Existe um anseio por grande parte de nós, jogadores, de que todo jogo que iniciamos seja algo incrível. Claro que boa parte surge do fato de jogos estarem longe de serem lá muitos baratos e de que nosso tempo geralmente é escasso, nos tornando cada vez mais seletivos. Mas às vezes eu acredito que jogos mais simples também podem nos trazer boas experiências e foi esse o meu caso com Child Of Light.
A história se passa na Áustria, século XIX, onde um duque se casa com uma mulher misteriosa e tem uma filha chamada Aurora. Sua esposa acaba falecendo e eventualmente o duque se casa novamente, fazendo com que Aurora passe a viver também com sua madrasta e duas novas irmãs. A exatos 121 anos atrás, na sexta-feira anterior a Páscoa de 1895, Aurora adormece e fica com a pele fria como gelo, resultado de sua morte. Deprimido com o que aconteceu a sua filha mais nova, o duque acaba por ficar doente.
A aventura começa com Aurora acordando em um altar de local completamente desconhecido, que logo ela descobre se tratar do reino de Lemuria. Lá ela encontra a Senhora da Floresta, que conta que há tempos atrás o reino era governado pela Rainha da Luz, mas que após o seu desaparecimento, foi tomado por Umbra, a Rainha da Escuridão. Umbra enviou suas criaturas para assolar todo o reino e também roubou o sol, a lua e as estrelas, assim como um espelho mágico que liga Lemuria ao nosso mundo. A intrépida garota também conhece o vaga-lume Igniculus, que se torna seu acompanhante ao longo do jogo em sua jornada contra as forças de Umbra e seu caminho de volta ao lar para salvar seu pai.
Essa história inicial marca bem o que é Child Of Light. É um conto de fadas bem simples, sem grandes reviravoltas, assim como os objetivos que você tem. Por ele ser uma mistura de RPG com jogo de plataforma, não há muito mistério, você basicamente tem que seguir em frente, ir derrotando os inimigos e conseguindo os itens necessários para trazer a luz de volta a Lemuria e derrotar Umbra. Inicialmente o jogo tem um ritmo bem lento, literalmente, uma vez que Aurora é uma criança e não muito ágil, mas felizmente logo lhe é dada a habilidade de voar, tornando o jogo bem mais dinâmico.
Como estamos falando de um RPG, vocês devem estar curiosos para saber como é o sistema de batalha, certo? Pois bem, já adianto que felizmente estamos livres aqui de batalhas aleatórias. Tudo bem que os inimigos que vemos na tela são mais representações, uma vez que ao tocá-los e ir para a tela de luta você descobre que vai lutar contra outros seres também, mas nada demais. O sistema de batalha em si me lembrou muito o da série Grandia, onde a ordem dos ataques é definida por uma única barra, funciona assim: todos os participantes da batalha tem sua posição marcada em uma barra na parte inferior da tela. Quando uma ação é selecionada, o marcador começa a caminhar até o final, onde finalmente ela é executada, porém a velocidade disso varia de acordo com o tipo de ataque, atributos e status do personagem. Há também um elemento estratégico, uma vez que após o cursor alcançar uma certa área dessa barra, qualquer ataque recebido faz com que a ação seja cancelada.
Claro que ao longo de sua aventura, novas magias vão sendo adquiridas, algumas que podem inclusive influenciar nesse sistema de ataques, mas acho que isso já dá uma boa ideia de como as coisas funcionam. Há também a velha mecânica de jokenpô, assim como acontece em Pokémon e tantos outros jogos: magias de luz são fortes contra seres da escuridão, água contra fogo e assim vai. Além de cada personagem possuir um tipo desses ataques elementais, também é possível equipar pedras especiais que podem ser coletadas e misturadas, adicionando assim algum desses elementos ao seu ataque normal ou defesa.
Recrutar novos membros para a sua equipe também faz parte do jogo, sendo uma espécie de objetivo secundário. Embora alguns não sejam obrigatórios, é sempre bom ter aliados variados, além de poder acompanhar mais da história dos habitantes de Lemuria. Mas Child Of Light utiliza um sistema de uso de personagens um pouco diferente de outros RPGs. Durante a batalha só se pode utilizar dois por vez, porém você pode trocá-los a qualquer momento e quantas vezes quiser, ao custo de uma ação. Isso é particularmente útil contra alguns adversários que requerem uma gama maior de ataques e defesas.
Ainda falando de jogabilidade, Child Of Light também possuí um outro elemento muito importante em sua jornada: Igniculus. Além de na história ele ser o fiel companheiro de Aurora, o simpático vaga-lume também funciona como um cursor dentro do jogo, o que funciona bem melhor nas versões de Wii U e PS Vita. Com ele é possível coletar alguns tipos de itens e acionar elementos do cenário para a resolução de puzzles. Dentro das batalhas ele também tem um papel importante, uma vez que segurá-lo em cima de um inimigo, faz com que a velocidade dele na barra de ação seja reduzido. Mas não pensem que é essa mamata toda não, Igniculus possuí uma barra de energia que se esgota bem rápido nessas ações, e embora ela se encha sozinha novamente, durante as batalhas não costuma ser em um tempo hábil.
Outra característica que dá um toque original a este jogo é a forma como ocorrem os diálogos, na maioria das vezes através de versos rimados. Claro que em um momento ou outro você percebe que deram uma forçada para a rima se encaixar, mas por mais simples que seja a história, não tem como não admirar o cuidado que tiveram com os textos. Mesmo na localização em português tudo funciona muito bem, sendo aliás uma excelente localização, incluindo os trechos narrados em áudio.
E é impossível não mencionar o quanto esse jogo é bonito. Fruto da UbiArt, a engine criada e utilizada pela Ubisoft em Rayman Origins e posteriormente em Rayman Legends, Child Of Light faz com que o tempo todo estejamos olhando para um lindo quadro pintando com tinta aquarela. É tudo muito bem detalhado, e a animação extremamente fluída melhora ainda mais a estética. Eu não me admiraria se alguém tirar um print do jogo, imprimir, emoldurar e pendurar na parede da sala.
A trilha sonora também é excelente, geralmente em um tom mais calmo com um piano ou violino, mas que pode mudar para algo mais dramático em batalhas ou momentos chave da história. É aquele tipo de trilha que dá sempre o tom perfeito ao momento e funciona melhor inteira do que em faixas separadas.
Embora Child Of Light seja esse RPG simples, muito baseado nos clássicos do gênero, onde a trama toda se desenrola de uma maneira uniforme, onde você vai iniciar e terminar com o mesmo nível de empolgação sem qualquer oscilação durante o processo, eu não consigo deixar de pensar nele como um excelente título. Não por achá-lo impecável em sua proposta, mas justamente por não cometer o pecado de tentar ser algo grandioso e épico sem necessidade, como grande parte dos jogos do gênero tentam ser. É bom as vezes curtir uma aventura mais tranquila, sem grandes tramas e reviravoltas, com uma jogabilidade agradável que irá lhe entreter por algumas horas sem muito compromisso.
Não sei em outras plataformas, mas na eShop do Wii U ele costuma aparecer em promoção a preços extremamente baixos, mas eu acredito que isso aconteça nas outras também, então vale a pena ficar de olho. Sem desculpas de falta de tempo ou dinheiro então, certo? Peguem esse singelo jogo, empunhem a suas espadas e Vão Jogar!
Tenho esse game na Steam e está nos futuros games a se jogar, talvez o teste nesse fim de semana. Parabéns pelo post. É Child of Light tem uma das lindas OST da geração passada.
Jogue sim, nem é um jogo longo, então dá para encarar de boa. A trilha sonora realmente é muito boa, mas ainda não a peguei para escutar fora do jogo. Valeu, abraço!
"Se você fosse sincera, ô-ô-ô-ô, Aurora!" Desculpa, eu sempre lembro dessa merda quando vejo esse nome nalgum lugar...
Então, Eu tenho muita vontade de jogar esse jhogo, acho ele lindo de morrer com todo esse quê de aquarela, mas pretendo pegar no PS4 (que já devia ter chegado). Sem falar nesse toque de contos de fadas que eu também curto bastante.
Não sabia que ele era RPG. Achei que era essencialmente plataforma, interessante isso. Muito feliz em saber também que não há batalhas aleatórias (ô, porre). De qualquer forma, acho que essa mistura de RPG com plataforma e a simplificação das coisas deve tornar Child of Light bem gostosinho de jogar. No meio a tantos jogos cada vez mais "sofisticados" em gameplay, acho legal ter algo mais "light" pra jogar de vez em quando.
Na data de ontem, consegui o jogo terminar. Justamente por isso vim aqui. ler o seu post e comentar.
Cara, eu gostei demais deste jogo! Tudo nele é muito bacana e gostoso. Com certeza o fato das batalhas não serem aleatórias ajudou bastante, mas este sistema de vc encosta em um bicho pra aparecerem outros junto é até que comum em RPGs.
Só achei a história um pouco infantil o tempo todo, o jeito como os aliados se juntam à causa principalmente. Mas, considerando que é um conto de fadas mesmo, não tem pq reclamar disso. Até tive meus momentos de empolgação entrando nas batalhas contra chefes, falando com a televisão coisas do estilo "agora cê vai morrer"... kkkk
Também curti gráficos em trilhas sonoras, não tem como não curtir, né?
Tipo de jogo que, se sair alguma sequência (ou sucessor espiritual), eu jogaria com toda certeza.
Só fiquei meio bolado com o final. Mais precisamente com o último diálogo (que não vou escrever aqui pra não spoilar ninguém sem querer). Não consegui achar nenhum lugar que diz que este jogo tem mais de um fim, então nem vou tentar continuar jogando.
Vc chegou a pegar todos colecionáveis? Baús e luzes, confissões e etc? Eu não, embora tenha terminado bem próximo disso, é gostoso ficar explorando enquanto está no cenário, só é um saco voltar e ficar procurando coisa... mas isso eu meio que penso sobre a maioria dos jogos... rs.
Hwa hwa hwa, deixou para vir depois de terminar mesmo hein?
Sim, é um sistema bem clássico, mas bem de boa. Meu problema é só quando é aleatório mesmo.
Não me incomodou de ser mais inocente não, acho que não dava para esperar outra coisa do jogo né, até porque é a visão da Aurora e ela é uma criança.
Sucessor espiritual pode ser, seqüência eu acho que não né?!
Também acho que não há outro final, mas nem fiquei encucado com o último trecho, você fala por conta do nome?
Não animei sair procurando tudo milimetricamente não. Tipo, eu explorei bem os lugares, mas não tive essa preocupação toda, então deixei muita coisa para trás mesmo, mas também não deve ter ficado faltando muita coisa para mim não.
Como eu aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaamo este jogo! Ele me emocionou com sua arte! É lindo, tem a trilha sonora linda, e é todo poético. Amei seu modo de batalha, com certeza é um jogo que marcou minha vida!
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