Pela primeira vez na capital mineira, o museu tem seus pontos fortes mais na nostalgia e entretenimento do que na história dos videogames.
O famoso Museu do Videogame Itinerante finalmente chegou a Belo Horizonte, então esta semana pela primeira vez eu pude conferir a tão famosa exposição de consoles que roda o Brasil inteiro, que eu confesso aguardar há tempos aparecer por essas bandas. Mas talvez as minhas expectativas a cerca do museu fossem um pouco diferentes da realidade.
Uma exposição fraca
Não me entendam mal, a coleção ali exposta é maravilhosa e ainda que compreensivelmente não esteja com todos os aparelhos no seu auge de conservação, é de fazer inveja a qualquer colecionador. Existem consoles ali que eu só havia visto anteriormente através da internet, sendo que outros eu sequer tinha conhecimento, incluindo versões nacionais e alternativas de alguns aparelhos e foi ótimo poder dar uma observada de perto em cada um deles, porém a forma como eles foram dispostos me pareceu aleatória demais.
Olha, eu tenho a impressão que a ordem não é bem essa... Ainda que todos estejam identificados satisfatoriamente, com nome, ano de fabricação e uma breve descrição, não há uma lógica muito certa para seguir. Eu comecei vendo versões de Master System e Mega Drive, para logo em seguida ser jogado para alguns consoles das duas primeiras gerações, não existe uma forma de linha do tempo que situe o visitante no momento em que o console foi lançado no mercado. O foco está muito mais em satisfazer a curiosidade do que em ensinar um pouco da história dos consoles. Só para dar um exemplo, anos atrás durante o Minas Games Festival foi feita uma pequena exposição que seguia exatamente esta lógica de linha do tempo, fazendo com que a mostra embora menor, fosse muito mais intuitiva.
A disposição dos consoles dentro das caixas acrílicas, bem sujas por sinal, também muitas vezes demonstravam um certo desleixo na montagem, com controles colocados de qualquer forma, algumas vezes até mesmo impedindo uma observação mais detalhada. Não sei se a responsabilidade da montagem ficou por conta da organização do museu ou do shopping onde ele se encontra, mas com certeza é um ponto negativo se o que você busca é o aspecto mais histórico dos videogames.
Mas nós sempre teremos a diversão
Os consoles e jogos da Nintendo são bem disputados pelo público. Depois do meu desapontamento inicial com a exposição e as inúmeras fugas daquelas pessoas de cursos de jogos que ficam te abordando a cada cinco segundos para que você participe de uma promoção, eu consegui sacar melhor sobre o que o museu realmente se propõe. Enquanto a exposição fica disposta em um grande círculo, o centro é preenchido por diversas estações com videogames disponíveis para o entretenimento do público, sendo alguns antigos e ironicamente a grande maioria de consoles atuais, além de um grande palco para os fãs ávidos de Just Dance. Ainda que muitos olhem com curiosidade, entusiasmo e nostalgia para os consoles antigos expostos, a grande maioria quer mesmo é jogar alguma coisa, seja pela própria nostalgia ou pela vontade de colocar as mãos em algo novo.
É possível experimentar títulos como o mais recente God of War para PlayStation 4, Mario Kart 8 e Super Smash Bros. para o Nintendo Switch, o sempre presente futebol para alegria dos torcedores, títulos para o PlayStation VR e imaginem só, até mesmo um Wii U com jogos da série Mario. É uma boa oportunidade para aqueles que ainda não tem um console atual para experimentar tais jogos, formando de longe a área mais movimentada da exposição.
Alguns jogos clássicos, como Pac-Man, também se encontram disponíveis. Mas como eu disse antes, existem algumas estações com consoles antigos que embora bem menos movimentadas e com poucos títulos, não deixa de atrair olhares curiosos e nostálgicos. A maioria dos que passam por essa parte parecem querer muito mais aplacar a nostalgia de outras épocas do que apenas conhecer um título antigo desconhecido, ainda que mesmo assim alguns se surpreendam. Por exemplo, enquanto eu estava lá uma pessoa chegou para mim e falou "Nossa, eu não lembrava que esse jogo era tão rápido assim", enquanto apontava para uma estação rodando Ultimate Mortal Kombat 3 em um Super Nintendo Baby.
E tudo bem, vale a visita
Como eu descrevi, ainda que a exposição seja fraca sob um aspecto histórico, é um excelente entretenimento se você gosta de videogames e principalmente está sem dinheiro, uma vez que não é preciso pagar nada para visitar. Ao longo dos próximos dias além da exposição e estações de jogos, a organização também fará diversos torneios e promoções, incluindo um concurso de cosplay e uma classificatória para o Just Dance MAC Challenge, que ocorrerá nos dias 27 e 29 de setembro, com inscrições gratuitas até o dia 26. Então se você é morador da Grande BH, aproveite os próximos dias para dar uma passada por lá.
Museu do Videogame Itinerante - Belo Horizonte Local: Minas Shopping - Av. Cristiano Machado, 4000, União Data: de 14 a 29 de setembro de 2019 Horário: das 15h às 21h de segunda a sábado, e das 14h às 20h aos domingos
Não, não é o Wall-E... ... sim, é o robozinho do Super Smash Bros. Os controles desse console parecem frascos de creme hidratante. Olha só, é quase igual o meu TV-Game!!! Melhor nome de console. O TV-Game 6 foi o primeiro console lançado pela Nintendo, e continha seis variações de Pong em sua memória. O povo tem mania de chamar o Game Cube de fogãozinho, mas dá uma olhada no Panasonic Q! Os primeiros jogos portáteis eram bem rudimentares. E não é que esse negócio existe mesmo?! Motivo da existência deste site!!! Ok, o Gunpei Yokoi tava muito chapado quando inventou o Virtual Boy. Réplica da Brown Box, protótipo do Odyssey. Magnavox Odyssey, o primeiro console lançado no mercado. Telejogo Philco Ford, primeiro aparelho de produção nacional. Quando pequeno, eu associava qualquer jogo do Nintendinho a esse console aí. Essa cena foi engraçada, era uma criança sendo praticamente forçada pelo pai a jogar Virtua Fighter no Sega Saturn. Ela obviamente não estava entendendo nada e detestando o jogo. Esse cara estava muito perdido com o controle de PlayStation na mão. Claudio Lima, diretor do museu e irmão de Cleidson Lima, criador do museu, dando instruções para participantes de um torneio de The King of Fighters.
Eu sei que vc postou faz tempo, mas eu só cheguei neste artigo hj... enfim... Concordo com absolutamente tudo que vc disse no texto, eu tive sensações muito parecidas quando rolou aqui em SP da primeira vez (tanto que não quis ir na segunda). Me entristeceu um pouco foi mais a reação do público, que de fato ficou mais interessado nas coisas mais novas e, quando se interessavam pelas antigas, só pensavam em jogos de luta. Realmente me entristeceu não ver as pessoas interessadas em jogar coisas menos populares, tanto que eu fiquei um tempão conhecendo um jogo de nave do PC Engine CD (que eu nem lembro mais o nome, mas enfim) e ninguém foi lá pedir pra jogar ou algo assim. Larguei e ficou lá largado um tempo. Uma pena que o pessoal não adquire esta consciência de curiosidade, que vc mesmo mencionou no texto. E, de fato, pra um evento gratuito, está de ótimo tamanho. Aparar as arestas seria bacana, mas do jeito que está hoje já satisfaz bem. Valeu Tchula!
Já se foi a época em que a gente tinha tempo de comentar o texto dos outros logo quando era lançado, não é? Rzs
É complicado isso do interesse, porque para as empresas é muito melhor fomentar a vontade no grande público em comprar consoles atuais do que em fazer esse resgate histórico, e no final são eles que acabam patrocinando esse tipo de evento. E isso fica muito mais exposto pelo fato de que nossa relação com videogames se dar muito pela via comercial em uma primeira instância. É por isso que eu tenho sérias críticas ao evento enquanto exposição, mas entendo perfeitamente o seu lado de entretenimento.