Porém, questões pessoais a parte, não dá para negar que nesses dois anos muita coisa melhorou. Se em 2013 houve uma dificuldade imensa em colocar todos para dentro do Expo Center Norte (SP), esse ano eu não vi filas para entrar em nenhum dia. Ok, eu não fui no último, mas levando em consideração que sobraram ingressos para o feriado, duvido que tenha rolado algo do tipo. Por outro lado, tive a impressão que o número de ônibus que faziam a transferência de pessoas entre o Terminal Tietê e ECN foi menor, o que gerou algumas filas meio demoradas, principalmente na hora de ir embora, a não ser que você estivesse disposto a desembolsar uma grana para pegar um transporte... alternativo. Ah, e comer lá dentro continua extremamente caro, o cúmulo para mim foi quererem me cobrar dez paus por um churro.
Dentro do evento, apesar de eu estar credenciado desta vez e obviamente ter benefícios a mais por conta disso, o clima de organização ainda imperava. Não, isso não significa que foi uma feira perfeita, porém eu poderia apontar os erros muito mais da parte do planejamento, e creio que tudo tem origem no que parecer ser meio unanime entre quem cobriu o evento: essa BGS ofereceu muito pouco conteúdo relevante.
Claro, foi um evento bem movimentado, embora eu não tenha noção dos números para saber se houve um crescimento ou não em relação ao ano passado. Também não podemos descartar que um grande número de pessoas vai mais atraído pela oportunidade de encontrar amigos, ou ver algum "famoso" e tietar o mesmo, além da galera que vai pura e simplesmente por ser um grande evento de jogos, mas quem foi por conta das novidades, se decepcionou. Não dá para saber onde o problema aconteceu de verdade, se na captação de expositores ou na vontade dos expositores de trazer algo mais, mas como eu já havia apontado antes, principalmente ao fundo da feira, era nítida a distância maior entre os estandes e a dúvida se áreas que ficaram maiores, como os fliperamas por exemplo, receberam mais atenção porque, ok, isso é legal ou por simplesmente precisarem preencher o espaço. Grandes estandes de lojas em geral também demonstraram o quanto a organização precisou recorrer a outros tipos de empresas apenas para tornar o evento rentável, com alguns casos aliás em que você percebia claramente que o estande só estava ali para ajudar a pagar as contas.
Mas peraê Tchulanguero, tinha fila para caramba lá dentro, como assim não havia conteúdo?
Pois justamente, com poucas novidades, os jogos mais procurados acabaram ficando muito mais concentrados, e obviamente atraindo mais pessoas e gerando filas maiores, ou seja, não havia uma distribuição de pessoas pelos pavilhões, ainda mais se você levar em consideração que os estandes dos grandes estúdios ficavam todos juntos, então haviam filas intermináveis para determinados jogos, e o trânsito entre essas áreas era extremamente complicado. Para piorar, mesmo as estações de jogos que já se encontram em beta ou que já foram lançados, ficavam em sua maioria nessa mesma área, ou seja, para quem só queria jogar algo, seja lá o que fosse, a situação ainda era a mesma. Pra falar a verdade, eu só peguei para jogar mesmo no dia da imprensa, nos dias seguintes meu foco foi mais em fotografar, ver pessoas e conferir algumas coisas mais acessíveis, porque eu simplesmente não tive paciência para encarar as filas. Ah, e alguém me explica o que diabos foi que aconteceu com aquele estande de Need For Speed, que não esteve liberado para jogar em um único dia que eu estive por lá?
Por outro lado, o pavilhão indie, do qual eu falarei mais um pouco depois em um escrito a parte, além de ter crescido bem mais em relação aos anos anteriores, estava com um movimento muito bacana. Você pode até pensar que na real eram simplesmente as pessoas fugindo das longas filas para jogar alguma coisa em um local mais tranquilo, mas ao participar de alguns bate-papos com os desenvolvedores independentes, que acertadamente eram acessíveis a qualquer um no evento, notei que o número de pessoas interessadas em ingressar na área de desenvolvimento de jogos é notável. Não dá para negar que apesar de ainda estarmos longe de ter um mercado de desenvolvimento sólido, o sonho de fazer o seu próprio jogo hoje já é pelo menos alcançável. A parte boa disso, é que além do interesse nos indies ter se tornado maior, as pessoas estavam realmente interessadas em saber os pormenores de cada jogo, e não apenas entrando nas filas para jogar qualquer coisa.
No final das contas, eu acho que embora a feira tenha se acertado bastante em termos de organização, ela ainda precisa se encontrar e focar melhor nos seus objetivos. Não basta apenas encher o lugar, as pessoas precisam se sentir especiais por estarem jogando alguma novidade em um evento desse porte, e não ficar mofando por horas na fila por apenas alguns minutos de jogatina, vendo a grana gasta no ingresso indo pelo ralo. Iniciativas como o torneio de e-sports Brasil Game Cup e o campeonato de Killer Instinct são legais, mas ainda não são suficientes. Já foi anunciado que ano que vem o evento ocorrerá nos primeiros dias de setembro, para se encaixar melhor na grade de lançamentos, e em um novo local também, mas se essa questão do layout da feira e conteúdo em exposição não for resolvida, vai chegar em um ponto que o número de pessoas interessadas irá apenas diminuir, então espero realmente que as mudanças anunciadas em conjunto com um esforço maior junto aos expositores, surta algum efeito.
Mas isso ficara para o ano que vem, não é mesmo? Que tal agora pegar aquele jogo que estava por lá também, mas agora no conforto do seu lar dar uma jogadinha? Então o que estão esperando, Vão Jogar!
* Revisado em 19/11/2016 às 02:21:36
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