Já a segunda edição, que aconteceu na semana passada entre os dias 01 e 04 de Novembro, não me foi tão inspiradora assim, a começar pela divulgação: embora a organização tenha começado muito bem com a confirmação da vinda de Nolan Bushnell, a verdade é que pouco eu vi sendo falado a respeito nas redes sociais até poucos dias antes do evento começar. E haviam muitas coisas interessantes que mereciam algum destaque antecipado.
Menor e mais desanimada
O evento também me pareceu bem mais morno que o ano passado, apesar dos números oficiais dizerem que o total de visitantes subiu de 4000 para 5000 visitantes, sendo 1200 acampados. Não havia muita agitação entre os campuseiros, e os organizadores também não estavam tão animados desta vez. Mesmo as formalidades, como a presença de políticos importantes do estado, ficou concentrada apenas na coletiva de imprensa da abertura, ao contrário do ano passado em que até mesmo o governador Fernando Pimentel esteve presente na cerimônia de encerramento. Embora ninguém ali realmente desejasse a presença de políticos, eu incluso, ficou a impressão de um pouco de descaso. Nem mesmo Francesco Farruggia, presidente do Instituto Campus Party, ficou para o final do evento.
A estrutura também sofreu uma redução, perdendo parte do espaço para a FINIT (Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia), o que só aumentou a impressão de menos movimentada. O palco principal também estava menos destacado, embora a organização alegue que isso seja um novo padrão do evento como um todo, que quer fazer os campuseiros se sentirem mais próximos dos palestrantes.
Vale menção também a dois outros pontos, um positivo e um negativo: apesar da total ausência de internet via Wi-Fi, o serviço prestado esse ano estava bem melhor, fazendo jus a tradição do evento. Por outro lado, é bizarro como em um evento que tem a tecnologia como um de seus pilares, não consegue se utilizar de soluções mais inteligentes para amenizar as filas, seja no credenciamento dos campuseiros ou para o (único e caro) restaurante.
Videogames para todos os gostos
Embora videogames não sejam o foco, eles estavam presentes ao longo de todo o Expominas, nos computadores dos campuseiros, nas estações de títulos como Just Dance, Street Fighter e Mortal Kombat, nos campeonatos de Counter Strike e claro, nas apresentações feitas nos palcos. As sobre jogos, aliás, embora inicialmente não tenham me parecido tão chamativas, salvo a de Nolan Bushnell, renderam ótimos temas, ainda que eu tenha sentido falta de alguns desenvolvedores falando especificamente sobre seus projetos em desenvolvimento.
Outra frente dos jogos que marcou forte presença foi a de realidade virtual, em especial na parte externa, aberta ao público geral. Embora em sua maioria os títulos se limitassem a jogos mais simples, alguns desenvolvidos por alunos de faculdades locais, é incrível como a tecnologia desperta a curiosidade das pessoas, que não exitavam em encarar as longas filas apenas para ter um gostinho da "novidade".
Rumo a 2018
Seria injusto dizer que o saldo do evento foi negativo, mas talvez eu tenha sido pego pela expectativa de algo maior do que a edição do ano passado. Mas em alguns aspectos a organização acertou em cheio, como a vinda de Nolan Bushnell, que trás não somente os videogames ao palco principal, como também mexe com a nostalgia de grande parte do público, mesmo aqueles que não são mais jogadores tão assíduos. O tom das apresentações também teve uma melhora ao abandonar um pouco o discurso meritocrático, para tratar de assuntos como representatividade, feminismo e diversas outras questões sociais. Nesse aspecto, o público também se fez mais ativo, sempre trazendo bons questionamentos aos palestrantes.
Por outro lado, ficou claro a utilização do evento pelos políticos como uma espécie de trampolim eleitoral, para criar uma imagem de bons investidores. Não é por menos que a Campus Party ocorre junto ao FINIT, um evento mais voltado para negócios, quase como um bônus ao invés de atração principal, e ainda sob o tema empreendedorismo. Embora eu entenda que esse é um atalho para que o evento ocorra com o financiamiento do governo, que inclusive já garantiu a terceira edição em 2018, me ficou a impressão de que há um certo conflito no entendimento do que a Campus Party MG representa e qual o seu peso. Sinceramente eu espero que a impressão frente ao público tenha sido positiva, que o evento se mantenha e que em um futuro tenhamos edições tão grandes e independentes como a de São Paulo.
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