No meu último escrito, contei a vocês um pouco da minha experiência como jogador indie. Para quem não lembra a definição dessa palavra, “indie” significa produtor de jogos independentes (nesse caso, né pessoal). Contudo, o mundo dos jogos feitos por fãs vai um pouco além desses criativos e se estendem mesmo... para os fãs.
Meu primeiro contato com o mundo dos jogos feitos por pessoas comuns em casas comuns não veio dessa época mais recente, mas sim lá pra 2005 com o fangame Sonic Neo Universe, de 2003. “Mas tio Somari, isso é um jogo do Sonic feito sem autorização da Sega? Isso não é quebra de direitos autorais?” Então... Já vamos falar disso.
O termo “fangame” é exatamente isso: fan game, ou jogos feitos por fãs. No geral são feitos usando franquias já existentes e sem autorização legal (muitos até tentam, mas quase nenhum consegue). O grande barato desses jogos é o fato deles serem, ou bastante criativos, ou simplesmente aquilo que você espera que a empresa faça da franquia. Tá, alguns são bem ruins também, mas enfim.
Minha experiência com fangames é, digamos, de longa data. E sou fã assumido desse estilo, afinal, os jogos feitos por fãs normalmente possuem qualidade maior, já que são feitos por pessoas que sabem o que querem como consumidor (cá entre nós, as empresas hoje em dia dificilmente sabem o que os jogadores querem).
O mais legal de tudo é que os fangames são, em geral, fáceis de fazer. Há vários programas simples por aí que você pode usar para criar um, como o Multimedia Fusion ou o próprio RPG Maker, sem precisar de uma linguagem complexa de programação (muito embora você não vá além do básico, claro).
Ultimamente é difícil ver notícias sobre essa categoria, que pode-se dizer ser o pai dos indies. Mais difíceis que nos idos de 2003-2007 e não me surpreendo por tanta gente não conhecer. Digamos ser a parte mais obscura e underground dos jogos independentes.
Entretanto o maior problema, e que vem piorando ainda mais a situação desse estilo são as empresas, afinal, por mais que os produtores caseiros tenham ideias geniais e façam milagres com jogos, sempre há alguma questão jurídica que atrapalha o projeto, sendo uns dos casos mais famosos Streets of Rage Remake e Sonic Fan Remix, apenas para citar dois. Isso gera uma comoção em massa dos fãs das franquias, que ficam sedentos por novidades por parte das empresas e, quando alguém resolve fazer algo novo, a própria empresa que deveria fazer esse papel destrói esses sonhos, embora isso uma vez na internet, se torna praticamente impossível parar a circulação desses jogos. Esse Streets of Rage é um exemplo disso, após oito anos de produção e depois de colocado para download (e retirado logo em seguida por ordem da Sega), é possível encontrar muitos links espalhados por aí. Já Sonic Fan Remix por outro lado, teve apenas um beta de 3 acts lançado e depois, caiu no limbo.
Mas há as empresas que se aproveitam disso. Megaman Vs Street Fighter foi uma das surpresas lançadas pela Capcom no aniversário de 25 anos do robozinho azul. Entretanto muita gente não sabe que o jogo foi feito por um fã cingapuriano, que logo após foi, digamos, subsidiado pela Capcom para ser lançado usando a marca da empresa. E muitos consideraram um ótimo trabalho por ser (quase) exatamente o que o pessoal vinha pedindo há tempos. Ah, você não sabia que não foi a Capcom quem fez aquele jogo? Pois é, não foi.
E falando nisso, não são poucos os jogos que são sonhados pelos fãs há tempos. Muitos desses tem petições para que as empresas lancem de forma oficial, como Mother 4 ou Chrono Trigger: Crimson Echoes, dois jogos aclamadíssimos, feitos por fãs.
E se engana quem acha que os jogos feitos por fãs são apenas sprites colados num fundo de alguma fase já existente de algum jogo. Tá, é praticamente isso mesmo, mas é feito de um jeito que você nem repara nisso. E vai por mim, vocês vão ter bastante diversão jogando essas coisas.
Ultimamente tenho jogado Psycho Waluigi, que conta a história do Wario Roxo, alterego do Mario Verde, onde um dia acorda e descobre que possui poderes psíquicos e usa isso para se tornar rei do mundo, conquistando cada um dos castelos de cada terra por onde passa. A história pode ser um pouco sem sal, mas no geral o jogo é divertido e muito, muito muito difícil.
Além disso há as “feiras online” de jogos feitos por fãs. A SAGE (Sonic Amateur Games Expo), por exemplo, é uma dessas feiras e reúne uma vez por ano para apresentar jogos e engines criadas por fãs para dos jogos do ouriço azul.
No geral os fangames possuem títulos de qualidade inquestionáveis e de uma variedade extensa. Vale a pena dar uma provadinha neles. E ah! O melhor de tudo!? Eles são grátis! Então, procurem suas franquias favoritas, Vão Jogar! e divirtam-se
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