Geração após geração, é sempre a mesma história: todo mundo fica ansioso para saber quais os próximos avanços tecnológicos que serão enfiados naquelas pequenas caixas de plástico que tanto adoramos, e o quanto isso vai tornar os jogos que gostamos cada vez mais grandiosos. E apesar de as vezes as empresas prometerem demais e cumprirem de menos, no final das contas nós acabamos nos divertindo pra caramba e recebendo jogos fodas que nem imaginávamos que um dia veriam a luz do dia. Mas se no começo, a briga para ver que tinha o console mais rápido ou com melhores gráficos era relevante, na geração passada a Nintendo pegou todo mundo de "calças curtas" e começou a colocar em dúvida esse conceito de nova geração. Primeiramente, vamos colocar uma coisa na cabeça: a idéia de nova geração além de ser muito subjetiva, é mais uma questão de mercado do que técnica. Pegue as duas primeiras gerações de consoles por exemplo, e vocês verão que é uma mistura maluca de tecnologias que muitas vezes pouco tinham semelhança, até porque era uma época maluca mesmo. E mesmo nas gerações seguintes, volta e meia rolavam algumas discrepâncias entre o console mais fraco e o mais forte. Quem aí já fez um comparativo entre Dreamcast e o Xbox "Caixão" por exemplo? Pois é.
Aliás, esse é o erro que eu mais vejo o pessoal cometendo: o de definir geração através de números. Vamos pegar os PCs como exemplo, que aliás, hoje são considerados o suprassumo dos jogos eletrônicos. O pessoal um pouco mais velho vai lembrar da famosa linha de processadores da Intel chamada Pentium. Essa linha de processadores teve muitas revisões e variações, mas o que eu vou chamar aqui de "linha principal", recebeu quatro grandes revisões, que seriam as gerações da linha Pentium. Agora um papinho pseudo-técnico chato, mas que vai ajudar vocês a entender o meu ponto. A primeira geração do Pentium tinha processadores que em seus vários modelos variavam a freqüência entre 60 Mhz e 300 Mhz. A segunda, entre 233 Mhz e 450 Mhz, a terceira entre 450 Mhz e 1400 Mhz e a quarta, entre 1300 Mhz e 4000 Mhz. Entenderam aonde quero chegar? Se você olhar apenas um aspecto deles e compará-los através dos números, o mais "violento" da geração anterior pode ser melhor que o mais fraco da geração posterior... o que é uma análise muito "tapada", já que é muito inocente pensar que somente a freqüência do processador é que melhorou.
E então voltamos aos videogames e chegamos a geração atual. Quantos de vocês já não presenciaram em grandes sites, aquela competição que eu não preciso dizer do que, em que caixistas e sonystas brigam para saber qual o console tem as especificações melhores? É um tal de termo técnico para cá, termo técnico acolá, que eu fico pensando se realmente as pessoas tem noção do que estão falando. Nem precisa falar muito então de como o atual console da Nintendo é tratado, sendo taxado de console da geração passada. Confesso que estou achando um bocado estranho a suposta dificuldade do Xbox One em rodar jogos em 1080p a 60 quadros, já que foi algo já visto algumas vezes na geração passada e esperava-se que fosse algo padrão na atual, ainda mais com todo o marketing de "videogame foda" feito em cima, mas sério galera, vocês já jogaram o treco? A Microsoft pode até amargar a terceira posição na minha listinha de preferidas, mas se tem uma coisa que eu não faço é desdenhar do poderio do seu console. Aliás, esse tipo de problema normalmente tem mais relação com otimização do que com potência ou inovação. Parece que jogador ainda não acostumou com essa primeira leva de jogos que todo console recebe, principalmente agora que eles já atingiram uma maturidade tecnológica muito grande. Visite os primeiros jogos da geração passada e compare com os últimos, vocês vão entender do que eu estou falando. Atualmente, isso ainda é muito agravado pela política de menor esforço das produtoras, onde tudo é feito da forma mais genérica possível e encaixado de qualquer forma em todas as plataformas, afinal, ninguém quer "perder tempo" reescrevendo jogo do zero para cada console. Na geração passada, a galera do PS3 sofreu um bocado com isso, recebendo ports horrendos de jogos que rodavam tranqüilamente na concorrência, apesar da superioridade numérica do seu hardware.
Muito se discute também sobre a necessidade de ciclos de geração tão curtos, já que o console sempre chega ao seu ápice no final da geração, não tendo tempo de aproveitar melhor essa fase. Contra essa idéia, surge a galera do "hardware superior", principalmente os adoradores do PC e suas resoluções impossíveis de caber em um único monitor. Aliás, apesar de realmente o computador ter uma larga vantagem técnica e possuir preços de jogos escandalosamente mais conta, não se iludam com as suas facilidades: além de sofrer muitas vezes com problemas de otimização, até por não se tratar de uma máquina 100% dedicada, você dificilmente irá passar uma geração inteira sem trocar uma peça ao outra, a não ser que você torre toda a sua grana em um supercomputador e não se importe de ir configurando os jogos conforme eles forem ficando mais pesados... ou seja, pelo menos na máquina, você acaba gastando muito da mesma forma. Talvez iniciativas como as Steam Machines resolvam esse problema a curto prazo, mas isso só o tempo dirá. E não vamos esquecer também, que quanto mais potente for um hardware, mais caro ele é... será que as pessoas estão realmente dispostas a pagar um preço maior do que o pago nos consoles atuais, só para ver um pouco mais de memória ali dentro?
No final das contas, eu sou da opinião de que as pessoas deveriam se preocupar mais com os jogos do que com o número de processadores que tem no analógico direito do controle dela. Não que eu seja contra a evolução tecnológica, muito pelo contrário, é claro que eu acho foda esses jogos novos com cenários gigantes e gráficos embasbacantes que nem cabem dentro da minha televisão, mas a tecnologia deve servir aos jogos e não o contrário. A partir do momento que novas possibilidades se criam, não tem porque eu me preocupar se o meu videogame é "maior" ou "menor" do que o concorrente, seja no número de núcleos ou nas funcionalidades do controle, o importante é termos jogos fodas. Aliás, se vocês forem analisar com muita calma, vão ver que qualquer que seja a sua opção ou preferência, vocês vão estar extremamente bem servidos. Então liguem o seu videogame preferido, não importa se ele tem sete modos ou processamento explosivo e Vão Jogar!
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