Tchulanguero
Eu venho da época dos saudosos fliperamas, então não tenho dúvidas: jogar com a galera dividindo a mesma televisão é insuperável! Até jogos que nem são minha praia, como Halo 3, me proporcionaram ótimos momentos de diversão através de dois Xbox 360 ligados em rede, com oito bêbados gritando enquanto jogavam. Porém sei que a jogatina online também tem o seu mérito, e embora não seja muito a minha praia, volta e meia eu jogo alguma coisa com o pessoal, como Mario Kart Wii e recentemente algumas passeadas em Mass Effect 3. Sim, há espaço para os dois, inclusive aqui em casa.
Agora, o que me incomoda profundamente, é esse pessoal que pensa que é obrigatório a porcaria do modo online. Desculpem os que acham que é só um modo a mais, e blá, blá, blá, mas todo mundo esquece que isso gera tempo de desenvolvimento e custos de servidor, e eu sinceramente sacrifico isso tranqüilamente em troca de ter um jogo mais polido. Aliás, quantas vezes os jogos tem o online feito por um estúdio diferente do que faz a campanha solo, por conta de prazos apertados e afins, e o resultado é um Frankenstein mal arrumado? E na boa, quem fica reclamando que NUNCA tem amigos para jogar em casa está precisando sair mais. Engraçado também, que quando rola o contrário, jogos apenas com online, mas sem multiplayer local, praticamente ninguém reclama. Como eu disse, acho que tem espaço para ambos, mas isso tem que ser uma decisão dos estúdios, algo planejado desde o princípio, e não porque um monte de retardado não consegue levantar a bunda do sofá para arrumar amigos ou porque as publicadoras exigem o recurso para aumentar a arrecadação do jogo.
Somari
Essa pergunta foi super objetiva e vou responder de uma forma super simples: não.
Eu estava conversando sobre isso com uns amigos esses dias e sinceramente acho que essa modalidade não deveria ser tão difundida quanto vem sendo atualmente. A questão é que eu achava bem mais legal juntar o pessoal na frente da TV e bater uma partida de Golden Axe ou KoF. Tentem imaginar Mario Party online? Impossível, né? Pois é, eu não quero saber de ser o melhor do mundo. Prefiro apenas me achar o melhor da minha turminha, pois essa é a magia do multiplayer. É muito mais divertido você vencer e zoar seu amigo, gritar na sala e todo mundo aplaudir a sua volta e esse tipo de coisa.
Outro caso importante que impregna o multiplayer online: hacks. O mundo dos jogos em rede está impregnado deles. E o pior é que essa raça é do tipo que te vence e ainda zombam de você, por se acharem os melhores no jogo em questão. E não adianta reclamar, viu? Eles vão zombar ainda mais de você!
Por fim, quanto você acha que deve valer o custo para manter os servidores? Por que vocês acham que a Sony arrecadou menos do que esperava com o PS3 e agora colocou partidas online vinculadas a Plus no PS4, tal como sempre foi na XBLA no Xbox 360? Pois é. E ainda tem gente que gosta de falar mal da Nintendo porque eles não tem jogos online. Me desculpem a sinceridade, mas a Nintendo é a única empresa que realmente dá valor aos videogames hoje em dia, e manter multiplayer local faz parte disso.
Professor João Roberto
Multiplayer online? Depende.
Eu cresci jogando no velho estilo "Perde deixa o controle", muito por conta da escassez de aparelhos entre meus amigos e eu. Pra ter uma ideia, quando o Mega Drive era top por aqui, eu ainda tinha meu Atari 2600. E a festa era garantida assim, pois sempre havia uns dez moleques pra se revezar jogando Street Fighter, Mortal Kombat ou International Superstar Soccer. Com o PS1 a coisa explodiu, pois todo mundo se juntava pra jogar Winning Eleven, basta lembrar das locadoras. Teve uma época que o pessoal de onde eu trabalhava se reunia pra jogar Winning Eleven 7 no PS2 em locadoras.
Pra mim, videogame é sinônimo de diversão com os amigos, rindo, se divertindo, zoando, disputando para ver quem é o melhor, ou todo mundo se juntando pra ferrar um só, mas sempre com sorriso no rosto. Não faz muito sentido jogar com outras pessoas em modo online, pois não há esse efeito de zoar, a brincadeira saudável. Pior ainda, se você jogar sem um headset vai ficar parecendo que está jogando contra o próprio computador. Nem quero citar a conexão...
Durante a era 32/64 bits, eu tive um Nintendo 64 com 4 controles e carts de Mario Kart 64, Goldeneye 007 e Mario Party, mas todas as vezes que algum colega vinha em casa para jogar, logo soltava o famoso "tem Uinguelévein?". Quando via que não, jogava um pouco, ia embora e não voltava mais, diferentemente de quando o povo se reunia em casa pra jogar Ultimate Mortal Kombat 3, quase deixando minha mãe louca por conta da bagunça.
O multiplayer local perdeu a força nos últimos anos, mas eu acho que foi muito por conta da maior facilidade de comprarmos aparelhos. Se alguém pode comprar o seu, não vai querer esperar a fila rodar para chegar a sua vez, fora que a maioria prefere jogar games para um único jogador, tipo God of War. E a solução para isso? O modo Online, onde podemos jogar até altas horas da madrugada sem que alguém diga que tem que sair porque a mamãe dorme cedo.
Eu respondi que depende, e é verdade, afinal, sou novato nesse quesito, joguei poucas vezes desse modo, mas sempre foi muito divertido, fora que há alguns conteúdos extras a serem aproveitados, como os torneios que são abertos com data marcada em FIFA, por exemplo. Depende porque às vezes é legal jogar contra outras pessoas, mas o online nem de longe supera o multiplayer local com risos, disputas e bebidas e, sinceramente, pra mim o online é mais perfumaria do que algo essencial ao jogo.
SucodelarAngela
Eu tive poucos consoles quando criança, tive um Nintendinho e um SNES, e lembro de ter jogado Master System e Mega Drive, mas sempre na casa dos vizinhos, e era exatamente isso que era legal: nós íamos à casa dos amigos jogar com eles, e eles vinham à nossa casa para jogar conosco. Não é à toa que muito marmanjo ainda cultiva amizades advindas da infância: as atividades cooperativas - no videogame ou não - ajudavam a criar esse bond entre as pessoas. Felizmente, no meu caso, os videogames estavam tão presentes quando o rouba-bandeira, o pique-esconde, o chuta-lata e a pelada na rua (eu não brincava com bonecas ).
Tirando as comunidades de renda mais baixa que não tem acesso à internet e a consoles, todo mundo vive cada vez mais enclausurado. Não se vê mais crianças correndo nas ruas, vizinhos batendo papo na porta de casa, todo mundo está em seus quartos conectados online, seja no Facebook, no Skype ou no mundo online dos games. Calor humano? Não há. Aí você tem pessoas se tornando cada vez mais sozinhas, e não se tocando de que elas mesmas estão se afastando das demais.
Tenho lembranças excepcionais de quando me reunia com os amigos para jogar videogame, todos juntos. Lembro de ter quase todos os fatalities de Mortal Kombat memorizados, só por conta das jogatinas em grupo. Instalamos emuladores de Nintendo 64 no computador para jogar Mario Kart 64 no desafiado* (sim, compramos joypads para jogar). E ficávamos até altas horas da madrugada fazendo isso! E mesmo quando não estávamos jogando, bastava estar perto para relembrar jogadas, músicas e noobices. Apesar de muitos deles estarem distantes fisicamente agora, sempre tenho essas lembranças comigo, e rio enquanto lembro.
A atual geração (de pessoas) não tem esse tipo de experiência. São marcados apenas pelo multiplayer online, onde só se falam por headsets ou chats (geralmente para se xingarem), não se conhecem pessoalmente, não se reúnem para outras coisas, não há nem respeito. Todo mundo usa hacks, quem não usa é noob, quem ganha fica se gabando e quem perde fica ofendendo. Então, minha opinião: se excluíssem o multiplayer online do universo, não faria falta para mim. Melhor jogar um single player de qualidade do que um multiplayer zoado, seja por falhas técnicas, seja por falhas intelectuais dos jogadores. O mundo online dos games pode até conectar as pessoas, mas pra mim, esse mundo é muito feio.
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E agora, o Vão Jogar! quer saber de você, leitor: você é adepto das jogatinas online ou prefere o old but gold co-op das antigas? Você acha que é realmente necessário que praticamente todo jogo venha com algum modo online? Pegue sua cerveja, sente-se conosco e dê aí o seu pitaco!
PS: Não deixem de sugerir novos temas para as butecadas, mandem um e-mail para butecada@vaojogar.com.br com as suas sugestões
Nota do revisor: "desafiado" é uma gíria maranhense para indicar que você é o próximo da roda a jogar depois que alguém perder a partida ("O desafiado é meu!"). E sim, eu tive que perguntar isso para a larAngela
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