A cada ano, quando a Feira de Games E3 se aproxima, logo pensamos nas possibilidades que nos agradariam. Aquele jogo anunciado há tempos e que parece nunca sair, um novo console que está para ser lançado ou mesmo o sonho de uma franquia esquecida que pode retornar. E tem ainda enxurradas de sequências dos jogos mais esperados e tal. E tem ainda as conferências. Ah, as conferências...
Por regra, Sony e Microsoft fazem grandes conferências para anunciarem seus produtos, jogos e novidades, assim como a Nintendo. Bem, quase isso. A Nintendo optou, mais uma vez, por não fazer uma "Mega Conferência" e sim, apresentar suas novidades através de seu já conhecido modelo "Nintendo Direct". Lembro que li no ano passado em vários sites e blogs notícias - muitas delas de haters confessos da Big N - que a empresa errou ao mudar seu formato de apresentação, que ela está sem dinheiro (sic) e outras bobagens.
Lendo as notícias parece que tudo isso é novidade, menos a feira, que já está na sua 19ª edição, mas não é bem assim, e podemos dizer que a cada ano, apesar de toda evolução tecnológica, a indústria dos games apenas se repete. E por falar em se repetir, vamos entrar no nosso DeLorean e voltar à primeira edição da feira, de 1995, e ver como tudo começou...
It’s About Time!
Era o ano de 1995. Pela primeira vez os videogames tinham uma feira própria, abordando tudo o que era relacionado a eles. Novas plataformas foram apresentadas, novos jogos, alguns impressionantes para a época, arrancaram aplausos dos presentes. Houve também algumas frustrações, algumas ofertadas por empresas que ainda estão por ai.
Só para situá-lo no tempo, era a época a guerra Sega x Nintendo, com o famoso "Sega does what Nintendon’t!", contudo, os aparelhos mais famosos, Mega drive e Super Nintendo, já perdiam força. Dois anos antes saía o 3DO, da empresa homônima, 3DO, que inaugurara a geração "32 Bits". Agora os jogadores tinham à disposição novas possibilidades, novas franquias e, principalmente, uma maior qualidade nos jogos, que era o que mais importava.
Coube a Tom Kalinske, então presidente da Sega, abrir a feira sob aplausos após a apresentação do já conhecido Sega Saturn, aparelho que carregava o logotipo da casa do Sonic e prometia muito.
Se antes a estratégia era agressiva, sobretudo frente ao principal concorrente, o Snes, agora a empresa utilizava algo mais sutil, mas não menos pretensioso. O "Saturno" fora lançado sob o lema "It’s out there", mal traduzindo, seria algo como "está aí". E estava mesmo. Com processamento de sobra, o aparelho entregava ao consumidor conversões dos jogos que ele só podia experimentar nas casas de fliperama, como Virtua Fighter e Daytona USA, e a tecnologia de CD era superior ao irmão mais velho, o Sega CD. Contudo, os anéis de Saturno tinham um concorrente que chegava forte, filho de uma empresa renomada no ramo do entretenimento: O Sony PlayStation.
A Sony já era uma gigante quando entrou no ramo dos consoles, lançando um aparelho que vinha de uma parceria infrutífera com a Nintendo, mas isso você já sabe de cor e salteado.
O que a gente precisa lembrar é que a Sony já chegava com a chancela de empresas como Capcom, Namco, Lucas arts e depois Square e o resto é história. Na apresentação da E3 foram mostrados Tekken, Ridge Racer, entre outros. Um destaque que faço é o jogo Johnny Mnemonic, baseado no filme estrelado por Keanu Reeves que, por sua vez, fora baseado no romance cyberpunk de mesmo titulo escrito por William Gibson - Autor de Neuromancer, livro que inspira a trilogia cinematográfica Matrix, da qual sou fã. Nossa, como nossos pensamentos voam quando estamos conversando... vamos voltar aos jogos.
Já pediu outro copo? Pois vamos continuar...
E a Nintendo?, você me pergunta...
Hoje em dia a Big N anda meio em baixa e falar mal dela é como bater em bêbado, principalmente depois do lançamento do Wii U, que não se mostrou tão arrasador como esperavam os fãs mais ardorosos da marca (como eu, por exemplo), e, caso você fale com outras pessoas, muitas delas dirão que a Nintendo passa por dificuldades, que se o Wii U falhar ela pode falir e tal. Bem, fugindo um pouco do assunto, eu posso te lembrar que, perto do PlayStation, o Nintendo 64 não vendeu tão bem, além de poucos jogos realmente bons, principalmente os oriundos de empresas que não a própria Nintendo, então presidida pelo clã Yamauchi. E o que segurou as pontas? Basicamente 2 nomes: Gameboy e Pokemon. E foi assim também com o Gameboy Advance e Gamecube, mas isso é assunto para outra hora. Basta a gente lembrar que, apesar de todo mundo fazer previsões apocalípticas sobre o fim da empresa, ela aguentou firme e lançou o Wii. Bem, isso você já sabe como aconteceu e "o que" aconteceu. Ah, mas a Nintendo só usa o modelo "Nintendo Direct" e não as mega conferências? Você acha que isso realmente faz falta? Bem, eu acho que não, mas isso é opinião minha, já que eu não vou poder nunca ir à feira, e que nos horários das conferências eu estarei trabalhando, ao menos eu acho as aparições do Satoru "Zacarias" Iwata (Tchulanguero manda um "oi") muito mais interessantes. Bem, mais uma vez, não passa de opinião. Você tem a sua e eu a minha...
Frustrações à parte, no ano de 1995 todos esperavam o anúncio oficial do então Ultra 64, mas surgiu Howard Lincoln, presidente da Nintendo americana, que passou a falar sobre pirataria e seu mal à indústria. E o Ultra 64, Sr Lincoln? "Só no ano que vem!"
"Mas a Nintendo só falou sobre pirataria naquele ano? Nenhum jogo foi anunciado?"
Que pergunta a sua, Hein?
Um ano antes a Big N havia lançado um jogo que deixou todo mundo de boca aberta. Você lembra qual era? Isso mesmo, Donkey Kong Country. Veja bem, conhece o velho ditado "em time que está ganhando não se mexe"? Foi quase isso, pois o pessoal da Rare se mexeu e lançou a sequência, Diddy Kong’s Quest. Ah, eles também anunciaram o lançamento do arrassa-quarteirão Killer Instinct. Bons tempos da parceria Nintendo-Rare...
Mas o mar não estava mesmo para peixe naquele ano, pois a Big N também anunciou o Virtual boy, um baita chute torto...
Que horas são? Puxa! Está na hora de ir, mas ainda dá tempo de falar mais um pouco...
"Aquele ano só teve Sony, Sega e Nintendo?", é isso que você quer saber?
Não. Na verdade não. Acredito que você tenha em casa um bom computador, capas de rodar ao menos alguns bons jogos, não? Hoje em dia é muito comum os computadores receberem grandes jogos, os mesmo que podemos jogar nos consoles vigentes, mas isso não era tão comum na época. ’Tá, tudo bem, eu não sou a pessoa mais indicada para falar sobre os jogos para computador, ainda mais por que havia muitos - e ótimos - jogos para os computadores, mas não com a mesma força de hoje. Antigamente eu tinha a visão "jogo de console, jogo de PC". Ok, não era uma visão só minha, mas você entendeu o que eu quis dizer...
O problema era que, na época, os computadores tinham uma desvantagem terrível, que era a execução dos jogos, já que você não tinha só que comprar o aparelho, inserir o jogo e Press Start to play. Você tinha que comprar kit multimídia, placa de vídeo. E podia dar erro, faltar memória. Era o famoso Plug and pray (ligue e reze).
Você quer saber se foram anunciados grandes jogos para o PC naquele ano?
Hum, não muitos. O destaque vai para Werewolf vs Commanche, jogo de combate com Helicópteros. O estranho é que na E3 daquele ano foi anunciados produtos que pouco faziam sentido por estarem ali, caso do título A Brief History of Time, versão multimídia do livro (!) "Uma breve história do Tempo", de Stephen Hawking, com direito a voz digitalizada do cientista. Imagino o pessoal da feira buscando novidades para seus videogames parando e dizendo: "Hey! Um Livro digital do Stephen Hawking! Que se dane Killer Instict, Saturn e PlayStation, eu vou comprar isso!"
Sabe? É engraçado e interessante como a indústria do games cresceu e se modificou. Nomes que na época eram comentados boca a boca, hoje desapareceram, como o Neo Geo CD e o já citado 3DO. Naquele ano também havia outros aparelhos, como Atari Jaguar e o Philips CD-I. Que fique bem claro que eu não estou reclamando, ok?
"O que eu espero da E3 deste ano?"
Hum, não sei direito. Eu ainda não tenho nenhum aparelho da geração atual, Wii U, PS4 e Xone, mas espero comprar um Wii U até o fim do ano, portanto, minhas expectativas estão sobre ele. Eu quero ver um novo F-Zero, algum Mario que suceda Super Mario Galaxy e uma ou outra surpresa. Fora que, como ainda não tenho o aparelho, ter uma linha de jogos atraente melhora a compra, não é? E tem o Mario Kart 8 aí, e eu quero muito jogar Bayonetta 2...
Mas deixe-me ir embora, que eu estou cansado, já falei demais. "O que você vai fazer agora"? Ora, vá para casa, ligue seu videogame, sente no sofá e vá jogar!
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