Mas os tempos mudaram. Hoje temos gráficos praticamente reais, som "triple estérico sorround 51.7", sensores de movimento de capturam até a posição da merda no seu intestino, ligação entre jogadores do mundo inteiro através da internet e mais tudo o que você imaginar de aparato tecnológico feito para nerds. Mario e Nintendo, antes ícones de toda uma geração de jogadores e do entretenimento familiar respectivamente, hoje foram rebaixados para infantis e retardados. Sangue e pseudo-sexo viraram moda e fazem a alegria da galera. A moda agora é ser adulto e jogar jogos adultos. Mas afinal, o que vem a ser um jogo adulto e qual a necessidade deles?
O mercado de jogos como conhecemos hoje é algo recente. Jogos com uma história, jogabilidade mais refinada e gráficos mais bem feitos só foram se concretizar de uma forma melhor no que nós conhecemos como geração 8-bits, que teve como principal representante o NES / Famicom (os seguistas podem espernear, falar o contrário, mas isto é fato). O Nintendinho, como foi mais conhecido por aqui, trazia o conceito de "computador para a família", videogame já não era mais um brinquedo para crianças, era um aparato tecnológico de entretenimento para pessoas de todas as idades, algo para a família se reunir e se divertir. Jogos para se divertir, essa base era seguida não só pela Nintendo, mas por todas as outras empresas da época, da qual também se destacava a Sega.
Claro que na prática não era bem assim, no final das contas quem jogava mesmo era a gurizada, mas conforme os anos foram avançando, os moleques não paravam de jogar e tinham em sua biblioteca tanto os clássicos de antigamente quanto as novidades. O mercado de jogos expandiu no mesmo ritmo em que os jogadores ficaram maiores. Jogadores maiores pedem jogos para maiores, e foi aí que se criou toda uma confusão.
Não sei se repararam, mas hoje eu estou inspirado, então vamos a um pouquinho de filosofia barata de boteco. Eu sou um cara já adulto, casado, sem filhos, tenho amigos na mesma faixa de idade que a minha, alguns com filhos inclusive e como qualquer outra pessoa busco sempre formas de me divertir. Seja um filme, um jogo, uma ida para o bar ou uma boa trepada, sempre buscamos formas de relaxar e nos divertir. No caso dos jogos, eu me divirto tanto pulando em cima de dinossauros quanto estourando miolos de mutantes, assim como assisto filmes como Hotel Rwanda e Wall-E (que nem é um bom exemplo, já que é uma animação não tão infantil, mas foi o que me veio a cabeça). Ou seja, você não vira criança por jogar um jogo com temática infantil, mas não necessariamente um jogo infantil, lembrando que infantil é diferente de idiota. Guardem isso, mais tarde vamos juntar as partes.
Um outro ponto muito questionado é a questão do "videogame para a família toda" que a Nintendo trouxe e tão questionado pelas pessoas. Muitos falam que isso é balela, que quem joga mesmo são os filhos e tal, que isso torna os jogos feitos para retardados e tudo o mais o que você encontra sobre o Wii (digo o Wii por ser o mais atacado) nos fóruns da vida. Mas pensem, muitos dos que cresceram jogando hoje já tem filhos e não largaram o hábito de jogar. Seus filhos provavelmente também irão jogar, então como não dizer que videogame é algo que pode ser voltado para a família? E outra, como eu já disse, esse conceito não é nenhuma novidade, existe a muitos anos, o problema é que a molecada hoje em dia só conhece videogame do PlayStation para cá. Aí vamos para o outro ponto, os moleques que compõe a atual geração de jogadores.
Grande parte dos jogadores atuais só vieram a conhecer os videogames dos 32-bits para cá. Apesar da evolução de hardware ter sido muito grande, eles já estão habituados desde sempre com jogos tridimensionais e teoricamente mais realistas. Lembro que um jogo que fazia muito sucesso por aqui na época de PSOne era Resident Evil 2, os moleques se acotovelavam pra ficar dando tiros em zumbis. Uma outra parcela também descobria o PC como fonte de entretenimento. Jogos mais "pesados" como o já citado Resident Evil, Galerians, Fear Effect, Synphon Filter e outros pipocavam nos consoles ao lado de outros como Crash Bandicoot, Spyro, Bust-A-Move (o de dança), Digimon, etc. Para o pessoal mais antigo em geral tudo era divertido, mas para os mais novos não.
Uma besteira que todo adolescente tem é a de querer parecer adulto quando na verdade fica parecendo mais criança ainda, e aí é que chegamos ao ponto que eu estava dizendo lá em cima, que jogos com temáticas infantis não são necessariamente idiotas e nem vão te deixar menos adulto. E nem insinuações de sexo fazem um jogo ser adulto, eu tiro como exemplo o tão jogado GTA San Andreas, onde os aborrecentes achavam o máximo poder pegar umas putas dentro do carro. Sabe o que eu pensei na primeira vez que vi o ato sendo praticado no jogo: coisa de punheteiro! Não mostra absolutamente nada, não tem nada de adulto e tenho certeza que os caras da Rockstar sabem disso, afinal para mim GTA é direcionado para adolescentes, mas não restrito a esse público, assim como qualquer outro jogo. Agora me digam, em maioria quem são os ditos "hardcore gamers"? Pois é...
Eu particularmente gosto de jogos ou pela diversão e nesse grupo eu coloco Mario, Sonic, God of War (sim ele é divertido, não épico), Mario Kart, Power Stone e até mesmo Street Fighter, ou então pela história (e os verdadeiros jogos adultos se encontram nessa categoria) como Metal Gear Solid, Shadow Of The Colossus (que tem uma direção artística foda), Fallout 3, Shenmue, etc.
- Mas afinal porra, o que é um jogo adulto então?
É difícil especificar assim, já que é raro um jogo que tenha especificamente como público alvo os adultos, mas eu considero jogos adultos aqueles que tenham histórias mais complexas e com um número de referências que envolvem um nível de conhecimentos e experiência maior. Sexo e violência não dizem nada, afinal qualquer adolescente conhece essas coisas, sejam em filmes, jogos, música, televisão e os hormônios em ebulição, que fazem com que qualquer coisa dessas seja interessante, afinal é a fase da experimentação. Como eu disse, o jogo não precisa ficar restrito por esse ou aquele motivo, mas a forma de aproveita-los é que muda. Assim como um jogo de temática adulta pode ser aproveitado por um moleque que só quer ver sangue e não pela sua história elaborada, um jogo com temática infantil pode ser aproveitado por um adulto que só quer relaxar e descansar a cabeça.
No final das contas jogadores deveriam se preocupar em se divertir, independente do que jogam. Ninguém vai virar criança jogando Mario e nem vai ficar adulto com Metal Gear. Jogos são isso, diversão, sem essa de casual ou hardcore, sozinho, com amigos, com a família, online, o certo é se divertir. Vai perder mais tempo discutindo? Vão... se divertir
* Revisado em 05/03/2018 às 21:39:04
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