Hoje em dia fala-se muito sobre a pirataria nos videogames, tema já recorrente e que assola a indústria e alivia nossos bolsos. Nos anos 80 e 90 os videogames eram muito caros, mas, ao contrário de hoje, a situação econômica também era terrível, então, na hora de decidir qual aparelho comprar, o consumidor tinha que avaliar o “custo-benefício” para não ficar com um peso morto nas mãos. Quem comprava um Snes ou um Mega Drive tinha maiores chances de ter bons jogos do que quem se aventurasse por águas mais sombrias. Basta procurar em fóruns de discussão histórias, por vezes hilárias, de ex-proprietários de Neo Geo, 3DO ou Atari Jaguar. Buscar algo inovador demais pode ser perigoso, pois o que pode parecer “cool” tende a se tornar um belo – e caro – peso de papel. Eu mesmo tenho um desses em casa, o meu Sega Saturn. Hoje é bacana dizer que tenho um, que posso jogar Daytona USA, Sega Rally ou Virtua Fighter, mas é evidente que ele fica bem atrás do PS1 no quesito “bons jogos”.
Na época do Snes e Mega Drive era muito comum ver as locadoras lotadas de gamers ávidos por bons jogos para o final de semana. Quantas locadoras tinham jogos de 3DO? E, mesmo nessa época, a coisa não era tão bela, já que as locadoras usavam do expediente da pirataria, inclusive revendendo jogos piratas. Eu conheço um senhor, ex-proprietário de locadora, que ainda possui muitos cartuchos estragando em um quartinho nos fundos da casa dele. De vez em quando ele me deixa entrar
Na época do Playstation 1 eu costumava comprar de 8 a 10 jogos por semana e ainda dizia que possuía uma “coleção” com mais de 100 títulos. E eu não era o único. A pirataria estava tão difundida que, quando nós – aqui da minha cidade – víamos um jogo original, fazíamos cara de espanto. E na geração Playstation 2 a coisa ficou séria, pois podíamos – e ainda podemos – encontrar jogos por R$ 5,00 ou 3 jogos por R$ 10,00.
As coisas mudaram. Hoje é crescente o número de jogadores que optam por comprar jogos originais, mas até aí, isso é reflexo da condição financeira dos mesmos, diferentemente dos anos 90, quando dependíamos quase exclusivamente dos pais , que não olhavam com bons olhos para um Daytona USA por R$ 100,00 em 1996, com o salário mínimo cotado em R$ 112,00. Mas nem tudo são flores hoje em dia. Os jogos continuam custando caro, ainda mais no lançamento, mas... O Wii foi assolado pela pirataria com jogos de tamanho pequeno e fáceis de encontrar na Internet. Por exemplo, Call of Duty: Modern Warfare tem 4.1 Gb; F1 09 tem 1.4 Gb, Wii Sports tem pouco mais de 400 Mb e Super Mario All-Stars, edição de aniversário, tem 18 Mb. E ainda dá para jogar tudo isso usando um pendrive. Por este crime eu também sou culpado, mas me arrependo, tanto que quero sanar isso com o Playstation 3. Não que o console seja “à prova de pirataria”, pois existe desbloqueio para ele, mas seus jogos com mais de 10 Gb afastam os jogadores com conexão mais modesta. Esse problema não se aplica ao Xbox 360, uma vez que seus jogos são facilmente encontrados por R$ 10,00 ou menos. Aliás, é muito comum encontrar jogadores que mantêm os 3 aparelhos; O Nintendo Wii por seus jogos exclusivos; o Xbox 360 pelos jogos piratas e o Playstation 3 por causa da PSN e partidas online.
Como escrevi no início do texto, as coisas mudam. Se antigamente jogos originais causavam espanto, hoje eles são mais comuns do que se pensa e, mesmo com preços abusivos, é fácil encontrar jogos novos (sem uso) com preços na casa dos R$ 50,00, mesmo que mais antigos. Fora o fato de que pagar R$150,00 hoje em dia em um jogo para PS3 não é a mesma coisa que pagar R$ 150,00 em um jogo para Nintendo 64 nos anos 90.
Não tenho dons de premonição, mas não está difícil adivinhar o futuro. Por mais que a pirataria trabalhe duro e consiga desbloquear os novos consoles que estão chegando ao mercado (e aqui incluo o Nintendo Wii U, já devidamente desbloqueado para o conteúdo de seu antecessor, o Wii) com o tamanho cada vez maior dos jogos acaba sendo desfavorável você baixar um jogo com uma conexão de 1 Mb (meu caso) durante uma semana e ter um arquivo corrompido. No final das contas, o barato sai caro...
O barato sai caro...
* Revisado em 01/08/2013 às 01:14:50
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