Apesar do que essa ideia possa parecer, ensinar crianças e adolescentes a programar em nada tem relação com a fomentação do mercado de desenvolvimento para no futuro termos um mundo só de desenvolvedores. Da mesma forma que aprendemos história, física, química e etc. nas escolas, a ideia é que o desenvolvimento de jogos seja mais um disciplina a fazer parte da formação básica, para que este conhecimento sirva de auxílio em qualquer área que o indivíduo decida atuar no futuro. Como quem já trabalha com programação sabe, lógica é algo que pode nos ajudar a entender melhor como "quebrar" um problema em várias partes para resolvê-lo mais facilmente, e claro que isso é amplificado por todo contexto tecnológico em que vivemos.
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Esta tendência já é algo que vem sendo implementado em vários países ao redor do mundo, tamanha é a importância dada ao assunto. Em alguns casos, como o da Austrália, programação se tornou uma matéria obrigatória do ensino fundamental e médio, enquanto geografia e história passaram a ser facultativas. Foi citada inclusive uma iniciativa nos Estados Unidos por parte do governo de Obama, mostrando um programa que visa o ensino de programação para crianças, em especial para mulheres e minorias, o que chega a ser tristemente irônico dado o resultado das eleições americanas nos últimos dias.
Por outro lado aqui no Brasil, nós ainda estamos engatinhando muito no assunto, com as discussões atrasadas em relação a outras partes do mundo. Praticamente todas as iniciativas no país partem de organizações independentes, sendo a única exceção o governo de Pernambuco, que no momento está promovendo um projeto piloto a respeito.
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Sobre as ferramentas utilizadas, o foco é naquelas mais simples e de fácil aprendizado, uma vez que estamos falando aqui de crianças, muitas com interações que não exigem teclado, sendo tudo resolvido arrastando e soltando objetos na tela. Aliás, lembram que em algum momento existiu nas plataforma da Microsoft algo chamado Project Spark? Pois é, eles até pouco tempo utilizavam a plataforma em suas aulas, mas tiveram que desistir devido ao abandono do projeto. Ao final do curso, as crianças ainda fazem uma espécie de mini TCC, desenvolvendo o seu projeto utilizando a estrutura da própria escola.
Foi mostrada também a preocupação junto aos pais que não querem que seus filhos passem tempo demais ao computador, uma vez que cada vez mais cedo crianças tem acesso a tecnologia. Eles sempre buscam dar orientações com relação ao tempo das atividades, indicando estimativas de duração para os pais, de modo que elas não se excedam nem mesmo dentro de casa.
A SuperGeeks é uma escola americana de robótica e programação para crianças, com várias unidades ao redor do mundo, inclusive contando com uma em Belo Horizonte, e que ministrou alguns workshops durante a Campus Party. Para o próximo ano, eles planejam expandir a sua atuação para oficinas dentro de escolas, interagindo com as matérias tradicionais.
* Revisado em 14/07/2017 às 02:27:26