O gênero começou a pipocar lá para os idos de 2010 mais ou menos, tendo ganhado mais destaque com jogos como Braid e Minecraft. São basicamente feitos por desenvolvedores independentes e, no geral, são muito bem recebidos pela crítica. Mas porque disso? Simples! Feitos de fãs para fãs, oras. Afinal, qual jogo de algum estúdio grande do gênero metroidvania você já viu lançando? Algum que seja digno do nome, claro. Pois é, difícil.
Os indies tem resgatado muito a nostalgia dos jogadores, com side scrollers, dificuldades e tudo mais que um bom jogo de SNES tem direito. FEZ é um exemplo. Gráficos simples, jogabilidade razoavelmente complexa. Um jogo de plataforma que se mistura com puzzle e é daqueles que você fica com vontade de demorar na fase, só para conseguir pegar tudo o que tiver na tela. Sério! É um jogo que vale muito.
Outra coisa que fazem os indies serem melhores que o das empresas grandes são os caprichos em que eles desenvolvem a arte das coisas. E não, não adianta vocês falarem que AH, MAS INDIE SÓ FAZ JOGO 2D E JOGO 3D É MAIS COMPLEXO E MAIS REALISTA E MIMIMI. Essa aí não cola mesmo.
Pegue Braid, por exemplo. O estilo gráfico usado ali é simplesmente fantástico. Totalmente baseada em pinturas e com excelente ambientação. Mas a questão não é só essa. Se você for parar para ver, a equipe de artistas que trabalham em Call of Duty, por exemplo (e me desculpem os fãs, mas arte feita com a bunda) pode até mesmo chegar ao dobro de gente que trabalha num jogo indie. Aliás, você achou FEZ bonito? Pois saiba que ele foi feito por uma pessoa só.
Isso é algo que me faz gostar ainda mais dos indies. Eles não visam principalmente o lucro do jogo. Ele é feito em cima de muito empenho e muito capricho. Cada detalhe é visado para que o jogo fique o mais perfeito possível e essa dedicação toda faz com que, de certa forma, o jogo fique carismático. Além do mais, geralmente esses estúdios pequenos tem mais contatos com fãs. Vá em qualquer Twitter ou Facebook dessas empresinhas e vocês verão que eles respondem os fãs, ao contrário do que acontece em várias grandes. Aliás, falando nisso, nem sempre um jogo indie é distribuído pela própria empresa que o faz. DuckTales Remastered é um exemplo disso. Feito pela Way Forward (que sempre faz um belo trabalho, no geral), mas distribuído pela Capcom. Então já fica de alerta que nem todo jogo “feito” por algum estúdio, é de fato feito por aquele estúdio.
“Então tá. Já sei que as empresas são pequenas e gente fina, que eles tem qualidade e tudo mais. Mas e aí, o que me recomenda?” você me pergunta nesse momento. Certo, então vamos falar de alguns jogos que eu já joguei e de alguns que estou esperando muito, só os principais por enquanto.
A Hat in Time
Talvez esse seja o jogo que mais estou esperando no momento. Sim, é indie. Sim, é 3D. Os gráficos cell shading que parecem terem sido ripados de The Legend of Zelda: Wind Waker HD são simplesmente sensacionais, tais como o jogo da Nintendo que citei agora.
É um jogo assumidamente inspirado nos jogos de Nintendo 64. Tão baseado que o compositor das músicas é nada mais nada menos que Grant Kirkhope! Não conhece esse cara? Então lembre das músicas icônicas de Banjo-Kazooie, GoldenEye, Perfect Dark, Donkey Kong 64 e alguns outros. Se você não conhece esses jogos, por favor, pare de ler agora (e vá jogar esses jogos. Aí você volta e continua, ok?). A própria descrição da empresa sobre o jogo é um “pense em Banjo-Kazooie, Super Mario 64 e The Legend of Zelda juntos em um só”. Ou seja, dispensa comentários, não é?
Por enquanto ainda não está disponível e as únicas plataformas previstas são PC, Linux e Mac (mas espero de coração que ele vá parar no Wii U também, afinal é um jogo 100% baseado em uma plataforma da Nintendo).
Limbo
Outro grande jogo indie, um dos primeiros a fazerem sucesso nesse segmento e um dos mais bonitos também, na minha singela opinião. É simples demais para chegar no status de belo. Basicamente os gráficos se resumem em várias camadas de sombra e o jogo em si é um conglomerado de puzzles e seu personagem se fodendo praticamente o tempo inteiro. E não, você não vai zerar Limbo sem morrer pelo menos o suficiente pra ficar puto com o jogo, da mesma forma como você não vai conseguir parar de jogar logo.
O jogo te joga numa atmosfera de... Limbo. Você é um garoto largado num lugar pra morrer e tem que se virar do jeito que pode pra sobreviver. O ponto forte desse jogo é a interatividade com o cenário, seja isso bom ou ruim. Cair de lugares altos te faz morrer, você pode puxar ou empurrar quase tudo que tem no cenário e quase tudo no cenário também pode te matar. Sim, esse jogo é legal. Limbo está disponível para Steam, PS3, Xbox 360 e PS Vita.
Shantae
Shantae é um típico jogo da geração 8 bits. Plataforma, poderzinhos, bichinhos e uma história simpática. Agora em HD. O primeiro Shantae foi lançado para Game Boy Color e agora relançado para o eShop do 3DS. Eu recomendo MUITO que vocês comprem para o portátil da Nintendo, pois é muito provável que vocês não tenham dinheiro suficiente para pagar os mais de 300 dólares cobrados por um cartucho avulso do jogo original (isso SE acharem) e nem adianta procurar ROM, pois vocês podem até achar, mas é pouco provável que o emulador que vocês usem rodem.
Além desse, há mais jogos da série, como Shantae: Risky’s Revenge que é a continuação do jogo, lançado originalmente para DSiWare, depois relançado para iOS e agora com versão Director’s Cut na Steam. Há também mais dois jogos vindo aí: Shantae and the Pirate’s Curse para o eShop do 3DS e Shantae: Half-Genie Hero para Wii U, Xbox 360, Xbox One, PS3, PS4, PSVita e PC.
Sobre o jogo: gráficos bonitos e coloridos, música animada e que te joga bem no ambiente, história divertida e cativante. E só lembrando que esse é um jogo da Way Forward, a mesma que fez DuckTales Remastered (que eu disse ali em cima e que também recomendo). E sim! Vale cada centavo investido no jogo. E uma dica: os do eShop são baratinhos, então aproveitem.
90’s Arcade Racer
Não sei se vocês vão se lembrar do Sonic Fan Remix, aquele remake (lindo) do Sonic 2 que estavam projetando para PC, mas que a SEGA embargou e que inclusive tem uma demo-alpha do jogo disponível para download? Pois é. Depois que tiraram os sonhos do grupo de lançar esse jogo (e o nosso de jogar uma versão decente de algo parecido com Sonic 4 Episode II), resolveram que não iriam desperdiçar a engine, homenageando outro jogo da SEGA, mas de forma menos descarada.
Assim surgiu esse jogo cujo o próprio nome já diz tudo. 90’s Arcade Racer é um Daytona que o tempo esqueceu e que não vemos desde o fim do Dreamcast (mas que voltou há não muito tempo no XBLA e PSN).
É um jogo de corrida bem ao estilo dos anos 90 mesmo. O cenário, os carros, tudo. Com a diferença dos gráficos bonitos, claro. Se a SEGA fosse fazer um novo Daytona, 90’s Arcade Racer seria esse jogo. Ele estará disponível para PC e eShop de Wii U ainda em 2014.
FEZ
FEZ é outro jogo genial. É um jogo 2D que usa uma espécie de 3D para formar o cenário. Pense assim: se você não consegue atravessar algo, basta girar o cenário para formar novas plataformas e assim atravessar o que você quer. Em resumo é um jogo de puzzle que usa o cenário como quebra-cabeça. A diversão fica em você ficar andando pelo cenário tentando pegar tudo. Disponível para Xbox 360, PS3, PS4, PSVita e Steam.
Chroma Squad
Esse é outro jogo que parece ser bem genial. Imagine um Power Rangers Tactics. É isso, basicamente. E sabe o que é mais legal? Esse aí é brasileiro! E tá chamando a atenção do mundo todo, inclusive a própria produtora dos Power Rangers já notaram o jogo e entraram em contato judicialmente, já que o jogo é MUITO parecido com Power Rangers.
Aparentemente a Saban, que é detentora dos direitos dos heróis coloridos originais, entrou em contato com o estúdio brasileiro para acertarem um acordo benéfico para ambos. Basicamente uma parte do dinheiro da venda vai para a manutenção dos Mega Zords, já que o custo para manter robôs daquele tamanho é muito caro e as peças são importadas de algum setor desconhecido do universo. Resumindo: comprando Chroma Squad, você ajuda a manter a terra a salvo (exceto pela maquet... cidade que sempre é destruída após uma luta contra algum capanga gigante da Rita). Ainda não há plataforma definida, além do PC, claro.
Pier Solar
Um típico RPG 16 bits, com cenários bonitos e muito colorido. Boas músicas, boa história e tudo mais que um RPG dos anos 90 tem, lançado primeiramente em 2010. “Tá, mas isso já é meio clichê hoje em dia. Tem muito RPG baseado em 16 bits atualmente”. É, tem razão. Isso seria apenas mais um RPG 16 bits... se não tivesse sido lançado PARA um console 16 bits de verdade. “Como assim?”, você me pergunta. Pois se você não sabe, Pier Solar foi originalmente lançado para o Mega Drive em 2010, e ganhou o título de “maior cartucho de Mega Drive” ou “cartucho com maior memória”, se vocês preferirem.
Como já disse, é um típico RPG de 16 bits. Pensem num Final Fantasy. Pois é mais ou menos isso. O jogo pro projetado de início para PC, mas o projeto acabou crescendo e indo para o Mega Drive. Estranho, né? E o projeto é liderado por um brasileiro! Agora em 2014 o jogo virá em versões HD para PC, Mac, PS3, Xbox 360, Wii U, 3DS, Android, Ouya e, acreditem, Dreamcast!
Journey
Journey é outro jogo lindo, lançado exclusivamente para PS3. Já ganhou prêmios de melhor soundtrack e possui um dos gráficos mais lindos que já vi nesse console. É complexamente simples e simplesmente complexo. Jogabilidade de fácil aprendizado e... enfim, não dá pra explicar direito. Apenas joguem e deliciem-se com a beleza artística do jogo.
Enfim, eu poderia passar uma eternidade aqui citando jogos indies. Esses são alguns dos que me vieram na cabeça e eu consegui fazer uma descrição legal para apresentar à vocês, caso não conheçam algum. Como menções honrosas posso falar de Shovel Knight, Braid, Ghost Song, Heart Forth Alicia e outros. Jogos que resgatam a beleza dos jogos 2D e a complexidade e dificuldade dos metroidvania, músicas lindas e tudo mais. Se hoje você quer investir no mundo dos games, vale muito a pena começar pelos indies.
Ah é! Transcendendo um pouco a barreira dos softwares, vamos falar de placas, circuitos e coisas que você consegue pegar. Sim, existe um console indie.
O Ouya é um aparelho de mais ou menos o mesmo tamanho de um cubo mágico que conta com processador Tegra quad-core e 1 Gb de RAM e tem o Android como seu SO. Isso significa que você já tem uma extensa biblioteca de jogos que pode desfrutar no pequenino (incluindo emuladores) e além disso há os jogos que são otimizados para o aparelho e que rodam em 1080p. Sonic 4, Final Fantasy III e Shadowgun são alguns desses jogos. Mas não só isso! Há também os jogos exclusivos, como That Dragon Cancer, Neverending Nightmares, Polarity, Whispering Willows e alguns outros.
De fato o Ouya não é AQUEEELE console parrudo e que bate de frente com os das grandes empresas, mas pela bagatela de US$ 99,00. pelos jogos praticamente dados em sua loja virtual e pela lista já disponível dos jogos de Android (e o fato de não jogar naquelas malditas telas de celulares), talvez valha o investimento.
Alguns indies também gostam de brincar em algumas plataformas já mortas. Como já disse, Pier Solar foi lançado primeiro para Mega Drive, e isso em 2010. Além desse, outro console que é muito usado por esses desenvolvedores independentes é o Dreamcast, que sempre recebe um jogo novo. Pier Solar é um dos que vai dar as caras nele. Sidney Hunter and the Caverns of Death vai pintar no SNES e Dreamcast em 2014. Se vocês acharam que o console é uma porcaria e estava morto, pensem duas vezes pois ele está mais ativo que o PS2.
Pois é, o submundo dos indies é mais movimentado do que vocês veem na página inicial da Steam e vai muito além do já chapado Minecraft. Cada vez mais eles aumentam a biblioteca do Dreamcast, cada vez mais uma nova ideia genial surge e cada vez mais eles deixam as grandes empresas no chinelo com seus jogos com fórmulas repetidas inúmeras vezes.
Recomendo demais vocês darem atenção para esses desenvolvedores, pois eles possuem jogos de todos os tipos que vocês imaginarem, desde plataforma clássica até FPS e de jogos de esportes, que são a bola da vez. Também recomendo MUITO que vocês assistam o documentário "Indie Game: The Movie", que conta um pouco da produção de alguns desses jogos que falei e como é a (difícil) rotina de um desenvolvedor indie.
Então me façam um favor: ajude essa galera pequena, compre um jogo indie e Vão Jogar!! É certeza que é coisa boa .
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