Leia a nossa análise do livro Jogador Nº 1 (por Angela Caldas)
A história ocorre no ano de 2045, em que o planeta passa por inúmeras dificuldades após vários recursos naturais terem sido exauridos, com uma sociedade que vive a beira da miséria. No entanto, os habitantes tem uma grande válvula de escape no mundo de OASIS, uma espécie de MMORPG de realidade virtual, em que todos dedicam boa parte de seu tempo e dinheiro.
O grande chamariz da história para jogadores de videogames, amantes da cultura pop e saudosistas da década de 1980, está em suas inúmeras referências a estes elementos, o que foi muito bem preservado por Steven Spielberg em sua versão cinematográfica. Mais importante que isso, o filme não somente soube aplicar bem esse elemento, fazendo com que toda cena se torne uma grande e divertida procura a qualquer item ou personagem reconhecível, como também trouxe OASIS para a nossa época. Ao longo do filme, além de referências mais clássicas como Street Fighter, Mortal Kombat, Batman, Alien, Gundam (!!!), Gigante de Ferro e até mesmo de "O Iluminado" (!!!), também é possível ver outras mais atuais, como Minecraft, Halo e Overwatch.
E o ponto alto de Jogador Nº 1 está justamente em como ele referencia todo esse universo de jogos, filmes, quadrinhos e afins a todo instante, criando um choque de nostalgia e identificação constante. Aliás, é bem provável que você saia do cinema querendo assisti-lo novamente, apenas para procurar mais dessas referências.
Não sei se talvez por ser a área de maior interesse meu ali, mas a impressão que tive é que os videogames foram os maiores homenageados, sendo inclusive o Atari 2600 uma peça fundamental da trama, de uma maneira até mesmo bonita e poética na parte final. Infelizmente o mesmo não aconteceu com as músicas, que receberam um destaque aquém do que mereciam.
Um filme para quem não manja de cultura pop
Apesar de todo o apelo que Jogador Nº 1 tem com quem acompanha de perto cultura pop, o filme também sabe se aproximar do espectador que não tem ligação nenhuma com esses elementos, apesar de ser aqui que ele demonstra suas maiores fraquezas.
Ao seguir os passos do protagonista Wade Watts pelo mundo de OASIS, somos apresentados a uma estrutura bem simples e conhecida de aventura, acompanhada de diversas cenas de ação extremamente bem feitas, e obviamente em sua maior parte em computação gráfica. O enredo não se perde tentando explicar demais o mundo, se contendo mais no que é necessário, o que pode desagradar alguns fãs do livro, mas deixa o ritmo muito mais dinâmico. Obviamente também existem vilões para história, com Wade e seus amigos em busca de artefatos especiais dentro do mundo virtual para salva-lo de uma megacorporação, enquanto sofrem consequências diretas no mundo real.
Infelizmente essa estrutura simples e conhecida acaba também incorporando velhos problemas. Ainda que a fantasia de um mundo caótico, mas que ainda sim permite que pessoas possam passar boa parte de suas vidas dentro de um ambiente virtual focado em diversão, não seja lá muito convincente, o problema é quando todos os problemas se tornam extremamente caricatos e inocentes, quase que sob uma perspectiva infantil. Os vilões cometem erros bobos e sempre possuem uma maldade moderada, e outros elementos são apresentados de forma extremamente forçada, como um personagem que se enxerga como deformado por causa de uma pequena marca de nascença. No entanto, o famoso "final feliz" acaba se encaixando bem na trama, fechando a história de maneira convincente
No final das contas, Jogador Nº 1 cumpre muito bem o seu papel de divertir a todos os públicos, sem se tornar uma peça específica de um nicho. Toda a aventura se desenrola de maneira dinâmica e envolvente, fazendo com que cada novo desafio ou charada encontrado pelos protagonistas tragam o espectador para dentro da história, sem deixá-lo confuso ou tratado como alguém incapaz de entender a situação. Ainda que sua história dê alguns tropeços, as inúmeras referências com certeza serão suficientes para mantê-lo vivo na cabeça os espectadores após a sessão no cinema, gerando longas conversas entre amigos.
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