu precisava fazer. A minha sorte é que eu tinha um celular no meu bolso sempre pronto para distrair a minha cabeça quando eu precisava. E, dessa vez, não darei mais motivos para a Angela me zoar pelo meu ex-celular ser um Symbian. Agora eu tenho um Android (mas eu não deixo de gostar do velho OS da Nokia).
2015 foi um ano que eu tive pouco contato com consoles até o final de outubro, por conta das tarefas e afins. Como já disse, a maior parte de tudo que joguei foi no meu celular e queria dividir um pouco essa experiência com vocês, principalmente por até pouco tempo atrás eu ser bem nariz virado para a jogatina mobile. Sim, eu generalizava Candy Crush Saga e os Endless Runner da vida.
Na verdade, eu já joguei vários jogos que vez por outra eu me pegava pensando “ei, esse jogo cairia bem em tal console”, mas era bem difícil. E a culpa era toda minha.
Eu nunca liguei muito pra jogos no celular. Sempre achei que a maioria dos títulos que eu iria encontrar eram variações diversas de jogos como Candy Crush ou Angry Birds (não sou fã desses jogos) e, bem, de fato era mais ou menos isso o que acontecia. Isso quando não achava só aqueles joguinhos java bem bem beeeem ruins de se jogar, que parece que foram feitos pra celulares de telas coloridas mais antigos. Eu odiava aquilo.
Lógico, o besta aqui não procurava mais a fundo. Ah! Vale mencionar que eu não tinha um iOS ou um Android nessa época e eram escassos os jogos de ótima qualidade pro Symbian, o que me fazia ficar ainda mais de saco cheio. Entretanto, alguns que consegui achar por aí me fizeram bem feliz, como Spider-Man Total Mayhem e Eternal Legacy, dois jogos de qualidades inquestionáveis e que me fizeram desejar ter esses games num PSP ou DS na época.
Passado um tempo, e muitos lançamentos, eu finalmente pus minhas mãos num Android. Finalmente, eu descobri o poder de console que ele tem.
A biblioteca do Android (e iOS) consegue fazer frente a muito console grande. Além do mais, é a porta de entrada perfeita para o universo indie, afinal, não são raros os casos de jogos que nasceram no Android ou iOS e depois deram as caras na Steam ou PSN. Isso, claro, quando o jogo não é lançado simultaneamente para consoles, PC e celulares, como é o caso de alguns (muitos) que vou citar mais pra frente.
- Mas Somari, por que eu deveria dar uma chance pros jogos de celular?
Por causa de jogos assim:
The Journey Back
The Journey Back é um típico jogo do gênero puzzle que te obriga a pensar, e muito. Eu mesmo cheguei a ficar travado algumas vezes, mesmo a resposta dos desafios estando bem óbvia na minha cara.
O jogo se passa em um lugar desconhecido e gira em torno de você acordando após um acidente e descobrindo que sua irmã não está lá contigo.
O jogo é bem bizarro. As mudanças de cenários são bem drásticas e bruscas, chegando a ser até surreal.
Os gráficos são em 3D e visão em primeira pessoa, com uma jogabilidade bastante diferente e não muito agradável, mas que é compensado pela diversão que o jogo proporciona, muito embora ele seja muito curto.
Apesar de tudo, vale muito a pena jogar esse título. Uma ótima pedida para alguém em uma tarde de tédio qualquer e que busca algo diferente para se jogar.
Machinarium
Esse jogo não surgiu necessariamente nos celulares. Na verdade, ele foi lançado por último nessa plataforma. Mesmo assim, ele anda fazendo a minha alegria fora de casa.
Machinarium é um puzzle com gráficos lindos e uma história bem cativante. A arte parece até algo vindo do Tim Burton.
DuckTales Remastered
Sim, o mesmo DuckTales que saiu pros consoles e PC, também saiu pra celulares. E não faz feio, viu? O jogo não deixa em nada a dever ao seus irmãos maiores.
Não há muito o que falar aqui, afinal, o jogo não muda em nada das demais versões. Tirando um pouco de downgrade gráfico, o jogo é totalmente dublado e a qualidade dos áudios, tanto das vozes quanto das músicas, é exatamente a mesma (use um bom fone de ouvido que você vai ver, ou melhor, ouvir). Eu só recomendo aqui usar um controle físico, tipo um ipega ou algum app para rodar o dualshock 3, pois esse jogo na touchscreen é bem complicadinho, viu?
Gravity Duck
O jogo surgiu naqueles sites de joguinhos em flash, mas fez fama mesmo nas telinhas dos celulares. Gravity Duck é um jogo simples de plataforma com gráficos estilo 16 bits, onde você controla um patinho que recebe o poder de alterar sua gravidade (daí o nome Gravity Duck, sacou? Hein, hein?). O joguinho é bem simplesinho mesmo, mas muito divertido. Sua missão é apenas chegar no fim do estágio sem morrer.
Nihilumbra
Gráficos lindos e jogabilidade incrível, Nihilumbra é aquele tipo de jogo que te faz pensar antes de agir, bem parecido com o que acontece em Limbo. Também disponível na Steam, é um ótimo jogo para se ter no celular para jogar quando se precisa passar o tempo.
Kavinsky (KΔVINϟKY)
Kavinsky é um DJ francês muito influenciado pelos anos 80 e, dentre outras coisas, é muito fã de videogame. E parece que seu amor foi correspondido pelo estúdio Record Makers.
Em Kavinsky (o jogo) há três modos de jogo: o clássico beat’em up, você escolhe se quer a câmera em 3D ou 2.5D, podendo até mesmo “se jogar” em um arcade, ficando com a câmera em 2D e efeitos scanline, simulando uma tela CRT igual dos fliperamas antigos.
O segundo modo é um jogo de corrida, em que você deve desviar dos obstáculos e fugir da polícia utilizando uma icônica Ferrari Testarossa. Tem forte inspiração em jogos como Top Gear e Cruis’n USA.
Por fim, o modo mais diferente do jogo: um modo beat’em up em realidade aumentada. Para funcionar, basta você apontar a câmera para qualquer coisa que possa formar um ponto de referência e o jogo vai rolar sozinho sobre aquela superfície. É bem o que os cartões AR fazem no 3DS. Mas fica tranquilo se você não puder usar a câmera na hora, seja por estar em local inapropriado ou algum lugar escuro, pois esse estágio é opcional e você pode pular e rejogar mais tarde.
Infelizmente o jogo foi feito mais para divulgar o artista do que para ser apreciado como um jogo em si, fazendo com que ele seja bem curtinho com apenas seis estágios (tendo mais para ser lançado futuramente, e provavelmente pagos). Ah! O jogo é grátis, então vale a pena de qualquer jeito.
Superbrothers: Sword & Sworcery EP
Fazia bastante tempo que eu não me apaixonava de verdade por um jogo, bem como fazia tempo que eu não achava algo diferente e novo. Então eu descobri Superbrothers: Sword & Sworcery EP (ou S&S EP).
S&S EP é um jogo do gênero adventure misturado com puzzle em um esquema de jogabilidade point and click: apenas toque (ou clique) para onde você quer ir ou com quem você quer falar ou a ação que você quer fazer. Além disso, possui um sistema de batalha por “ritmo”, bastando apenas você atacar ou defender no timing certo. Explicado o gameplay, vamos ao resto que forma o conjunto.
Os gráficos são fantásticos, feitos pelo estúdio de arte canadense Superbrothers (daí o nome deles no jogo). Apesar de serem pixelarts simples, todo o jogo é desenhado de forma bem estruturada e detalhada. A iluminação é um espetáculo à parte e contribui para o acabamento visual, formando uma verdadeira obra de arte. O jogo é lindo de se apreciar com os olhos.
A história do jogo é algo bastante mindblowing, tendo sido baseado principalmente em coisas psicodélicas e filosóficas. Na essência, é como se um filósofo existencialista usasse um punhado de LSD e fizesse um jogo que te mostra a relação entre a existência humana e sua relação com o mundo e os demais seres, o sobrenatural, os medos os desejos, sendo algo como um paradoxo entre a realidade, os sonhos e os pesadelos, tudo isso numa aventura.
Mas embora tudo isso, seu grande forte fica por conta mesmo da trilha sonora. A propósito, o próprio jogo ressalta essa qualidade fazendo o personagem que te dá as instruções no início te recomendando usar um bom headset para ouvir a maravilhosa trilha sonora. De fato, Jim Gutrhie fez um lindo trabalho nesse jogo. Enfim, Superbrother: Sword & Sworcery EP é um jogo para ser apreciado, sentido, especialmente por ser uma obra de arte que cabe numa telinha de celular e você poder levar para todo o canto.
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Enfim, eu admito que os celulares tem força suficiente para bater de frente com consoles e até mesmo títulos de peso, com conversões de jogos de PC e tudo mais. Não é atoa que temos aparelhos como o Nvidia Shield ou ou antigo Xperia Play, ou até acessórios como o controle ipega e Moga, que transforma seu celular num verdadeiro console. É legal também ver estúdios pequenos investindo bem na plataforma, fazendo dela sua porta de entrada para o mundo dos consoles, assim como é ótimo ver estúdios grandes investindo em atingir ainda mais público e portar jogos com cada vez mais qualidade. O que mata é a cultura das microtransações ou obrigatoriedade de se estar conectado à internet, o que te faz gastar sua franquia de dados como num piscar de olhos, ou pior, te impedir de jogar fora de uma rede wifi, estragando totalmente a proposta de se jogar em qualquer lugar.
Apesar dos pesares, vale muito a pena passar um tempinho jogando nas telinhas dos aparelhinhos.
No mais, tirem seus celulares do bolso, baixem algum joguinho e Vão Jogar!
Ah! E não deixem de comentar suas experiências com a jogatina mobile
* Revisado em 08/11/2015 às 02:20:10
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