E aê, galera bonita que acompanha nosso VJ!! Antes de mais nada, peço desculpas pela sumiço nas postagens, pois andei por tempos obscuros nos últimos dias. Mas estou de volta, então senta aí, e curte a leitura!
Quando você pensa nos problemas que a indústria de jogos pode sofrer, qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça? Verba insuficiente? Tecnologia limitada? Profissionais inexperientes? Bom, tudo isso tem uma boa parcela de culpa, porém, tem algo que pode ser muito mais ameaçador à esse mercado e seus profissionais: nós, jogadores.
Mês passado vi uma notícia sobre a principal roteirista de Dragon Age (BioWare), Jennifer Hepler, após receber diversas ameaças de morte por parte dos jogadores. O que me fez pensar: WTF?
Não bastasse a atitude vergonhosa de tais jogadores, os motivos para tal também são dos mais fúteis: suposições. Jennifer já sofria agressões dos fãs desde a época de Dragon Age 2, em que trabalhou como roteirista sênior. Na época do lançamento do jogo, um membro dos fóruns da BioWare encontrou uma entrevista dela de seis anos atrás (!) em que Hepler dizia não gostar muito das partes de ação dos jogos. Isso foi evidência o bastante para que assumissem que ela era a responsável pelas mudanças no combate do jogo. Hepler teve que fechar sua conta no Twitter.
Algo parecido aconteceu também com David Vonderhaar, diretor de design da Treyarch, responsável por Call of Duty: Black Ops II. No final de Julho deste ano, ele anunciou no Twitter um pequeno patch pra equilibrar o gameplay, o que acabou diminuindo em algumas frações de segundo o Fire-Rate de algumas armas. Imagina só a rage que surgiu por causa disso! O resultado foram ameaças físicas, a sua pessoa, a sua família, entre ameaças de morte e pedidos para que ele se suicidasse.
Todo mundo aqui também deve se lembrar do quanto foi tenso quando a Ninja Theory revelou seu reboot de Devil May Cry. As mudanças de personalidade e aparência dos personagens, bem como do próprio jogo, não foram bem recebidas pelos fãs mais, digamos, fervorosos, o que levou Tameem Antoniades, chefe de design da Ninja Theory, a receber diversas ameaças de morte. Boa parte delas porque os fãs alegavam que a mudança da aparência de Dante foi uma escolha proposital para que Antoniades colocasse a si mesmo como protagonista. Felizmente (ou não), ele até pareceu encarar a situação com um certo bom humor (mas acho que lá não passava uma agulha):
“Alex Garland (roteirista) me alertou sobre isso, porque ele experimentou uma coisa semelhante com 28 Days Later, onde as pessoas ficaram desapontadas, pois não apresentava zumbis realmente.” – disse Antoniades à OXM durante uma preview. “E agora, com seu próximo filme do Judge Dredd. Então, eu estava meio preparado para isso, embora eu tenho que dizer que abriu bastante meus olhos ao ver algumas das formas criativas em que as pessoas escolheram desabafar seu ódio. Não esperávamos ameaças de morte em forma de gibis ou músicas de Death Metal anti-DMC.”
Apesar dos três casos acima serem bem recentes, não é de hoje que os devs tem sofrido com essas ameaças. Podemos citar aqui o caso de Fred Wester, da Paradox Interactive, que sofreu ameaças porque Hearts of Iron 3 tinha bugs. Ou Markus "Notch" Persson, criador de Minecraft, que foi ameaçado porque fechou seu site que dava o jogo de graça. Tem ainda Adam Orth, diretor de criação da Microsoft que largou o cargo depois de receber ameaças de morte por ter tuitado sobre as funções always-online dos consoles #SddsXboxOne
A situação é tão complicada e crescente que a Associação internacional de Desenvolvedores de Jogos têm trazido o tema em discussão com mais seriedade. Segundo Kate Edwards, presidente da associação, esse tipo de atitude por parte dos jogadores pode desestimular novos talentos, e a indústria toda sofreria com as consequências:
“Isso adiciona camadas de desencorajamento, especialmente para pessoas que estão apenas começando, ou começando uma carreira num estúdio ou começando um esforço independente e eles estão sendo esmagados logo na entrada, antes mesmo deles terem terminado algo. Não acho que atualmente esteja causando impacto nas grandes industrias, mas acho que estamos chegando num ponto de que poderia.”
O termo mais correto pra essa situação absurda se chama cyberbullying, e em 2005 foi fundada a Cyberbullying Research Center, um centro de informações acerca da má utilização e abusos da tecnologia que tem sido estudados desde 2002. Segundo Sameer Hinduja, um dos co-diretores do centro, quando as pessoas estão online elas se sentem mais distantes de sua consciência, de convenções sociais e morais e até mesmo das leis. E essa "liberdade" que a Internet dá, faz com que pareça que o mundo estivesse apertando um botão de reset para algumas pessoas, em termos de como se deve tratar uns aos outros.
Gamers, tenhamos consciência. Tudo que cause desconforto nas equipes de produção só vai surtir efeitos negativos contra nós mesmos. Temos bons profissionais desistindo de suas carreiras, boas equipes se desmembrando por conta de atitudes infantis e impensadas como essas.
Ameaças de morte e outras formas de violência virtual contra os devs só vão trazer más impressões para nós, jogadores, não para eles. Somos nós que passamos vergonha, somos nós que sofreremos julgamentos errados e/ou precipitados por parte da sociedade. Somos nós que perdemos.
Se você não curtiu a cara do mocinho do jogo, se o enredo não te agrada, se a música é ruim, NÃO JOGUE A PORRA DO JOGO!, simples assim. Saiba que suas vontades não são as únicas, que nem sempre o que VOCÊ quer é o melhor pro jogo, e principalmente, saiba dar feedbacks de verdade, com opiniões formadas e justificativas, não com violência. Só assim você vai poder ser ouvido, ser respeitado e levado em consideração pelos caras que estão fazendo o jogo pra você.
Agora, peguem um jogo que vocês realmente curtam e Vão Jogar!
E sem mimimi, por favor.
Fontes: Kotaku, Põe pra 2!, Eden Pop, Polygon
* Revisado em 21/11/2015 às 15:00:14
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