Se você não entendeu o parágrafo acima, então imagine o seguinte: você rodando em sites de compra e venda, se depara com um incrível Super Nintendo que foi supostamente adquirido em um leilão e que pertenceu a um (MUITO) famoso e já falecido cantor internacional. Na foto, um Super Nintendo relativamente bem cuidado, um controle em bom estado, uma fonte pirata que custa cerca de 20 reais, uma incrível cópia de 007 GoldenEye e só isso. Bem, se você tiver os R$ 2800,00 que o cara tá pedindo, pode levar numa boa para casa.
Os vendedores de usados perderam a linha e estão piradões. É o saldão invertido! Você pode comprar um Xbox clássico por R$ 1.000,00, um Sega Saturn por 600 ou um Neo Geo CD por 5 mil.
Não tão difícil de acontecer, muitos vendedores que resolvem desfazer de suas coleções jogam os preços lá na próxima galáxia com o pretexto de que seu item é raro e tal. Mas será que isso é justo? Vamos fazer uma análise rápida desse panorama.
Por que é caro?
Não é novidade que, no Brasil, as coisas são normalmente vendidas por preços absurdos. Também não é novidade que algumas pessoas usam dessa desculpa para poderem praticar esses absurdos. É claro que a tendência é que esses consoles, jogos e periféricos, fiquem mais caros à medida que o tempo vai passando e vai ficando mais raro de se encontrar em bom estado para vendas. Eu lembro que lá pra 2005 era possível achar um Game Gear em bom estado e com jogos no Mercado Livre, com preços em torno de 150 ou 200 reais. Hoje, essa é a faixa do mesmo console com defeito. Atualmente, se você quer um Game Gear pra jogar, pode ter certeza que não vai tirar menos que 500 reais do bolso. Outros consoles raros, como Jaguar e 3DO, também chegam fáceis na faixa dos mil reais e todos eles estão dentro de uma perspectiva válida, já que são extremamente difíceis de se encontrar desses por aí funcionando e em bom estado estético.
Outro fator importante para definir os preços desse tipo de produto por aqui é a tiragem, ou quantidade produzida. Isso normalmente tem bastante a ver com a popularidade do jogo quando é localizado, que caso não faça muito sucesso, tem sua produção encerrada. Nesse caso, a coisa pega pros gringos também. Por 270 dólares você pode comprar uma das cerca de 150 mil cópias de EarthBound que foram vendidas na América no período, ou quem sabe não queira levar pra casa uma das 20 mil cópias de Panzer Dragoon Saga, de Sega Saturn, por 600 notinhas americanas? Aliás, não é preciso nem ir muito longe no passado para ver isso. Quando comprei meu Pokémon Heart Gold, em 2010, paguei em uma edição de colecionador cerca de 180 reais. O pacote incluía o jogo, mais o Pokewalker (um acessório que complementa o gameplay), além de uma figure do Ho Oh. Detalhe que o pacote comum do jogo já vinha com o tal Pokewalker incluso. Hoje, não tente achar o jogo por menos de 300 reais e sem acessório nenhum.
Por que é loucura?
Mas sempre tem aquele brasileirinho que gosta de usar a desculpa de que tudo aqui é caro mesmo ou que seu produto é muito superior ao dos outros. Pra esclarecer melhor essa bizarrice: procure no Mercado Livre por um controle e uma fonte original de Super Nitnendo ou Mega Drive. Depois procure por um Super Nintendo ou Mega Drive propriamente dito. Se você não foi procurar, então saiba que, em média, o preço de um console completo e em estado ok, alguns até com algum ou alguns jogos, sai com valor próximo da soma dos valores dos periféricos que citei ali. Uma fonte original de SNES sai por mais ou menos 70 reais, e seu controle uns 80. Pois é.
Obviamente não são todos os que fazem isso. Você consegue achar jogos, consoles e acessórios antigos e em bom estado a um preço justo em vários lugares, mas é chato quando você precisa de algo e não consegue achar a um bom preço em nenhum lugar, assim como preciso de uma fonte de Mega Drive e não encontro uma original a um bom preço. Ou dou bastante risada como o caso do SNES lá do começo do escrito.
Jogo original?
Agora imagina você, procurando aquele cartucho de Super Mario World (que existem aos montes por aqui) e acha uma super promoção na venda pelo valor de 120 reais. A fita está bonita e o vendedor diz que é original mas... com os textos em português? Pois isso é mais comum do que parece e há chances de você já ter comprado uma dessas, inclusive.
Esses cartuchos são chamados de repro e consistem basicamente em trocar o chip ROM de um cartucho original qualquer por uma EPROM com o jogo baixado injetada nela. Ou seja, se você tiver aquele joguinho chato que não vale nem 20 reais largado em algum canto, basta um conhecimento básico de soldagem, um kit de programação, um chip EPROM e um pouco de tutorial na internet que logo você o transforma naquele jogo caríssimo que você desejaria ter em sua coleção.
A prática em si é uma alternativa, digamos, não oficial para você ter aquele jogo que você sempre quis mas nunca conseguiu comprar, e não perde em qualidade já que o processo usa um cartucho original qualquer para isso. O problema aqui é o fato de os vendedores também abusarem dessa prática, vendendo jogos reprogramados como se fossem originais de fato e praticando preços pra lá de absurdos. Ah! E é bom citar que não só jogos lançados oficialmente entram nessa. Hackroms também são postos a venda e também na faixa dos 150 reais.
Isso vai melhorar?
Obviamente, não. A tendência daqui pra frente é sempre piorar e isso não só aqui no Brasil. A união da procura pela mídia original com seus relançamentos digitais nos consoles da geração atual fizeram os preços subirem. Você pode ter uma versão original de um jogo que seus amigos só tem em cópias baixadas na PlayStore ou eShop, ou melhor ainda, ter um jogo (bom) que não foi relançado.
Pra piorar, somado à valorização desse tipo de produto, temos as famosas taxas de importação e o dólar nas alturas, o que torna essa prática basicamente impraticável.
O jeito é dar sorte de conseguir achar o que quer por um bom preço e pegar o quanto antes, já que acaba rápido, como da vez em que comprei um Mega Drive por 60 reais ou meu Sega Saturn Skeleton (transparente) por módicos R$ 16,00 em um leilão no Mercado Livre.
Outra dica também é participar de grupos de colecionadores no Facebook e fóruns, pois normalmente as pessoas nesses cantos vendem seus produtos por preços mais justos.
Enfim resumindo a coisa toda: comprar jogos no Brasil é complicado. Todo mundo sabe disso, mas não custa nada falar um pouquinho sobre.
Gostaria de saber de você, caro amigo, o que acha a respeito desse assunto. Já comprou algum jogo ou acessório usado por um preço absurdamente caro? Se espantou e desistiu? Apareçam aí nos comentários e Vão Discutir!
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