A Brasil Game Show, ou BGS, se esforçou bastante esse ano para ser um evento digno do seu tão citado subtítulo, de maior feira de jogos da América Latina. De casa nova, o recém construído São Paulo Expo, a melhoria na organização do espaço foi notável, com os estandes melhores distribuídos, ainda que o espaço físico não tenha me parecido tão maior. Por outro lado, os espaços indiretos melhoraram significativamente, como o estacionamento coberto e as salas para organização e imprensa, que estão bem maiores. Embora os próximos dias, com o público máximo no fim de semana, é que vai dizer realmente o quanto o novo espaço melhorou o evento, definitivamente o São Paulo Expo se mostrou um lugar melhor do que o antigo Expo Center Norte.
Por outro lado, a feira esse ano se apresentou muito fraca em termos de conteúdo. Embora a mudança de outubro para setembro tenha colocado o evento em uma janela de eventos um pouco mais favorável, todas as grandes novidades recentes se deram na E3, sendo que os jogos ainda não lançados disponíveis estão em sua maioria próximos de serem lançados, ao ponto do interesse não ser muito alto. Isso quando não é o caso de outros como Resident Evil VII, que embora estivesse em um estande bacana, montado como se fosse uma casa abandonada, estava sendo apresentado com a mesma demo que foi liberada após o seu anúncio na E3. Pior se deu com outros, como The Last Guardian, que apareceu como jogo presente no site da feira, mas só deu as caras em apresentações em vídeo.
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Isso nos leva também a situações meio constrangedoras, como na coletiva da Ubisoft, que basicamente deu as datas de lançamentos dos seus próximos jogos e filme, ainda que todo mundo já soubesse, e teve como grande anúncio a inclusão da música Bang, da cantora Anitta, em Just Dance 2017. E quando eu falo tudo isso, eu não estou criticando necessariamente as desenvolvedoras ou a organização do evento, eles fizeram a parte deles, mas é fato que o evento acabou sofrendo com isso, o que explica também o motivo de terem liberado maiores informações sobre as atrações do evento tão próximo a data de início.
Mas apesar de tudo, eu procurei jogar algumas coisas também, afinal, é uma feira de jogos. Algumas eu vi bem superficialmente, como o jogo de esportes radicais na neve da Ubisoft, Steep, que é... um jogo de esportes radicais na neve, nada demais. Brinquei um pouquinho com Gwent também, que parece ser realmente um jogo de cartas interessante, em que eu consegui jogar uma partida totalmente sem saber o que fazer de forma até razoável. Também joguei a demo de Resident Evil VII, que é a mesma que a Angela já mostrou por aqui antes.
Agora, o que eu mais gostei de ter jogado foi a demo de Horizon Zero Dawn. O RPG de mundo aberto da Guerrilla Games, nos coloca no controle de Aloy, uma humana que vive em um futuro pós-apocalíptico, onde a natureza se rebelou contra a humanidade utilizando máquinas em formas de animais. A demo durava aproximadamente dez minutos, e por ser um jogo de mundo aberto não pude testar muita coisa, mas deu para experimentar bem o sistema de batalha, que embora tenha um foco menor em ação do que eu esperava, está muito gostoso de se jogar. A gama de movimentos e tipos de armas é grande e levará tempo para ser dominada pelos jogadores, mas eu aprendi da pior forma que esse não é um jogo de se atirar sobre os inimigos de maneira descoordenada, é necessário cautela, se aproximar sorrateiramente, evitar grupos muito grandes e fugir desesperadamente quando necessário. Meu único porém foi com relação a câmera, que nos momentos mais intensos acabava me deixando um pouco perdido, mas aí eu dou o benefício da dúvida por ter jogado tão rapidamente.
E apesar das grandes desenvolvedoras não terem trazido nenhuma novidade, um anúncio curioso foi feito durante essa BGS. A organização de e-sports, paiN Gaming, que mantém equipes de League of Legends, DotA 2, Smite, Rainbox Six: Siege e HearthStone, anunciou o seu programa de sócio torcedor, chamado de "Melhor Torcida do Mundo", que da mesma forma com que fazem os times de futebol brasileiros, busca muito mais fidelizar os seus fãs do que necessariamente lucrar com isso. Dessa forma, a organização dá um passo interessante em fazer dos e-sports algo muito mais próximo dos esportes tradicionais junto aos seus seguidores, onde é normal torcer pela equipe com a qual se tem mais afinidade. E dado que boa parte do público dela é composta por crianças e adolescentes, que tem sempre a questão financeira como algo complicado por diversos motivos, o cadastro no programa pode ser feito de forma gratuita, dando vantagens bem básicas, como descontos nos produtos vendidos no site da organização. Obviamente os planos pagos darão mais benefícios, sendo que um já está disponível no site deles sob o valor de R$ 9,99 ao mês. Ainda que eu não acompanhe esse cenário, não deixa de ser bem interessante ver jogos eletrônicos sendo encarados desta forma.
Nos próximos dias estarei acompanhando mais coisas na feira, testando novos jogos, dando atenção aos indies e trarei mais conteúdo a respeito para vocês, como sempre. Embora minha impressão possa melhorar um pouco, fica cada vez mais claro que a BGS funciona muito melhor como um evento difusor da cultura do videogame frente ao grande público, do que necessariamente um local de anúncios e novidades a quem acompanha a indústria mais tradicional. Não é por menos que Youtubers acabam sendo uma peça destacada no evento, uma vez que existe uma grande parcela do público focada neles e comparecendo em peso, em especial crianças e adolescentes.
* Agradecimentos a Liliane Santana, a Lica, do Portal A Rede Educa, que gentilmente nos cedeu as informações a respeito do programa de sócio-torcedor da paiN Gaming.
* Revisado em 14/07/2017 às 01:46:38
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