A terceira temporada de Castlevania, série original da Netflix baseada na terceira edição da série de videogame homônima, sobre caçadores de vampiros enfrentando as hordas de Drácula, chegou a plataforma de streaming no último dia 05, depois do sucesso das temporadas anteriores. Mantendo o mesmo nível técnico e artístico, a temporada desta vez veio levemente maior, com um total de 10 episódios de 26 minutos em média.
Anteriormente houve um grande foco na relação de Drácula e seu filho meio humano Alucard, culminando em um patricídio, o que parafraseando o próprio "jovem" vampiro, foi algo mais triste e melancólico do que épico. Agora a série mostra como os personagens seguiram com suas vidas pouco tempo depois, o que levou a uma divisão em vários núcleos, tal qual uma novela. Mas não se enganem, todos eles apontam para um futuro único, onde tudo irá se convergir.
O caçador de vampiros Trevor e maga Sypha, agora assumidamente um casal, se separam de Alucard para viverem como caçadores de monstros e demônios. E é divertido ver como a dinâmica entre os dois evoluiu, com uma Sypha muito mais confiante, (absurdamente) poderosa e brincalhona, funcionando como o incentivo que faz o descontente e beberrão Trevor seguir em frente. Ainda que o contraste entre os dois por vezes pareça forçado e o relacionamento amoroso por demais açucarado, ele é algo essencial para o desenvolvimento da trama do casal, que investiga um culto que idolatra o recém falecido Drácula. Enquanto Sypha se diverte com a nova vida, ainda que mantendo a seriedade e maturidade, Trevor sente a insegurança de manter um relacionamento em uma rotina que ele sabe que cedo ou tarde se tornará amarga e pesada, ainda que ele tente aproveitar os pequenos prazeres da vida ao lado de sua nova companheira.
Por outro lado, Alucard experimenta a princípio uma completa solidão com a partida de Trevor e Sypha, agora vivendo como praticamente um fantasma no abandonado e imóvel castelo de Drácula, lutando consigo mesmo para manter a sanidade diante da situação. Seguindo a linha já exposta na temporada anterior, o meio vampiro é atormentado por seu passado e falta de perspectivas, assim como acontecia com o seu pai. Eventualmente dois novos personagens aparecem em seu castelo, Sumi e Taka, que rapidamente são adotados como seus protegidos e família, o que também funciona como catalisador para as várias características antagônicas do personagem, como gentileza e fragilidade em contraponto ao seu lado rígido e até mesmo cruel. É uma forma bem didática de mostrar que apesar de suas fraquezas, Alucard ainda sim é um ser sábio e poderoso que não deve ser subestimado.
Carmilla, uma das grandes vampiras da extinta corte de Drácula, retorna para seus domínios trazendo o mestre de forja Hector como prisioneiro, assim como um grande plano para o domínio de extensas porções de terras dos humanos, que obviamente servirão como rebanho para ela e suas irmãs vampiras. Mas realmente o foco desse núcleo fica em Hector, que se mantém vivo apenas pela sua utilidade para os planos de sua raptora, mas acaba vendo um outro lado dos vampiros através de Lenore, a mais nova das regentes locais, que funciona como uma diplomata entre suas irmãs. Através dela o personagem aprende que vampiros são muito mais que monstros sugadores de sangue, mas que também ele não passava de um peão para Drácula, o que o faz repensar em sua nova posição, que apesar do tratamento inicial, não se diferencia tanto assim do anterior.
Por fim temos o arco mais interessante da série, o de Isaac. O outro mestre de forja da corte de Drácula, salvo por seu mestre no ataque ao castelo, agora procura o seu próprio caminho, ao lado de sua horda particular de demônios. Alternando entre experiências onde ele convive com o melhor e o pior da humanidade, o seu ódio pela sua própria espécie passa por diversas provas, onde muito mais do que uma questão de convencimento se ele deve se empenhar em destruir a humanidade ou não, o foco fica mais em qual é o seu papel no mundo, uma vez que agora ele é o mestre de si mesmo. É de longe o personagem melhor desenvolvido, que encontra as personalidades mais interessantes e que mantém as maiores promessas para uma futura quarta temporada.
Embora essa divisão da temporada em tantos núcleos possa parecer algo ruim em um primeiro momento, é inegável que ela irá levar a algo ainda mais grandioso do que o já visto anteriormente. Apesar de morto, Drácula ainda é o denominador comum na história de todos, obviamente de maneiras diferentes, sendo o principal personagem de toda a série, que provavelmente unirá o destino de todos ao final.
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