Mas precisa beber muito rum mesmo para suportar esse jogo altamente entediante.
Assassin’s Creed sempre foi uma série alienígena para mim, por não me despertar lá muito interesse e por estar em plataformas as quais eu não tenho acesso. Mas quando o Wii U foi lançado e a Ubisoft ainda dava apoio a Nintendo, eu vi uma chance de conhecer melhor um pouco a saga dos assassinos. Passado o tempo, eu acabei empurrando a compra do jogo para depois, desisti do terceiro de tanto a Angela falar mal e por fim decidi que iria apenas no aclamado Black Flag, o quarto jogo da série.
Vamos ser bem sinceros, no escrito da Angela que eu coloquei o link aqui em cima, ela já apontava alguns problemas do jogo e da série, isso na época em que a Liara ainda não havia roubado o coração dela e ela ainda era uma çacina convicta. Agora imaginem eu, que caí totalmente de paraquedas nessa briga milenar de templários e assassinos? Pois é, a verdade é que definitivamente eu não gostei de Assassin’s Creed e achei Black Flag um jogo bem mediano, quase ruim. Calma, explicarei em detalhes.
Não quero perder muito tempo com a parte mais técnica, mas eu preciso falar um pouco sobre isso, juro que será breve. A versão que eu joguei foi a do Wii U, que em teoria é muito parecida com as versões de PS3 e Xbox 360, salvo alguns efeitos um pouquinho mais trabalhados. Eu não teria nada do que reclamar disso, não fosse eles terem cagado completamente a taxa de quadros para chegar a esse resultado. Não que as versões da geração passada tenham lá uma constância nesse sentido, mas no Wii U a coisa cai em níveis absurdos, ao ponto de atrapalhar em alguns momentos do jogo onde há muitos adversários, em especial nas batalhas navais. Difícil um port decente para o console hein?
Outra coisa que deixou a desejar no console também foi o GamePad. Embora a opção de remover todos os elementos da tela seja ótima, o modo mapa dele não funciona bem. Você pode ver aonde está, dar zoom e tudo mais, mas para marcar os pontos e ver maiores detalhes, só pelo menu do jogo, fazendo com que o GamePad fique meio inútil nesse sentido.
Mas deixemos essas coisas mais técnicas de lado, vamos falar sobre a experiência que é jogar Black Flag. Primeiro eu preciso falar da história, ou melhor, da tentativa de história. Existem três tramas principais que eu consigo identificar: a parte do mundo atual, fora do Animus, a disputa entre Assassinos e Templários e a saga pessoal de Edward Kenway, o protagonista da história.
As partes fora do Animus são de longe as mais insuportavelmente chatas. É sério, quem teve a brilhante ideia de te tirar da trama principal de tempos em tempos, só para te colocar de frente a monólogos expositivos e uma jogabilidade insossa baseada em ir do ponto "A" ao ponto "B" em um grande escritório?
- Ah, mas é lá que você coleta mais informações a respeito dos outros jogos, tramas e blá, blá, blá.
Sério pessoas, mais uma vez, sejamos realistas: o conceito de memória genética e luta por dominação entre facções pode funcionar como uma boa desculpa para se ter uma série, mas defender qualquer profundidade neste argumento não faz absolutamente nenhum sentido. A narrativa destes trechos por si só já é ruim!
Já dentro do Animus, temos duas histórias brigando por espaço e nenhuma conseguindo se desenvolver de maneira decente.
A primeira dela diz respeito a briga entre Templários e Assassinos, aqui se utilizando da ideia do Big Brother, do romance 1984, mas com uma pegada mística no meio. Essa trama é super simples, porém obviamente esticada ao máximo, deixando o jogo mais longo do que ele deveria ser. Aliás, esse foi um dos motivos que me afastou completamente das missões secundárias, chegou em um ponto em que eu só queria terminar o jogo. Fora que das poucas dessas missões que joguei não serviram muito para me empolgar.
Já a segunda, que na minha opinião tinha potencial para uma boa história, mas é desperdiçada completamente, diz respeito ao próprio Edward Kenway, que trilha o seu tortuoso caminho para se tornar um homem rico e poderoso através da pirataria. Os diversos acontecimentos ao longo da história vão moldando melhor a maneira de pensar do pirata, dando a ele inclusive um final interessante, mas que perde o peso pela falta de desenvolvimento anterior.
O misto dessas duas ideias fundidas em uma única trama acaba gerando um roteiro confuso, que não sabe para que lado vai e cheio de clichês utilizados para tentar amarrar as pontas soltas. Aliás eu preciso falar, fazendo uma analogia, existe um "Super-homem disfarçado de Clark Kent" na trama, que tal como o herói da DC, possuí um dos disfarces mais óbvios e ridículos de todos. Sério gente, nunca mais utilizem Assassin’s Creed como parâmetro de história adulta.
E ok, histórias ruins disfarçadas de boas em jogos de videogame não são nenhuma novidade, mas ainda temos uma boa jogabilidade, certo? Bem...
Quando eu comecei o jogo e cheguei na cidade de Havana, eu meio que me senti em um grande playground. O parkour completamente irreal do jogo me permitia escalar com facilidade a maioria das construções, alcançar lugares que em um primeiro olhar seriam impossíveis de serem alcançados e fugir dos inimigos das formas mais espetaculares possíveis: eu estava me divertindo muito! Porém isso não se sustentou por muito tempo. Primeiro por conta da jogabilidade meio porca mesmo, logo eu entendi o motivo de reclamarem tanto do parkour em AC, em vários momentos Edward simplesmente esquecia como pular um muro, e só depois de dar uns passos para trás é que a memória dele voltava. As vezes também ele tinha vontade própria e começava a escalar coisas que eu simplesmente não queria. Claro que tudo isso acontecia nos momentos mais inoportunos possíveis.
Logo eu também me peguei fazendo diversas ações repetitivas, como coletar fragmentos do Animus, novas canções para o navio, desbloquear mais áreas no mapa, etc. Tudo isso na primeira cidade! Não vou nem dizer que foi a única que realmente gastei um tempo maior explorando, assim que eu fui visitando outros lugares e percebi que eu teria que fazer as mesmas coisas, eu desencanei de vez.
Outro ponto que me irritou bastante também foi o stealth do jogo, ou melhor, a tentativa de stealth. Embora o jogo te ofereça várias possibilidades de passar desapercebido pelos lugares, você nunca é realmente recompensado por isso, fora que é um processo que eu não achei orgânico o suficiente para me divertir. Não demorou muito para que eu criasse minhas táticas de enfrentar diretamente grandes quantidades de inimigos e resolver tudo na porrada. Aliás, Edward já veio com o aplicativo "sou um Assassino fodão" de fábrica, né? Mas em alguns momentos não tinha jeito, já que o jogo me obrigava a não ser visto, só para que a trama seguisse como planejado.
Mas nem tudo está perdido, porque quando você pega o seu navio, O Gralha (sim, eu joguei em português), a coisa melhora muito. A mecânica de batalha naval que eles criaram é realmente muito divertida, os comandos do navio são simples e logo você pega o jeito e começa a criar as suas estratégias de abordagem de navios alheios. Aliás, o lance de você emparelhar e subir a bordo do navio adversário para poder tomá-lo, tendo que cumprir certos objetivos, funciona muito bem. Eu passei a fazer coro com a galera que acha que um jogo de piratas poderia surgir a partir disso.
Outra coisa interessante é a possibilidade de montar a sua frota capturando os navios adversários ao invés de afundá-los. Essa frota é gerenciada em uma espécie de mini-game acessado na cabine do capitão, ou de uma maneira mais interessante, através de um aplicativo para celular. Com isso, mesmo que você não esteja jogando, é possível cuidar da sua frota, uma vez que essa parte é toda online, e depois ao entrar no jogo novamente, ter os seus benefícios todos disponíveis.
Infelizmente, assim como tudo em Black Flag, até as batalhas navais depois de um tempo ficam chatas por conta da repetição. Durante um bom tempo a evolução do seu navio fará com que você tenha um objetivo, afinal, é preciso derrubar mais navios para conseguir dinheiro e materiais. Mas chega a um ponto em que você faz isso tantas vezes que perde a graça. Os navios lendários então eu deixei para lá, a lógica de colocar apenas um navio mais forte não me convenceu o suficiente. Sim, eles iriam requerer não só o fortalecimento do Gralha, mas também de uma boa dose de estratégia, mas nesse ponto eu já não tinha mais animo. Ainda rolaram alguns trechos bem interessantes, que mesclavam partes no navio e a pé, com uma pegada stealth no meio, mas foram raros esses momentos de variedade, o que é uma pena.
Outras coisas que também compõe as opções do que fazer são as caças de animais em terra, que servem para conseguir itens para melhorar os seus equipamentos, o que pode ser ignorado completamente uma vez que é possível comprar esses materiais. Também há as pescas de baleias e tubarões, que particularmente não me chamaram muito a atenção e as áreas de mergulho, que eu não curti muito.
Nesse ponto não tem como não notar, eu realmente não gostei de Assassin’s Creed IV: Black Flag. Não acho que ele é um jogo terrível, mas a repetição constante de todas as minhas ações apagou qualquer traço de diversão com as mecânicas oferecidas, por melhor que elas fossem. Sei que por conta disso eu deixei de aproveitar muitas outras coisas que me eram oferecidas, mas de nada adianta se o núcleo não me agradava, sempre me soava como um monte de ideias legais que não conversam entre si, embalada em uma história chata e arrastada. Depois que terminei o jogo, me lembrei das pessoas elogiando Black Flag, falando que ele havia melhorado algumas coisas em relação aos seus antecessores, e comecei a pensar o que afinal atraí as pessoas a essa série e a me questionar seriamente como grande parte de vocês a suportaram por tanto tempo.
Não vou me alongar mais, eu apenas queria contar sobre a minha entendiante experiência pelo mundo de Assassin’s Creed mesmo. Então me deixem aqui em paz com a minha ressaca e Vão Pilhar!
Black Flag até possuí coisas interessantes, como as batalhas navais e alguns trechos da história, mas os momentos fora do Animus quebram completamente o ritmo, a repetição de ações torna todo o jogo entediante e a história de Edward não é desenvolvida como deveria por disputar espaço com a insossa trama dos Templários vs. Assassinos, tornando-o definitivamente um jogo fraco e problemático. Avaliado noWii U (entenda o nosso sistema de notas)
Cara, e pensar que eu passei muito tempo sem querer jogar qualquer coisa relacionada a AC. Até cheguei a comentar com vocês que recebi esse Black Flag de graça na Live e deixei lá parado até que um dia sem nada pra jogar, resolvi dar uma chance para ele. Confesso que não gostei nada das missões paralelas, mas quando decidi jogar só a missão principal, fui até o fim e gostei.
Eu até ignorei os bugs e "duplos twists carpados" que os personagens davam em alguns momentos kkkk
Ri ao lembrar do meu início, em que ele tentava escalar qualquer coisa que estivesse na frente. Até me acostumar levou tempo kkkkkkkkkk
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