Sem querer parecer demodê, acredito que a maioria de nós passou a ter maior acesso aos games assim que começou a trabalhar e conseguir o próprio dinheiro, uma vez que, mesmo que bem intencionados, nossos pais até nos davam os aparelhos que queríamos, mas o problema é que talvez passasse por suas cabeças que, se a TV da sala ou a geladeira eram eletrodomésticos duráveis (alguns até por décadas), os videogames devessem seguir o mesmo caminho. O empecilho aí é que nós não aceitaríamos de bom grado jogar nossos Ataris até os dias de hoje como nossos aparelhos principais, mas conseguimos sanar este problema.
Mas eu quero sempre mais!
É assim mesmo, faz parte do ser humano querer sempre mais. E, para ajudar, de tempos em tempos novos aparelhos são anunciados, novos jogos incríveis lançados e nossa vontade de jogar sobe até a estratosfera. Lembro-me bem de quando comecei a comprar meus próprios aparelhos. Primeiro veio um SNES, depois um PlayStation, um Nintendo 64. Quando vi, já tinha 10 ou 11 consoles na estante, mas era outra época, eu não conhecia ninguém que gostasse de jogos como eu e também não tinha acesso à internet para comprar peças e jogos para meus aparelhos que estavam estragando. Fiquei muito triste quando o controle de um Sega Saturn estragou e eu não conseguia comprar outro.
Foi então que adquiri meu primeiro computador, comprado de um primo que disse que poderia rodar emuladores com ele. E eu nem sabia o que era um emulador. Tudo o que eu queria era jogar FIFA 2004, mas baixei o Visual Boy Advance. Adorei jogar Mario Kart Super Circuit e Need for Speed Underground GBA. Na tela do meu computador estava escrito "Emulator has you!". Depois disso, decidi me desfazer de todos os aparelhos com a desculpa de que não precisaria de videogames se podia jogar os mesmos jogos no PC.
Admito que não foi a coisa mais inteligente que já fiz, e até já comentei essa história aqui antes, mas eu gostava dos emuladores, afinal, podia jogar os jogos que eu queria na tela do computador e tudo melhorava muito quando usava um controle USB.
Mas um dia eu cansei dos emuladores...
Eu queria jogar na TV...
Todo jogador sabe que nada se compara a jogar frente à TV com controle em mãos e isso os emuladores já não conseguiam me proporcionar. Eu queria ligar um console, assoprar os cartuchos e ouvir o barulho da unidade ótica lendo um CD.
Então desisti dos emuladores...
Eu quero videogames novos, mas...
São caros, eu sei. Comprar e manter uma coleção de algum aparelho não é fácil, mas, felizmente, temos opções viáveis como Steam ou Origin, que entregam jogos novos e antigos a preços acessíveis, desde de que se tenha um computador capaz de rodá-los. Outra opção são os mercados livres da vida, onde jogadores vendem seus jogos a preços (às vezes) baixos. As opções são tantas que hoje me pego defendendo a bandeira dos jogos originais com conhecidos (geralmente alunos meus), algo impensável tempos atrás. Mas acredito que o mundo mudou, o mercado dos jogos mudou e os jogadores também...
Em meio a toda essa mudança de paradigma, me peguei entre a dificuldade de manter uma coleção de jogos e a vontade de tê-los, mas passei a pensar não na vontade de possuí-los, e sim, de jogá-los e, durante uma conversa que tive com um amigo, algo abriu meus olhos. Esse amigo é um verdadeiro colecionador, que mantém todos os aparelhos da atual geração e compra os jogos com certa frequência, portanto, ele não faz uso de pirataria, por exemplo, mas ele me disse que para a atual geração, ou a anterior, ele sempre manterá os jogos originais, contudo, não vê problemas em não fazer isso com gerações passadas. É mais ou menos assim: A SNK que conhecemos um dia e seu NEO GEO ou mesmo o Sega CD não existem mais, portanto, uma eventual pirataria não traria danos às respectivas empresas. Salvo jogos relançados em compilações ou lojas virtuais como eShop, Live, PSN ou o já citado Steam, alguns jogos não são possíveis de serem adquiridos por meios que deem lucros às suas empresas...
Ouya, Flashcards e emuladores...
Como escrevi acima, não concordo mais com emuladores e hoje prefiro comprar jogos originais, geralmente em formatodigital, como alguns títulos que não consegui jogar em sua época e que foram relançados com bons preços. Mas e nosso velho Super Nintendo de guerra? E o Nintendinho? Ok, vários de seus jogos foram relançados, mas em relação aos próprios consoles e a vontade de jogar neles e não em algum aparelho de gerações atuais, o que vale é cartucho e CD. O problema esbarra no preço, algo que já foi citado aqui pelo Somari.
Uma boa alternativa são os Flashcards, cartuchos criados com componentes compatíveis aos seus respectivos consoles que, com uso de cartões de memória, são capazes de armazenar até centenas de jogos. O problema é que são caros. Um flashcard de Nintendo 64 pode custar até R$ 500,00 e um de Super Nintendo pode chegar a quase R$ 1000,00 no nosso querido Mercado Livre. Para alguns pode até ser algo atrativo, mas para a maioria simplesmente não dá. O problema é que, dependendo dos jogos que você queira para o Nintendo 64, por exemplo, bastam 3 jogos para passar dos R$ 500,00 do Flashcard.
Outra opção são consoles criados com a possibilidade de rodar jogos antigos, como o Ouya, que na verdade são emuladores ligados à TV. Eu mesmo tenho planos de montar um console retrogamer usando uma placa Raspberry PI 2.
Mas e aí?
O Vão Jogar!não faz apologia à pirataria, tampouco tratamos esse assuntos durante nossas conversas em nosso Q.G., por isso não quero, de maneira alguma, recomendar o uso desse expediente, mas é inegável que alguns títulos hoje em dia são quase impossíveis serem jogados, principalmente devido ao preço praticado pelo mercado e, por não haver uma versão relançada posteriormente ao seu lançamento, como o RPG para o Sega Saturn Panzer Dragoon Saga, título que eu sempre quis jogar, mas nunca consegui, pois poucas unidades americanas foram produzidas e, portanto, são muito caras. Recentemente encontrei uma versão do emulador de Saturn que consegue rodá-lo e, finalmente poderei jogá-lo. Não é a maneira mais bela disso acontecer, mas é o que tem pra hoje...
Eu sei que esse é um assunto espinhoso e que tem aqueles que defendem ou condenam os emuladores, mas é algo que, invariavelmente, quase todo jogador acaba se fazendo valer, nem que seja um emulador para PSP, Wii ou Android e que acaba, vez por outra, sendo assunto na roda de amigos. Portanto, não importa como vocês jogam, apenas ajeitem-se em seus sofás, peguem seus controles, escolham seus jogos preferidos e Vão Jogar!
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