Então depois de dito tudo isso, nós queremos saber a sua opinião sobre o assunto. Acredita que a reclamação é válida, e que as pessoas tem o direito de ter suas opções mais básicas devidamente representadas nos jogos? Ou acha que a nossa sociedade ainda não está preparada o suficiente para este tipo de coisa? Vilxi, assunto complicado, mas como não existe tabu no buteco, hora de saber a opinião dos butequeiros!
Somari
Pois é! Esse é um assunto meio delicado, não pelo tema em si, mas pelas posições das empresas em relação à tal. Eu particularmente não tenho preconceito nenhum sobre, mas também nunca parei para pensar no caso. Então, Somari, vamos lá criar uma visão do caso.
Primeiramente, o mundo hoje é bem diferente do que era há 10 anos atrás, por exemplo. Hoje em dia, homossexualidade já não é mais considerado um tabu como era antes - até já tivemos beijo gay em novela. Mas claro, há uma resistência monstruosa por parte das pessoas ao tocar no assunto. Muitos pais acham que é o fundo do poço quando seu filho ou filha se assume homossexual e acham que se tocar nesse assunto vão transformá-los instantaneamente em um. Ou seja, hoje em dia todas as pessoas sabem o que é o gay e a lésbica, mas a maioria preferem fingir não saber disso. Dito isso, vamos aos games.
Nesse caso específico de Tomodachi Life, a Nintendo é uma empresa muito muito tradicionalista. Por esse tradicionalismo radical deles, talvez a própria conduta seja de tratar o homossexualidade como tabu mesmo. Algo como já disse ali antes "não vamos botar casais gays no jogo porque isso pode fazer as crianças virarem gays, e aí os pais não vão gostar e nós vamos sair mal". Se for essa mesmo a mentalidade deles, então acho que eles devem se atualizar. O bom é que o 3DS permite atualizações, ou seja, se eles sentirem a necessidade (ou se a galera apertar) eles podem muito bem jogar uma atualização e permitir casais do mesmo sexo no jogo e aí tá tudo certo entre eles e a comunidade GLS.
Sobre outros casos, como já disse não sei muito sobre. Mas lembro que em MMORPGs, como Ragnarok, que eu jogava lá pelos idos de 2008, possuíam a opção de casamentos, mas não entre o mesmo gênero. Se não me engano hoje pode fazer isso, já que faz MUITO tempo que não procuro saber sobre Ragnarok.
Agora falando sobre outro tipo de preconceito, recentemente tivemos o caso onde um jornalista "especialista" em jogos afirmou estar decepcionado com Mario Kart por ele não possuir nenhum personagem negro. What?
O fato da Nintendo não possuir nenhum personagem negro em Mario Kart não significa necessariamente que eles sejam racistas. Afinal, a série Mario já tem mais de 25 anos e usam os mesmos personagens desde sempre. Os jogos da Nintendo são mais característicos do povo JAPONÊS, tendo mais cara do pessoal oriental mesmo. Não é preconceito, mas sim questão cultural deles. Além do mais, se o problema for o uso de um personagem negro, então o jogador pode muito bem fazer um Mii de pele escura e botar no jogo. Não há preconceito por parte da Nintendo aqui.
Além do mais, há uma infinidade de jogos com uma infinidade personagens negros e muitos deles representando uma infinidade de culturas, sejam reais, sejam fictícias.
Enfim, não acho que deva haver censura sobre os assuntos que eram tabu há alguns anos atrás. Vamos ver se com a evolução da sociedade atualmente as empresas vão começar a mudar suas mentes também.
SucodelarAngela
Bom, confesso que estava mais por fora que bunda de índio sobre essa confusão toda sobre o Tomodachi Life. Mas já munida das informações, vamos seguir em frente.
Falar de relacionamentos entre iguais sempre foi tabu e vai continuar sendo por muitos anos. Infelizmente, as pessoas ainda são muito preconceituosas e não é um beijo gay numa novela global que vai mudar isso. Vi muita gente que não assistia a novela por causa dos homossexuais ali representados, e muitas outras que assistiam apenas para criticar ou rir. E não adianta dizer "eu nem sou preconceituoso, tenho até amigos gays" - as frases mais homofóbicas começam exatamente assim.
No entanto, eu acho excelente que as mídias mais acessadas, como a TV e o cinema, tentem mostrar cada vez mais às pessoas que isso não é um bicho de sete cabeças. Que não é errado. Que é natural. Como o Somari falou ali em cima, há dez anos isso seria absurdo, mas hoje é realmente muito comum ver casais homossexuais por todo lugar, sendo felizes, exatamente como qualquer casal "normal", simplesmente porque É normal. Mas tem gente que simplesmente não entende isso. E muita gente também ainda traz em si o preconceito e os conceitos errados advindos da criação errônea de alguns pais, que tratam a homossexualidade como doença, como algo sujo e/ou degradante, como algo resultante de influência, ou pior, até como heresia.
Assim sendo, esse tipo de pai tende a proibir em casa coisas que remetam à homossexualidade. O mesmo acontece com outras mídias, e aí incluímos os videogames. Se na televisão o pai mantém controle assistindo algo diferente na TV ou ocupando o jovem com outras atividades, nos videogames eles evitam a compra do jogo... E a Nintendo, como empresa tradicionalista que é, com grande maioria de usuários infanto-juvenis, vai se preocupar com isso, sim, até por já não estar muito bem das pernas em relação às vendas de seu último console. O que ela menos pode querer é algum tipo de treta relacionada a seu nome e alguma confusão, seja na comunidade LGBT, seja com a comunidade afro, seja com a comunidade indígena ou whatever.
Torçamos para que haja algum tipo de atualização pro jogo que permita o relacionamento homoafetivo, eu ficaria muito, muito feliz com isso. Torçamos para que, pelo menos, uma sequel do jogo permita isso! Todos devemos ter direitos iguais, até nos videogames.
Tchulanguero
Nessa treta do Tomodachi Life, existem dois pontos a serem observados: o da empresa que produz o jogo e o dos jogadores.
A questão do lados dos jogadores é bem simples: eles querem ser devidamente representados em um jogo que se baseia em interações sociais da forma mais perfeita possível. Aliás, isso é muito reforçado a partir do momento que o seu avatar no jogo é justamente o seu Mii, ou seja, uma representação virtual da sua pessoa, ainda que de forma simples. É um pouco mais complexo do que o caso do Mass Effect, porque lá o seu avatar não necessariamente representa você, e a estranheza maior se devia ao fato do jogo permitir relações "mulher x mulher" e não "homem x homem". Se ele fosse limitado ao "tradicional" "homem x mulher", talvez o barulho houvesse sido menor.
Do outro lado, assim como já disseram, a Nintendo é uma empresa super conservadora, principalmente no que diz respeito a tradições, sejam elas "boas" ou "ruins". E todo mundo sabe que o povo japonês é muito reprimido sexualmente, independente de quem gostem, e o simples fato de falar sobre determinados assuntos é algo inimaginável para eles. Caramba, o povo não pode nem se beijar em público, é proibido! E antes que alguém venha citar mangás e animes, além de eles possuírem toda uma regulamentação para este tipo de conteúdo, por menos que faça sentido para nós, eles funcionam praticamente como uma válvula de escape para toda essa repressão.
E analisando essa questão cultural, por mais que eu concorde que é uma visão estreita e atrasada, ficar extremamente injuriado por um jogo feito para o público oriental e que só veio parar para esses lados do planeta por questões comerciais, chega a ser exagero. Acho válida a mobilização feita em cima do assunto, mas o máximo que a Nintendo vai fazer agora, creio eu, é demitir o cara do marketing por ter dado respostas tão ruins. E claro, se muitos homossexuais demonstrarem interesse suficiente no jogo, podem ter certeza que em uma próxima versão eles pensarão nesta possibilidade desde o início do desenvolvimento. Porque agora, embora seja tecnicamente possível esta opção via atualização, eu tenho minhas dúvidas se a Nintendo irá se movimentar para agradar um grupo de jogadores em específico.
No mais, é tudo uma questão de público. É nítido que o mercado de jogos é voltado muito para os héteros / adolescentes / masculino, porque são quem geram retorno financeiro para as empresas em sua maioria. Ultimamente é muito comum ouvir sobre mulheres e gays exigindo que as empresas pensem melhor neles, mas infelizmente, enquanto tudo for apenas uma manifestação de ideias e não número de vendas, a situação sempre será assim. Mas as coisas estão mudando, até porque o mundo está mudando (como sempre), só é preciso continuar demonstrando as vontades, mas tendo paciência suficiente para que tudo chegue ao seu devido lugar em seu tempo.
Professor João Roberto
Relacionamentos em jogos? Cara, eu já achava chato e piegas em The Sims com aqueles abraços toscos. Tomodachi Life? Nunca li nada a respeito, confesso desconhecer. Agora, se empresa "A", "B" ou "N" quer incluir ou não algum conteúdo, o que fazer? Se alguém achar isso desrespeitoso, que não compre nem comente. Deixe no limbo...
E você, o que tem a dizer sobre o assunto? Deixe a sua opinião aí em baixo, nós queremos saber o você pensa. E também não deixem de sugerir novos temas para as butecadas, mandem um e-mail para butecada@vaojogar.com.br com as suas sugestões
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