Embora desde o ano passado a EA não participe mais da E3, quando ela passou a realizar o seu próprio evento, o EA Play, para nós que acompanhamos as coletivas pela internet não há nenhuma diferença em termos práticos, então podemos lidar como se fosse uma conferência normal de E3. E como qualquer conferência de E3, é normal ficar algum sentimento em relação às apresentações, como empolgação por algum jogo que esperamos muito ou tristeza por aquele título não ter dado as caras. No caso do EA Play 2017 o sentimento que ficou é apenas de desanimo.
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Não entendam mal, dentro do que já era esperado até foi um bom conteúdo, mas você sabe que tem algo errado com uma apresentação quando o apresentador precisa se utilizar de algum subterfúgio para chamar a atenção do público, que não entendeu que a fala havia acabado e era hora de bater palmas. Sim, ocorreu exatamente isso durante a apresentação. Mas apesar da escolha duvidosa do formato, cheia da figuras ou nada carismáticas ou simplesmente que não sabiam apresentar mesmo, o conteúdo no geral foi bom, ainda que sem maiores surpresas.
Claro que como qualquer apresentação da EA, muito tempo foi dedicado aos jogos de esportes. Esse ano foram apresentados Madden NFL 18, FIFA 18 e NBA Live 18. Sinceramente eu não sei muito o que dizer a respeito do conteúdo de qualquer um dos três, uma vez que desde os 16-bits que eu não jogo algo do gênero com algum afinco, mas me chamou a atenção de como agora todos os jogos de esporte da EA tem algum tipo de modo história. Eu sei que isso não é nenhuma grande novidade para o gênero, mas eu como total leigo via as cutcenes e só sabia reconhecer de qual jogo era por alguma indicação na tela. É como se houvesse um estúdio interno especializado em criar dramas esportivos.
E sim, eu deixei Need for Speed Payback de fora da categoria esportes, ainda que automobilismo seja considerado atualmente como um esporte olímpico. Mas é que o novo jogo da série se inspirou tanto em Velozes e Furiosos, que assim como a série cinematográfica, o novo título resolveu que carros e corridas não são mais tão importantes, dando atenção mais a trama e a cenas exageradas de ação. Eu pessoalmente não gostei muito do que vi, fiquei com a impressão que a todo momento o jogador será interrompido por algum evento scripitado, tirando totalmente a dinâmica do que restou de corrida. Mesmo em títulos mais antigos, como Most Wanted, que também se apoiava em história e tinha (deliciosas) perseguições policiais, a coisa parecia fluir melhor e era possível escolher o momento de aproveitar cada aspecto. Mas claro, ainda é cedo para dizer algo de mais concreto, veremos quando o jogo for lançado.
Por outro lado, o selo EA Originals se mostrou mais uma vez uma das iniciativas mais interessantes da empresa nos últimos tempos. Depois de Unreveal e Fe, esse ano foi a vez de A Way Out, dos mesmos criadores de Brothers: A Tale of Two Sons. Ainda que não tenha sido mostrado muito, e nem seja a ideia mais original de todas, as mecânicas me pareceram interessantes o suficiente para que seja um jogo a se acompanhar, principalmente por ser totalmente voltado para o multiplayer cooperativo, em especial o local.
Anthem, o novo jogo da BioWare que finalmente foi apresentado, me deixou um pouco com a "pulga atrás da orelha". Embora seja melhor esperar pelo que será mostrado na coletiva da Microsoft, ele me pareceu ter um design de personagens parecido demais com o de Mass Effect, o que é um bocado decepcionante, ainda mais depois que Andromeda, ainda que com suas qualidades, foi tão mais do mesmo. Será que junto ao estúdio que faz dramas esportivos, também tem um outro que cria personagens genéricos para jogos espaciais / futuristas?
E um dos jogos que mais recebeu atenção foi o já anunciado Star Wars Battlefront II, com um grande foco da EA em dizer como eles souberam ouvir as reclamações a respeito do título anterior feitas pela comunidade de jogadores, e se emprenharam em aplicar no desenvolvimento deste novo. Me pareceu um trabalho bem honesto, realmente fazendo as modificações necessárias e sem fazer aquele apelo barato à nostalgia, ainda mais quando falamos de uma franquia tão amada como Star Wars.
Ao contrário do que é bem comum de acontecer, o problema da apresentação da EA não estava em seu conteúdo, que se mostrou dentro do esperado e com surpresas interessantes, como A Way Out, mas em seu formato antiquado e burocrático. Eu entendo manter o formato tradicional, até para não se tornar algo muito díspar da E3, mas por outro lado, justamente pelo fato do EA Play não estar vinculado diretamente a feira é que se torna ainda mais necessário um novo formato. Mesmo a Nintendo, que é uma empresa extremamente tradicionalista e que continua vinculada a E3, já dispensou o formato tradicional há alguns anos, apostando em suas transmissões diretamente para a internet. Talvez seja a hora da EA aproveitar a sua independência e sair de uma vez da sombra da E3, para que em um futuro talvez consiga um evento próprio com maior relevância.
* Revisado em 13/06/2017 às 11:41:50
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