Na última sexta-feira (11), rolou na FUMEC (Belo Horizonte, MG) o 6ª MIND - Mostra Mineira Indie, um evento que eu tomei conhecimento recentemente, e que tem acontecido periodicamente na cidade, organizado pelos próprios desenvolvedores para que eles possam trocar ideias e mostrar o que estão produzindo.
Embora qualquer possa chegar lá, bater um papo com o pessoal e experimentar os jogos, a pegada é um pouco diferente de outros eventos, não só pela dimensão. Há desenvolvedores de todos os tipos, do cara que desenvolve por hobby em casa no tempo livre, até a galera que trabalha em pequenas empresas. Apesar dessa variedade e clima informal a princípio serem um pouco confusos, não demora muito para alguém te colocar para jogar alguma coisa e a "mágica" acontecer. E bom, eu vi algumas coisas bem legais por lá.
Ultratype
Imagine um runner ao estilo de Bit Trip, mas com um visual meio Mega Man? Legal né? Mas e se para controlar o personagem você tiver que digitar as ações? Pois é, esta é a proposta de Ultratype, um jogo que vai fazer você se arrepender amargamente de ter largado as aulas de digitação (ou datilografia para alguns). Eu joguei um pouco e achei bem divertido, ao mesmo tempo que eu o odiei com todas as forças... ótimo pra galera que curte uma dificuldade ao estilo antigo, com muita tentativa e erro até pegar o jeito. Futuramente o jogo estará disponível no Steam, então guardem esse nome.
Slipstream
Esse é para pegar os saudosistas de jeito, um jogo de corrida bem ao estilo de grandes clássicos, como Super Hang-On e com inspirações até mesmo em Sonic. Com um visual retrô, uma animação muito fluída (mesmo) e trilha sonora empolgante, Slipstream nos leva por diversos cenários em uma pegada arcade bem aos moldes de Daytona USA e seus checkpoints. Outro grande destaque está nos drifts, que você obrigatoriamente é levado a pegar o jeito se quiser passar pelas curvas insanas que irá encontrar pela frente. Desenvolvido pelo Noctet Studio, o jogo passou pelo Steam Greenlight e em breve começará a levantar fundos através de uma campanha no kickstarter, então fiquem de olho também.
Magic Master
Desenvolvido pela Mopix Games, Magic Master é um tower defense para tablets, com temática medieval, todo baseado em gestos e toques na tela. Eu joguei uma partida e achei os controles bem intuitivos. No começo ele é mais cadenciado, mandando poucos inimigos na tela, mas conforme o tempo passa, adversários mais fortes e variados vão aparecendo. O jogo esteve presente na última BGS e está a aproximadamente um ano em desenvolvimento, sempre previsão de lançamento por enquanto.
Apresentações e Palestras
Ainda foram feitas algumas palestras e apresentações em um auditório cedido pela faculdade, contando inclusive com a presença de um dos membros da ABRAGAMES. Como estava ocorrendo tudo ao mesmo tempo, eu não tive como ver tudo, mas peguei algumas coisas.
Primeiro, uma apresentação da Orquestra Multiplayer, de Belo Horizonte, um projeto que, como vocês já devem ter imaginado, reúne diversos músicos para tocar clássicos dos jogos. Foi uma apresentação breve com alguns membros, mas muito legal, ouvir músicas de jogos clássicos em forma orquestrada sempre é ótimo.
Também houve espaço para que o pessoal fizesse uma breve apresentação dos seus trabalhos, como o interessante So Long, Earth, um jogo de plataforma bidimensional com uma pegada meio Super Mario Galaxy, meio Pequeno Príncipe, desenvolvido por apenas três pessoas e com foco em exploração espacial, aliado a uma boa arte e trilha sonora.
A última apresentação que vi foi com os músicos André Furtado e Leandro Skald, responsáveis pela trilha sonora do jogo Wells, que eu já havia falado sobre na matéria sobre o Minas Game Festival. Os dois falaram um pouco sobre o processo de criação dessa parte dos jogos que, infelizmente, ainda é negligenciada por muitos desenvolvedores.
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Apesar de não ter podido ficar até o final do evento por questões de horário, saí de lá achando que o saldo foi bem positivo. É sempre bom ter um contato mais direto com os desenvolvedores locais e saber o que está acontecendo, até para acabar com aquele estigma de que as coisas só acontecem em locais específicos. Com certeza participarei dos próximos, e sempre que possível trarei para vocês o que rolar de interessante.
Falando com quem começou com tudo
Posteriormente entrei em contato com o idealizador do evento, Victor Leão, que gentilmente respondeu a algumas perguntas que fiz, falando um pouco mais sobre o evento, confiram a seguir.
Apresente-se primeiro: quem é Victor Leão? Em quais projetos está envolvido?
Eu sou um pixelartist/gamedev da Onagro Studios, um estúdio pequeno que está incubado no Game Mine, um HUBzinho onde juntamos 3 estúdios para produzir jogos. Atualmente trabalho no Möira, um jogo de plataforma retrô com cara de GameBoy.
Como e quando surgiu o MIND, e qual a proposta do evento?
O MIND surgiu após ter visitado eventos similares em Brasília e São Paulo. Quando eu estava em Brasília, tive a chance de comer uma pizza com o pessoal da Behold. Na mesa, o Saulo Camarotti me perguntou sobre a cena indie daqui. Fiquei com vergonha por ter que responder que não havia nada por aqui. Então, casualmente ele jogou a ideia para que eu criasse algo por aqui. Voltei pra BH, criei o evento no Facebook e deu certo. Um evento para mostrar jogos feitos por indies e bater um papo.
Quais foram as novidades da sexta edição?
Nessa sexta edição tivemos a presença do presidente executivo da ABRAGAMES, Gerson De Sousa, como palestrante. Além da presença da Orquestra Multiplayer com um showzinho surpresa.
Quais são os planos para o futuro do evento?
A ideia é continuar com eventos periódicos e ir crescendo aos poucos. Fazer uso de locais variados e captar público interessado. Essa é a vantagem do MIND por ser uma mostra itinerante e de fácil organização.
Qual a sua visão a respeito do mercado de desenvolvimento mineiro?
O mercado mineiro vem crescendo aos poucos, mas ainda anda muito tímido. Sei que tem coisa boa por aqui, por isso continuo insistindo.
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