Quando vieram me oferecer Rogue Galaxy (PlayStation 2), eu não fazia a mínima idéia do que era o jogo. Dei uma pesquisada rápida e me deparei com coisas do tipo, JRPG focado em ação, gráficos em cel-shading, campanha principal com mais de 100 horas de duração e um pouco raro de encontrar original. Bem, só o último item já fazia valer a pena para mim como colecionador que sou, até porque, a pessoa que me vendeu é de confiança e eu sabia que o jogo estaria inteiro. E de fato, só faltou aquele plastiquinho chato pra falar que é novo!
Confesso que apesar de ter tão poucas informações, minhas expectativas foram lá no alto. Em parte por eu ser órfão de Skies Of Arcadia, que é um JRPG muito bom do Dreamcast com essa mesma temática, piratas em navios voadores. E depois do excelente Xenoblade Chronicles (estou devendo um escrito, eu sei), qualquer anúncio de trocentas horas na campanha principal já me desperta interesse, ainda mais se o jogo vier em um DVD dupla camada.
Logo de cara não há como deixar de notar a beleza desse jogo, principalmente nas CGs, que tem uns dos cel-shadings mais bem feitos que já vi. Quando vai pro jogo claro que o nível cai (PlayStation 2 minha gente), mas ainda sim não há como negar que o pessoal da Level-5 caprichou bastante. A trilha sonora também é muito bem feita, mas não espere por músicas muito marcantes, eu mesmo não consigo lembrar aqui de cabeça de uma única música fora a da apresentação... aliás, lembro de no meio da história rolar uma música cantada, e só! Mas não fiquem tristes, boa parte do jogo é dublado e eu não tenho o que reclamar dessa parte.
A história começa mostrando um jovem chamado Jaster, habitante do planeta desértico Rosa, que tem o seu povo escravizado e oprimido pelos exércitos de Longardian. Criado desde pequeno por Raul, um padre... monge... sacerdote... sei lá, um cara que cuida da igreja, Jaster tem o sonho de sair dali e conhecer o universo. É, eu sei que vocês já ouviram essa história um zilhão de vezes. Mas o importante é saber que logo no começo do jogo o planeta é atacado por uns monstros, e no meio da confusão Jaster recebe a ajuda de um cara misterioso que lhe deixa uma espada razoavelmente forte e no final das contas ele é confundido com o maior caçador de recompensas da galáxia, Desert Claw. Isso lhe garante ingressar na tripulação do grande pirata Dogengoa e finalmente realizar o seu sonho de conhecer o espaço.
Pois é, não esperem muito da história de Rogue Galaxy, porque ela é bem isso que eu resumi rapidamente para vocês, um monte de clichês batidos e bobos. O jogo até se esforça em apresentar bem cada personagem que entra para o seu grupo e torná-los carismáticos, mas a tentativa de super dramatizar fode com tudo. Não chega a ser insuportável, mas acreditem, não tem nada demais. Aliás, que final corrido!
Mas vamos falar do jogo mesmo, que é onde eu tenho as maiores reclamações a fazer. Como eu disse antes, o sistema de batalha é focado em ação, em um esquema parecido com o já citado Xenoblade. Pra quem não conhece, funciona assim: ao invés do tradicional sistema por turnos, você controla um único personagem em tempo real, e o resto do pessoal da sua esquipe é controlado pelo computador. Você até pode alternar o controle deles, mas é sempre um por vez. Para auxiliar, existe um sistema de sugestões, que é como se os outros personagens estivessem falando para você, você aperta um botão e aquela ação sugerida é executada, tipo utilizar um poder específico ou um item de cura.
E tirando a câmera que as vezes se perde no meio da luta, o sistema de batalha de Rogue Galaxy funciona bem, cada personagem possuí dois tipos de arma, de curto e longo alcance, além de diversos poderes muito úteis. Porém, existem dois problemas que fazem com que tudo isso acabe se tornando chato pra kct. O primeiro é que eu nunca joguei um RPG onde os personagens fossem tão frágeis e eu dependesse tanto de itens de cura. Não importa se a luta é contra um chefão ou um bicho aleatório no meio da floresta, você sempre vai precisar de poções e mais poções de cura e ressurreição, e aí lá se vai o foco na batalha embora, vira tudo uma questão de quão bem você gerencia os seus itens. Agora o que mata de vez mesmo são as malditas batalhas aleatórias... porque Level-5, em pleno 2005 insistir na pior coisa que os JRPGs inventaram? E o foda é que a parada é intensa, estilo "Zubats dentro de cavernas".
Pra fechar com chave de merda, não há qualquer foco em exploração no jogo. Tudo o que você terá que fazer é seguir em frente, batalhar, seguir em frente, batalhar novamente, e assim até o final. É como se tudo não passasse de um gigantesco grid... o que não adiantou muito, porque eu realmente tive que fazer grid no final para zerar. Pelo menos o pessoal que não faz parte do seu trio principal também ganha experiência. E lembram que eu falei que esse jogo promete 100 horas e missões secundárias, etc, etc, etc? Pois é, esqueçam! Eu não lembro quantas horas eu gastei, mas com certeza (e ainda bem) foram bem menos que isso, e praticamente não há missões secundárias, salvo uma bobagem ou outra que eu fiz questão de ignorar por não serem nem um pouco atrativas.
Nem vou dizer muito sobre armas e equipamentos, que apesar de influenciarem a aparência dos personagens conforme você altera, variam do "complicado de fazer" até o "inútil". Sério, não tive nenhuma paciência de aprender o processo de fabricação de itens que o jogo oferece, a parada é quase um jogo a parte de tão complexa... e um jogo chato!
No final das contas, embora Rogue Galaxy esteja longe de ser um jogo ruim, quem não o jogou não está perdendo nada. Vejo muita gente que se diz doida para conseguir uma cópia, mas eu repito, a não ser que você seja um colecionador, não está perdendo nada. O remendo de clichês em conjunto com heranças ruins de mecânicas ultrapassadas conseguem estragar bastante um jogo que tinha potencial para ser algo bacana. Dá para notar diversas vezes o que a equipe de desenvolvimento queria, mas não rolou. Mas se mesmo assim vocês ainda estiverem interessados nesse raro jogo de PlayStation 2, vão fundo, peguem o seu DVD camada dupla de 100 horas de enrolação, e Vão Jogar!
Bicho, odeio batalhas aleatórias. Odeio do fundo da alma... uma das coisas que mais gosto em Chrono Cross, por exemplo, é que tirando alguns lugares em missões específicas, você não tem batalhas aleatórias, você luta se quiser e tal...
Quanto aos clichês, acho que isso é o de menos em meio ao resto que você citou. Clichês são parte integrante de vários RPGs, basta os caras conseguirem mostrar de forma interessante.
Na moral, eu vi um amigo jogando e eu mesmo só não joguei direito porque meu DVD travava muito até achar uma versão single layer e ainda por cima undub na internet que funciona perfeitamente no meu destrave...
Mas eu vi um amigo jogar mais de 60 horas, e posso afirmar, clichê? Sim. Mas muito bem usado, quem reclama de clichê no mínimo deveria odiar Final Fantasy que tem CINCO personagens desmemoriados em seguida, que longe de ser uma ideia ruim, é clichê e repetitiva na série...
Batalhas aleatórias... Na moral, só reclama disso quem NUNCA jogou Shin Megami Tensei...
Nunca MESMO. Porque ele e Dragon Quest são definitivamente os mais irritantes e eu joguei o suficiente pra discordar desse aspecto da batalha aleatória, são digamos, acima da média comum, mas não é demais nem exagero.
Quanto à treino, quase todo JRPG fora de Final Fantasy (que é quase sempre pateticamente fácil exceto por III e XII) necessita disso, Chrono Cross que a Sukita mesmo citou necessita em termos, já que a batalha não rende experiência e sim evolução de características, eu matei todos os dragões com poucas porradas enquanto muita gente passou um aperto do caralho nos dragões branco e negro.
Eu mal passei aperto no verde por conta de status, do resto passei aniquilando mesmo.
Quase todo JRPG abusa de clichês mas o que conta é a narrativa, e a do RG é muito boa, e eu infelizmente ainda não tenho tempo o suficiente pra finalizar ele e argumentar decentemente cada pedaço. Mas de toda forma foi uma excelente análise embora eu não concorde com quase nada ^^
O que me deixa puto é isso, lá no Super Nintendo já tinha jogo que abandonou isso, porque até hoje ainda insistem nessa parada?
O problema dos clichês é eles não serem colocados da melhor forma, é tudo muito largado de qualquer jeito.
@Juninho
Então cara... eu NÃO GOSTO de Final Fantasy, hwa hwa hwa. Mas como eu disse para a Sukita aê em cima, o problema não é ser só clichê, é ser um monte de clichês expostos de qualquer forma e tentando forçar algo que o jogo não é. Eu por exemplo adorei The Last Story, que é outro jogo lotado de clichês, mas sabe exatamente o seu limite.
Hum, pode ser, nunca joguei SMT mesmo... mas será que devemos exaltar uma mecânica tão ultrapassada só porque ela é tradicional? Mais uma vez, já encontraram solução para isso desde o Super Nintendo, não existe motivo para manter.
Grid é outra tradição que já deveria ter sido eliminada. É mais uma coisa que só serve para alongar artificialmente a jogatina. Mas como eu disse, foi só no final mesmo, ainda bem!
Não entendi bem a sua metáfora (sério mesmo, o que é "aperto no verde"?), mas não é questão de fácil ou difícil, é de tirar o meu foco na diversão da luta para gerenciamento de itens.
No mais valeu pela visita cara, fique a vontade para discordar sempre
É mais preguiça mesmo, tem muitos games que começo e largo e acabo terminando mais tarde. Por exemplo Yakuza comecei final do ano passado e só terminei ontem.
Tenho esse game desde 2011 e NUNCA joguei! Talvez uns 10 minutos, mas isso não dá muito credibilidade.
Dragon Quest VIII mantém as batalhas aleatórias e o grid - MALDITO GRID! Ele realmente tira a diversão, zerei o DQ porque estava muito ansioso, mas depois de sua analise de RG, não sei se encaro, hahahaha!
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