Ah, o amor... aquele sentimento tão bonito que une as pessoas, que nos faz gostar das coisas mais fúteis do universo, que seria perfeito se não estivesse tão próximo de outro sentimento: o ódio. Pode parecer um início estranho para um escrito sobre jogos, mas a verdade é que neste mundo de entretenimento eletrônico, amor e ódio são duas coisas muito comuns. Quem nunca ficou maravilhado ao começar a jogar aquele jogo tão aguardado, para depois ficar puto de decepção por conta do final ruim? Isso inclusive aconteceu recentemente com o jogo
Mass Effect 3, exatamente desta forma. Colocar sentimentos no que fazemos é algo completamente normal, e eu inclusive defendo muito isso, como já ouvi uma vez "
tem que ter tesão no que faz" e isto é válido para nossos jogos,
jogar porque gosta e não por obrigação. Também é natural que este sentimento escape um pouco do mundo virtual, e então surge o amor pelas empresas e marcas, o que dentro de um limite não tem problema nenhum. O porém é que muitos ultrapassam este limite.
Na minha opnião o caso que mais evidencia este fenômeno ocorre com a
SEGA. Eu nem vou perder tempo aqui contando a história da empresa, o quanto ela já foi importante, as maravilhas que já produziu e sua trágica história, mas uma coisa é fato: a
SEGA que conhecemos antes não existe mais e hoje não passa de uma produtora mediana, completamente instável e que vive muito mais de nome do que realmente qualidade. Porém durante a sua jornada muitos passaram a admirar a empresa, seja pelos jogos ou pelo o que ela representava, e para estes a sua derrocada foi algo triste. Até aqui continuamos na normalidade, qualquer um fica chateado quando a empresa que gosta vai para o fundo do poço, ainda mais quando esta mesma empresa tem um grande valor histórico, mas o amor é cego e não permite que a verdade seja vista: a
SEGA se
afundou sozinha a si mesma com as próprias mãos. É muito comum colocar a culpa na concorrência para falar porque o
Dreamcast não deu certo, ou que os jogadores não deram o devido valor, eu mesmo
já fiz isso por aqui em momentos passados, mas isso não é verdade, apenas vemos desta forma para manter a boa imagem da empresa em nossas mentes. A coisa costuma chegar a tal ponto, que muitos superelogiam todas as aberrações lançadas com o nome de
Sonic nos últimas anos como se fossem clássicos insuperáveis. Certa vez vi um comentário em um fórum que era muito engraçado de tão bizarro, aonde em uma briga de
Mario x Sonic o cara falava que
Sonic era melhor por ser mais versátil, já que até guerreiro medieval e lobisomem ele já foi... patético né.
Outro tipo de sintoma amoroso além da cegueira e não aceitação da realidade é a supervalorização. Alguns jogos são ótimos mas o pessoal exagera na descrição, como é o caso de
God Of War II, que antes de eu jogar ouvia as pessoas falando que o jogo é sensacional, gráficos ultrafodões, adulto e de história épica. Quando eu fui jogar eu
adorei o jogo, achei realmente muito bonito embora utilize técnicas para disfarçar a falta de capacidade técnica do
PS2, mas não tem
nada de adulto e tão pouco história épica. Na verdade é um bom jogo pipocão, em que você pega o controle, sai batendo em tudo apenas para se divertir com o cérebro desligado, tudo embalado por uma superficial amostra de mitologia grega. Vejam bem, isto não é uma crítica negativa, aliás eu gosto muito de jogos assim, mas na empolgação as pessoas tentam elevar o jogo a um status que ele não tem de fato. Eu peguei como exemplo o carro-chefe da
Sony, mas existe os casos dessas séries genéricas que temos hoje em dia também, que após várias versões exatamente iguais o pessoal aclama como inovadora, revolucionárias e coisa tal.
Agora nada me faz rir mais do que os casos em que o cara gosta de algo, mas tem vergonha de admitir, então fala que odeia. Todas as empresas entram nessa roda, e dessa relação controversa de alguns jogadores surgem as mais bizarras previsões. Quantas pessoas no ano passado durante os incidentes da
PSN não disseram que a
Sony estava a beira da falência de tão grande que foi o prejuízo? Cara, a pessoa dizer que a divisão de consoles sofreu grandes perdas, as ações caíram e tudo mais beleza, mas dai uma empresa do porte da
Sony falir de uma hora para a outra é sacanagem né. A
Nintendo então está para falir desde 2006 quando lançou o
Wii, e até hoje há quem diga que ela não tem mais que alguns anos de vida e que o
Wii U será o seu último console, muitas vezes comparando a atual situação da empresa com a da
SEGA na época do
Dreamcast. Agora alguém me explica a lógica da empresa que mais entupiu o rabo de grana nesta geração se parecer com a moribunda
SEGA de 1999 e estar prestes a falir? E a insistência de que ela precisa levar os seus jogos aos celulares como se fosse a única salvação da falência eminente, sendo que o
3DS apesar do lançamento patético está ae vendendo horrores? Eu adoro esses comentários de previsão furada, sempre que escuto algo do tipo a impressão que tenho é que o cara quer jogar um
Mario da vida, mas tem vergonha de comprar um
Wii ou
3DS e dar o braço a torcer. Eu sempre digo que tudo nesta vida é possível e longe de mim querer dar uma de dono da verdade, mas não existe essa de afirmar algo no achismo.
E mais uma vez eu chego ao final de um escrito concluindo que boa era a época aonde a nossa principal paixão era pelos jogos em si e não pelas empresas ou tipos de jogadores inventados por uma imprensa patética. Aliás, outra paixão que também se deve ter cuidado, já vi muito
retrogamer que rejeita totalmente os jogos novos, incluindo os bons, por simples radicalismo. É preciso que tenhamos gosto por aquilo que jogamos independente da idade, quem produziou ou em qualquer que seja o console, afinal isso é o que realmente importa. Então largue essa sua briguinha infantil nos fórums, sites e blogs da vida e siga o conselho do
Tchulanguero:
vão jogar!
* Revisado em 08/01/2013 às 00:14:19
Compartilhe